Mulheres que brilham: conheça Dinha Melo, a bailarina dos ossos de cristal

03/03/2023 09h51


Fonte ClubeNews

Praticar balé ou qualquer outra modalidade de dança exige força, resistência física e ossos fortes, características que poderiam limitar a assessora de comunicação Dinha Melo. Cadeirante e portadora da osteogênese imperfeita – também conhecida como doença dos ossos de vidro -, era pouco provável que ela pudesse dançar.

Mas ela desafiou as probabilidades e foi em busca desse sonho, mesmo após quebrar mais de 50 ossos ao longo de sua vida.

Nesta série de matérias em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, o Portal ClubeNews vai apresentar a história da jornalista e bailarina Dinha Melo, a “bailarina dos ossos de cristal”.

DANÇA EFICIENTE

O início no mundo artístico começou há cerca de nove anos, quando Dinha estava prestes a se formar em Jornalismo. Durante a produção do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), descobriu o Projeto Dança Eficiente, quando conheceu o produtor cultural e bailarino Luís Carlos Vale.

Luís Carlos convidou a jornalista para fazer parte do grupo de bailarinas cadeirante e, em 2016, ela fez sua primeira apresentação, no espetáculo “A Minha Maneira”.

Desde então, não parou mais de dançar e ganhou vários prêmios pelo seu talento. Praticar a modalidade artística promoveu uma reviravolta em sua vida.

“Por meio da dança, eu me liberto do sentimento de que não consigo fazer algo, independente da minha deficiência”,
disse.

Aos 35 anos, Dinha transforma a deficiência em inspiração. Além de tudo isso, ela também é bacharelanda em Direito e coordena um espaço de dança no Centro da cidade. A bailarina acredita que dançar fez ela acreditar em si.

“Dançar mudou minha vida de uma forma mágica, pois saí da faculdade e já tive meu primeiro emprego, desenvolvi meus potenciais e conquistei a independência financeira”,
relatou.

PRECONCEITO

A discriminação se manifesta de várias maneiras desde a infância da bailarina. Nem sempre por palavras e ações. Às vezes, basta um olhar diferente para notar o preconceito das pessoas.

Além de mulher e cadeirante, Dinha é negra. Mas todas as situações preconceituosas deixaram a jornalista mais forte e resiliente.

“Muita gente olha com pena, como se eu não conseguisse fazer nada. Alguns usam até o termo ‘aleijada’, sem saber o quanto isso machuca as pessoas cadeirantes. Só que eu nunca deixei nada me abalar. Pelo contrário, isso me fortaleceu”,
relatou.
Imagem: Ana CândidaDinha Melo dança com cadeira de rodas.(Imagem:Ana Cândida)Dinha Melo dança com cadeira de rodas.

SER MULHER

O mundo artístico transformou a cadeirante envergonhada em uma mulher inspiradora e destemida. Dinha relata que não consegue mais ficar afastada dos palcos.

“Dançar me tornou uma nova pessoa. Vejo que não sou mais a Dinha de 9 anos atrás. Eu me tornei uma mulher mais consciente, mais forte e sensitiva”,
declarou.

O palco da vida, Dinha é a estrela do show. E, como toda estrela, ela deixa seu brilho contagiar quem a vê. A bailarina tem orgulho da mulher que se tornou.

“Se eu tivesse de escolher entre nascer homem ou mulher, nasceria novamente mulher. Porque, às pessoas ao meu redor, sou sinônimo de força, por ser cadeirante e não me tornar vítima da minha deficiência”,
finalizou.


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