Nando Reis tem exposta grandiosidade da obra em álbum feito com sinfônica sob a batuta de Isaac Kara

25/02/2022 15h05


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoNando Reis tem exposta grandiosidade da obra em álbum feito com sinfônica(Imagem:Divulgação)Nando Reis tem exposta grandiosidade da obra em álbum feito com sinfônica

Quarenta anos após ter ingressado na banda Titãs, em 1982, Nando Reis já está estabelecido como um dos grandes compositores brasileiros da geração pop projetada ao longo da década de 1980. Um compositor que cresceu e que tem se mantido inspirado ao longo desses 40 anos.

A grandiosidade da obra do cantor, compositor e músico paulistano está reiterada no álbum Orquestra Petrobras Sinfônica Nando Reis, lançado pelo selo Relicário nesta sexta-feira, 25 de fevereiro, com registros de oito dos 13 números dos concertos feitos pelo artista com a sinfônica da Petrobras, em apresentação em outubro de 2017 e em turnê por seis capitais do Brasil em janeiro de 2019, sob a regência do maestro paulistano Isaac Karabtchevsky.

Abordagens sinfônicas de cancioneiros da MPB, do pop e do rock já são recorrentes no mercado fonográfico nacional. A própria orquestra da Petrobras tem feito incursões regulares por territórios da canção popular em concertos com astros da música brasileira em trajetória que completa 50 anos neste ano de 2022.

Ainda assim, a beleza do disco da sinfônica carioca com Nando Reis salta aos ouvidos ao longo do álbum em que oito canções da lavra solitária do artista são enquadradas na moldura sinfônica. O compositor é dono de obra sólida que se escora em melodias sedutoras que servem tanto ao formato minimalista da voz e do violão – molde que evidencia o valor real de uma canção – como se ajustam ao aparato sinfônico de grandes orquestras.

As melodias das oito músicas do disco tiveram as arquiteturas preservadas na abordagem da sinfônica da Petrobrás. Contudo, o que poderia resultar banal soa encantador. A pulsação crescente de Os cegos do castelo (1997) prepara a explosão épica do refrão da canção e justifica o lugar na abertura do álbum. Introduzida por violão, Luz dos olhos (1996) vai se iluminando aos poucos com a entrada da orquestra.

Baladas apaixonadas que reiteram a vocação romântica do cancioneiro deste compositor que se mostrou com o tempo um herdeiro de tradições do rei Roberto Carlos, Pra você guardei o amor (2009), Sei (2012) e Só posso dizer (2016) exemplificam o êxito da opção de expor o canto de Nando em primeiro plano, sem jamais deixar abafada a voz do artista diante da suntuosidade dos arranjos.

A pompa natural dos arranjos tampouco encobre a delicadeza embutida nos versos de All star (2000), canção feita por Nando para a musa inspiradora Cássia Eller (1962 – 2001), cantora fundamental para que fossem abertos caminhos e ouvidos para a obra solo do compositor a partir de 1999.

Repleto de nuances, o arranjo de All star sobressai na amostra fonográfica dos concertos de Nando com a sinfônica da Petrobrás. Essa delicadeza fica ainda mais exposta em Espatódea (2006), roçando a área do sublime.

Música de pegada mais pop, vocacionada para os arremates festivos de shows do cantor, Por onde andei (2004) tem desnudada a natureza de canção romântica (com algumas mudanças de pulsação no intrincado arranjo da faixa) no fecho deste disco grandioso – em todos os sentidos – que eterniza o encontro de Nando Reis com a Orquestra Petrobras Sinfônica sob a batuta segura de Isaac Karabtchevsky.

Tópicos: orquestra, compositor, nando