Obra autoral de Erasmo Carlos é diversa e transcende a parceria fundamental com Roberto Carlos
24/11/2022 14h40Fonte G1
É natural que o nome de Erasmo Carlos (5 de junho de 1941 – 22 de novembro de 2022) seja imediatamente associado ao de Roberto Carlos quando o assunto é o cancioneiro autoral do artista carioca morto na manhã de ontem, aos 81 anos, em hospital da cidade natal do Rio de Janeiro (RJ), vítima de paniculite complicada por sepse de origem cutânea.
Afinal, a parceria fundamental de Erasmo com Roberto totaliza mais de 500 músicas que formam a trilha sonora do Brasil, sobretudo de quem viveu no país na metade do século XX. Contudo, a obra autoral de Erasmo Carlos é diversa e transcende o cancioneiro assinado com Roberto.
A expansão da obra do Tremendão se deu sobretudo a partir do século XXI, quando Roberto passou a compor bem menos, por questões particulares, fazendo com que Erasmo se sentisse livre para abrir parcerias com outros compositores.
O marco dessa renovação é o álbum Pra falar de amor (2001), disco que reposicionou Erasmo no mercado – após década de baixa produtividade fonográfica – e que gerou parceria do compositor com Carlinhos Brown e Marisa Monte, coautores da canção Mais um na multidão.
Desde então, Erasmo retomou a regularidade da produção fonográfica, tendo lançado sucessivos álbuns com músicas inéditas. Se o compositor assinou sozinho as 12 músicas do álbum Santa música (2003), título menos imponente na discografia do artista, o posterior Rockn roll (2009) foi marcado pela abertura de parcerias com Nando Reis, Nelson Motta e Chico Amaral, além de Liminha, produtor desse disco que revigorou a obra de Erasmo.
Em Sexo (2011), Adriana Calcanhotto e Arnaldo Antunes entraram no time de parceiros de Erasmo. Arnaldo reapareceu nos créditos de Gigante gentil (2014), álbum que apresentou a primeira e única parceria de Erasmo com Caetano Veloso, Sentimentos complicados.
Por fim, no grandioso e humanista ...Amor é isso (2018), álbum feito sob direção artística de Marcus Preto, Erasmo apresentou músicas feitas com Emicida e Samuel Rosa, além de ter ampliado as parcerias com Adriana Calnhotto, Arnaldo Antunes e Marisa Monte.
Embora os álbuns recentes sejam menos conhecidos pelo chamado grande público, esses discos merecem ser escutados com atenção porque atestam que Erasmo Carlos continuou fazendo boa música quando, por força das circunstâncias da vida, a parceria com Roberto Carlos foi naturalmente desativada.
As canções com Roberto sobressaem naturalmente no inventário da obra do Tremendão, para sempre associado à rocks juvenis como Festa de arromba (1965) e baladas do porte de Sentado à beira do caminho (1969), mas o Gigante gentil foi ainda maior do que essa parceria luminosa aberta em 1963 com o amigo de fé e irmão camarada.
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