Olhar obras de arte em museus é suficiente para causar emoções

23/01/2020 11h15


Fonte Revista Galileu

Imagem: Reprodução/unibas"Les masques intrigues" (1930), do pintor belga James Ensor. Das seis pinturas do experimento, essa foi a que provocou a mais forte experiência estética

Se você é daquelas pessoas que, no museu, tenta ler todas as informações referentes aos quadros, que tal se deixar admirar pelo que você está vendo? Segundo um novo estudo da Universidade da Basileia, na Suíça, as informações sobre uma obra não afetam a experiência dos visitantes de um museu – as características estéticas são muito mais marcantes.

“Os visitantes de museus não precisam necessariamente de informações para se sentirem satisfeitos depois de visitar uma exposição. A arte pode falar por si mesma”, diz o professor Jens Gaab.

A equipe, liderada pelos psicólogos Jens Gaab e Klaus Opwis, examinou de que maneira vários tipos de informações contextuais afetam a experiência dos visitantes de exposições. O estudo, publicado na revista Psychology of Aesthetics, Creativity and the Arts, envolveu 75 participantes, que visitaram a exposição "Future Present", no Museu Schaulager, em Münchenstein.

Primeiro, os voluntários viram seis pinturas de vários artistas da era do expressionismo flamengo. Depois, foram aleatoriamente designados em dois grupos: um deles recebeu poucas informações descritivas sobre os quadros e o outro recebeu informações aprofundadas, como se fossem uma interpretação dos trabalhos.

Por fim, os participantes avaliaram a intensidade de sua experiência estética em um questionário. Os pesquisadores também mediram as emoções e reações físicas enquanto as pessoas observavam as obras de arte. Para isso, avaliaram frequência cardíaca e a capacidade da pele de conduzir energia.

Ao contrário do que os cientistas esperavam, as descrições detalhadas não tiveram um efeito mais forte sobre os processos cognitivos e a experiência estética do que as informações simples. Os resultados mostraram, na verdade, que nenhuma informação influenciou a experiência dos visitantes. Não houve diferenças entre os dois grupos, seja pela avaliação subjetiva, seja pelas reações físicas.

O que influenciou mesmo na experiência dos visitantes foram propriedades das obras de arte em si. As reações físicas, inclusive a frequência cardíaca, foram mais fortes do que antes dos participantes entrarem no museu e diferiram significativamente dependendo da pintura.

Segundo o estudo, a tela que produziu mais reações foi "Les masques intrigués", de James Ensor, criada em 1930. “As obras de arte de Ensor geralmente parecem bizarras ou absurdas; esse modo de expressão específico pode ser o que levou os espectadores a fornecer avaliações mais extremas”, explica uma das autoras do estudo, Luisa Krauss.

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Tópicos: museu, obras, visitantes