PatrÃcia Mellodi e Alexandre Rabello participam de disco dedicado à obra de Jorge Salomão
13/08/2021 14h18Fonte cidadeverde.com
Imagem: DivulgaçãoPatrícia Mellodi e Alexandre Rabello participam de disco dedicado à obra de Jorge Salomão
O poeta, compositor e agitador cultural, Jorge Salomão sempre foi um furação por onde passou. Ano passado, ele nos deixou aos 73 anos, e artistas participam de projeto todo dedicado a ele, que é irmão de Waly Salomão. Patrícia Mellodi e Alexandre Rabello, dois piauienses que conviveram com Jorge, integram o álbum que será lançado hoje (13) nas plataformas digitais.
Em 2016, Jorge Salomão esteve em Teresina para participar de um sarau em homenagem aos seus 70 anos.
A vida de Jorge Salomão (1946-2020) foi uma verdadeira experiência artística. De Jequié, interior da Bahia, mudou-se ainda jovem para a capital fluminense, onde trabalhou com nomes de destaque das diferentes artes. De Hélio Oiticica e Torquato Neto, a Caetano Veloso e Gal Costa, entre outros. Dirigiu o show de Luiz Gonzaga que aproximou o rei do baião a novos públicos, foi inspiração de Gilberto Gil para compor “Jeca Total” e após iniciar sua trajetória como diretor teatral, se tornaria letrista de música popular e autor de livros de poesia. Faltava reunir algumas dessas canções em um álbum. Essa lacuna agora está preenchida. Neste mês o Selo Sesc lança “Poéticas”, primeiro disco todo dedicado à obra de Jorge Salomão.
Ao todo são 15 músicas de diversas fases da vida do poeta e letrista – morto em 7 de março do ano passado, aos 73 anos, pouco depois da conclusão das gravações. Desde hits como “Noite” e “Pseudoblues”, ambas de 1987, até canções inéditas gravadas para o álbum, como “Todas as manhãs”, em parceria e voz de Frejat, e “Aquela estrada”, escrita com Alexandre Rabello e interpretação de Zélia Duncan.
O álbum completo estará disponível nos principais players de streaming a partir de 13 de agosto. Nas palavras de Danilo Miranda, diretor regional do Sesc São Paulo, o trabalho revela ao público “uma presença solar, apaixonada, explosiva. Uma chama que não se apaga. É o que sentimos ao ouvir este disco, síntese de Jorge Salomão por ele mesmo: na escolha das canções, na seleção dos músicos e intérpretes, na presença de corpo e alma em todo o processo artístico.”
Gravado entre 2019 e início de 2020 sob o olhar cuidadoso de Salomão, que acompanhou todo o processo de registro de sua obra musical, “Poéticas” têm a participação de 13 cantores e cantoras de diferentes gerações. Uma mescla de artistas consagrados, destaques da cena brasileira e novos nomes, criando uma obra em que Frejat, Zélia Duncan, Zeca Baleiro, Wanderléa, Áurea Martins, Mônica Salmaso, Jussara Silveira, Khrystal, Patrícia Mellodi, Renato Braz, convivem com Almério, Chico Chico e Dani Black.
“Os intérpretes foram pensados por Jorge e por mim, sempre irmanados nessa perspectiva de que a canção pede seus intérpretes e, por outro lado, que os intérpretes convidados também pudessem ter a opção da escolha, do encontro” , coloca Luiz Nogueira, diretor artístico do disco.
Jorge Salomão, ao longo de sua vida, transitou pelas artes: foi diretor teatral, performer, ator, iluminador, letrista, poeta. Mas, contrariando as convenções, preferia ser chamado de malabarista. Para o jornalista Claudio Leal, amigo de Jorge e idealizador do projeto, o disco reproduz, nessa escolha de intérpretes, o espírito plural e aglutinar do letrista, colocando lado a lado artistas diversos em seus percursos e suas gerações. “Esse conjunto de vozes dão unidade poética à sua obra dispersa em discos de seus intérpretes e parceiros. Sua obra ganha a dimensão musical que ele sempre ambicionou”, afirma.
Com direção e produção musical de Mario Gil, além de “Pseudoblues” e “Sudoeste”, singles lançados em julho, o cancioneiro ainda traz a balada “Noite”, “Comendo vidro”, “Do sertão ao mar”, “Anjo”, “Só quero cantar”, “É tudo ficção”, “Fúria e folia”, “Política voz”, “Vários em um”. E as inéditas: “Aquela Estrada”, “Olhos fechados” e “Todas as manhãs”. Ainda há uma faixa declamada pelo próprio Salomão, “Poéticas”.
Mario Gil conta que procurou fazer com que o disco trafegasse por várias vertentes. “Eu entendo a música do Jorge como multifacetada”, lembra o diretor. Nesse sentido, para chegar ao resultado desejado chamou dois outros músicos para dividirem os arranjos, Webster Santos e Cezinha Oliveira. Essas visões diferentes trouxeram o “colorido” desejado por Salomão.
Na sua concepção musical procurou dar mais espaço aos cantores, escapando apenas da roupagem do pop rock. Luiz Nogueira acredita que essa forma de conduzir o trabalho permitiu realçar o valor musical e poético de Jorge Salmoão. “O disco tem como objetivo atualizar as canções para o nosso tempo, com arranjos, direção musical, intérpretes e músicos para que o legado do poeta possa ser apresentado esteticamente a essa e às futuras gerações”, completa Nogueira.
O disco ainda reúne um time de grandes músicos como Sizão Machado (baixo elétrico); Guilherme Ribeiro (sanfona e piano); Daniel Allain (Flauta); Guello (Percussão); Marcelo Mariano (baixo elétrico); Edu Ribeiro (bateria); Vana Bock (cello); Daniel Alcântara (Trompete e Flugel). Mario Gil, além de diretor e produtor, tocou violão; Webster Santos esteve presente na guitarra e slides; e Cezinha Oliveira contribuiu com violão e baixo elétrico. A produção é de Guto Ruocco, da Circus Produções.
Jorge Salomão
Poeta, letrista, diretor de teatro, performer, Jorge Salomão nasceu no interior da Bahia, em 1946. Estudou Ciências Sociais e Teatro em Salvador e, entre 1967 e 1969, também dirigiu peças como "O macaco da vizinha", de Joaquim Manuel de Macedo, "A boa alma de Setchuan", de Bertolt Brecht, e alguns shows.
Em 1969, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde sua presença foi marcante na cena cultural da cidade. Trabalhou na revista "Navilouca", criada por Waly Salomão, seu irmão, e Torquato Neto. Dirigiu o show “Luiz Gonzaga Volta Pra Curtir”, em 1972, que apresentou o músico pernambucano as novas gerações. Também produziu capas de discos e publicou os livros Mosaical (1996), O olho do tempo (1997), Campo da Amerika (1998), Sonoro (1999), Alguns poemas e + alguns (2016) e 7 em 1 (2020).
Como letrista, conquistou alguns grandes sucessos com algumas canções como “Noite”, na voz de Zizi Possi, e “Pseudoblues”, com Marina Lima. Foi parceiro de Frejat, Adriana Calcanhoto, Nico Rezende, entre outros.
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