Prêmio a Djavan pelo conjunto da obra corrobora força perene da música de compositor requintado e po

26/08/2021 16h57


Fonte G1

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarPrêmio a Djavan pelo conjunto da obra corrobora força perene da música de compositor requintado(Imagem:Divulgação)Prêmio a Djavan pelo conjunto da obra corrobora força perene da música de compositor requintado

ANÁLISE – É justo e merecido que a União Brasileira de Compositores (UBC) tenha escolhido Djavan para ser o homenageado da quinta edição do Prêmio do Compositor Brasileiro em cerimônia que será transmitida ao vivo em 7 de outubro pelo canal da instituição no YouTube.

O Prêmio UBC – como é mais conhecido – laureia compositores pelo conjunto da obra autoral. E poucos compositores no Brasil têm obra de assinatura tão original e requintada como Djavan.

Cantor, compositor e músico alagoano que entrou em cena na primeira metade da década de 1970, na cidade do Rio de Janeiro (RJ), Djavan é filho temporão da geração da MPB que surgiu ao longo dos anos 1960.

Nada mais justo que se junte a uma lista de contemplados que já inclui os compositores Gilberto Gil (2017), Erasmo Carlos (2018), Milton Nascimento (2019) e Herbert Vianna (2020) – este, por ora, o único homenageado revelado na década de 1980 e sem grandes vínculos com a MPB.

Projetado nacionalmente quando defendeu o samba autoral Fato consumado (1975) no festival Abertura, exibido pela TV Globo em 1975 com a intenção de reviver a era dos festivais, Djavan logo se impôs como compositor pela habilidade em transitar por samba e por gêneros musicais nordestinos com suingue singular que sempre deixou entrever influências do jazz, do blues e dos sons da África.

Pautada por harmonias sofisticadas, a obra de Djavan sempre segue por inusitados caminhos melódicos sem deixar de fazer saltar veia popular que garantiu ao artista um lugar entre os compositores mais cantados do Brasil.

Chega a ser paradoxal que obra tão requintada tenha se tornado uma das trilhas sonoras preferenciais dos barzinhos e das rodinhas de violão. Mas assim tem sido e assim será.

Talvez porque seja impossível resistir a cadência de sambas como Flor de lis (1976) e à levada pop de músicas como Samurai (1982), Sina (1982), Lilás (1984) e Eu te devoro (1998). Sem falar nas baladas arrasadoras do compositor. Meu bem querer (1980), Faltando um pedaço (1981), Pétala (1982), Topázio (1986) e Oceano (1989) – para citar somente algumas entre muitas outras – aceleram as batidas de corações apaixonados com versos sempre inesperados e melodias incomparáveis.

Por ter construído obra matricial no universo da MPB, já tendo registrado 303 composições em quase 50 anos de carreira, Djavan é influência explícita de compositores como Jorge Vercillo. Mas Djavan é único. É grande compositor dono de obra frequentemente abordada pelas maiores cantoras da MPB. Obra que vem atravessando gerações, tendo chegado até o público do Melim, trio que lançou em junho álbum somente com gravações de músicas de Djavan, Deixa vir do coração (2021).

Nem todo mundo sabe cantar Djavan como se deve. Mas quase todo mundo canta as músicas de Djavan em discos, shows, rodas, bares e lares do Brasil.

Esse atestado de popularidade é o maior prêmio que um compositor pode receber em vida. Nesse sentido, o prêmio da UBC somente corrobora o que o Brasil e parte do mundo já sabem: Djavan Caetano Viana é um dos maiores compositores de todos os tempos, criador de música tão requintada quanto popular, de força que já se mostrou perene, imune aos efeitos corrosivos do tempo.

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Tópicos: obra, djavan, compositores