Roberto Carlos tem obra analisada sob perspectiva sociológica no livro "A simplicidade de um rei"
10/01/2022 16h32Fonte G1
Festejados em 19 de abril de 2021, os 80 anos de nascimento de Roberto Carlos motivaram edições de livros sobre o cantor mais popular do Brasil ao longo do ano passado.
Em abril, mês do aniversário do artista, chegaram ao mercado editorial Querem acabar comigo – Da Jovem Guarda ao trono, a trajetória de Roberto Carlos na visão da crítica musical – livro em que Tito Guedes historia a recepção e a percepção da obra do cantor na visão dos jornalistas da década de 1960 aos anos 2010 – e a biografia Roberto Carlos – Por isso essa voz tamanha, escrita por Jotabê Medeiros.
Em dezembro, foi a vez do monumental primeiro volume de Roberto Carlos outra vez – 1941 – 1970, parte inicial da (nova) biografia em que Paulo Cesar de Araújo reconta a vida do artista com ênfase em detalhes sobre as gravações realizadas pelo cantor a partir de 1959.
Ainda em dezembro, no dia 27, quase ao apagar das luzes de 2021, um quarto livro sobre Roberto Carlos chegou às livrarias via Paco Editorial.
Escrito pelo sociólogo e pesquisador Marcos Henrique da Silva Amaral, o livro A simplicidade de um rei – Trânsitos de Roberto Carlos em meio à cultura popular de massa analisa o impacto da obra do artista no Brasil sob perspectiva sociológica com texto escrito sob os cânones da linguagem acadêmica. Até porque o livro descende da homônima dissertação de mestrado defendida pelo autor em 2012.
Se todo menino é um rei, como sentencia o título de samba dos anos 1970, Marcos Henrique da Silva Amaral disserta no livro sobre a transformação do menino Roberto – apelidado Zunga na infância vivida na cidade natal de Cachoeiro de Itapemirim (ES) – no rei da canção popular brasileira.
O título do livro reproduz o nome do samba-enredo com o qual a escola de samba Beija-Flor de Nilópolis celebrou a vida e obra de Roberto Carlos no Carnaval carioca de 2011. Na época do desfile, Amaral já levantava dados para a pesquisa que embasou a tese de mestrado ora perpetuada em livro caracterizado pelo autor como “sociobiografia”.
Ao longo de 308 páginas, Amaral expõe o conceito de cultura popular de massa e discute as tênues fronteiras entre a MPB e a música dita brega. Na tese do livro, o autor defende que o processo de construção e consolidação da figura mítica de Roberto Carlos coincide com a industrialização da cultura de massa no Brasil através da expansão da TV, do cinema e do mercado fonográfico.
Repleta de citações e gráficos, por seguir o modelo das dissertações acadêmicas, a narrativa do livro A simplicidade um rei procura explicar a obra de Roberto Carlos para público elitizado que, em maior ou menor grau, sempre minimizou a entronização do cantor no reino da música popular do Brasil a partir de 1965.
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