Vida de Nara Leão é recontada com fluência em outra biografia da artista

04/02/2021 18h35


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarPara conhecedores da vida e obra de Nara Lofego Leão (19 de janeiro de 1942 ? 7 de junho de 1989), a foto de Frederico Mendes exposta na capa da mais recente biografia dessa cantor(Imagem:Reprodução)
 Para conhecedores da vida e obra de Nara Lofego Leão (19 de janeiro de 1942 – 7 de junho de 1989), a foto de Frederico Mendes exposta na capa da mais recente biografia dessa cantora de origem capixaba e vivência carioca – Ninguém pode com Nara Leão, lançada em 25 de janeiro pela editora Planeta – soa familiar e dá ar déjà-vu ao livro escrito pelo jornalista carioca Tom Cardoso.

Trata-se da foto também exposta na capa do 17º álbum da artista para o mercado brasileiro, Romance popular, editado em 1981 com repertório direcionado para músicas de compositores nordestinos.

De certa forma, a capa do livro dá o tom da biografia, cujo titulo Ninguém pode com Nara Leão reproduz sentença proferida pelo cineasta Glauber Rocha (1939 – 1981) em carta endereçada do exílio ao também cineasta Cacá Diegues, então marido de Nara.

Com texto fluente, mérito maior da narrativa, Tom Cardoso reconta história já narrada pelo pioneiro Sérgio Cabral em Nara Leão – Uma biografia (2001), por Cássio Cavalcante em Nara Leão – A musa dos trópicos (2014) e, em tom mais acadêmico, por Daniel Lopes Saraiva em Nara Leão – Trajetória, engajamento e movimentos musicais (2018) – com a ressalva de que os dois últimos livros nunca tiveram na mídia a exposição já alcançada pelo livro de Tom Cardoso antes mesmo do lançamento.

Feitas todas as ressalvas, ouvintes de última hora de Nara Leão têm motivos para se enredar na narrativa de Cardoso. Não somente pela já mencionada fluência do texto, entrave para muitos biógrafos, mas porque o suprassumo da história de Nara Leão está lá nas 224 páginas do livro, editado com caderno de fotos de 16 páginas adicionais.

E, se a história prende, é porque a vida de Nara Leão daria um filme por ter sido coisa de cinema. A propósito, é surpreendente que, até o momento, nunca se tenha produzido documentário ou longa-metragem de ficção sobre a vida dessa mulher tão tímida quanto destemida.

Uma menina encabulada, ofuscada na infância e na adolescência pela autoridade do pai Jairo Leão (morto em 1983, por suicídio) e pela beleza e sedução da irmã mais velha, Danuza Leão, mas que desabrochou e ganhou luz própria quando se lançou como cantora, obtendo relevância inimaginável para quem desconhecia o alcance da voz que soava pequena nos discos, mas que se agigantou pela postura combatente e antenada de Nara.

Sim, Nara foi leoa que descartou rótulos e enfrentou generais e marechais do exército nos opressivos anos 1960 – “armada com uma flor e uma canção”, como poetizou em versos Ferreira Gullar (1930 – 2016), uma das paixões da cantora – enquanto, com olhos de farol, iluminou em discos visionários as obras de compositores então debutantes como um tal de Chico Buarque.


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Tópicos: cantora, capa, biografia