Zé Manoel se eleva ao recontar história do povo negro no álbum Do meu coração nu
28/10/2020 18h33Fonte G1
Imagem: Reprodução
Em junho deste ano de 2020, Zé Manoel apresentou História antiga, primeiro single de álbum então intitulado Meu coração escuta e dita em silêncio. Nessa grandiosa composição da refinada lavra do artista, o cantor, compositor e pianista pernambucano – nascido em 1980 em Petrolina (PE) – recontou, com dor no peito, narrativa ancestral, genocida, que vem ceifando vidas negras ao longo de séculos de escravidão e injustiça social.No álbum lançado na segunda-feira, 26 de outubro, com o título já trocado para Do meu coração nu, Zé Manoel desenterra tesouros ancestrais, se despe dos pré-conceitos brancos e reconstrói essa narrativa social, oferecendo o posto de vista negro da história.
O álbum Do meu coração nu bate no pulso da ancestralidade africana, mas no compasso próprio deste artista que transita pelo universo musical erudito com a mesma naturalidade com que finca notas no fértil solo afro-brasileiro.
Pianista de mão cheia, de toque tão sucinto quanto preciso, já comumente arregimentado para discos de exigentes cantoras como Adriana Calcanhotto e Maria Bethânia (que o chamou para o álbum que apronta desde setembro com os toques de músicos como o também gigante violonista João Camarero), Zé Manoel se eleva – inclusive – como compositor em Do meu coração nu.
História antiga, que já se insinuou grande em junho, fica ainda maior no contexto social e musical do álbum produzido pelo baixista baiano Luisão Pereira e lançado pela gravadora Joia Moderna em edição digital (distribuída via ONErpm) e edição em CD (fabricada em parceria com o selo Passa Disco, da homônima loja de discos do Recife).
Não fosse a (boa) música, o disco já estaria legitimado somente pela reconstrução – em 11 faixas que encadeiam músicas e falas – do enredo da história do povo negro, evocativa da ancestralidade africana, como reforçam os versos em francês de Notre histoire, parceria de Zé Manoel com o compositor e baterista Stephane San Juan bafejada pelos sopros arranjados por Alberto Continentino.
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