Zeca Veloso sopra o fole com versos inéditos no single que dá a primeira amostra do disco autoral do
03/05/2022 11h00Fonte G1
Imagem: Reprodução Quando Zeca Veloso começou a trabalhar em 2021 no álbum autoral que lançará neste ano de 2022, o artista sentiu que a letra de O sopro do fole (2021) – inspirada música de autoria do artista carioca, apresentada na voz de Maria Bethânia, tia de Zeca, em gravação do álbum Noturno (2021) – precisava de uma segunda parte.Escrita com alusões a símbolos e signos do grande sertão nordestino, a inédita segunda parte da letra de O sopro do fole também faz referências a outras músicas do primeiro álbum de Zeca e, dentro do coco do artista, embute homenagens tanto ao jovem João Gomes – cantor e compositor pernambucano de piseiro que alcançou grande projeção em 2021 – quanto ao imortal Luiz Gonzaga (1912 – 1989), pilar da música da região.
Na gravação que Zeca Veloso lançará em single programado para sexta-feira, 6 de maio, o toque da viola de arco cita na faixa a melodia do verso inicial – “O meu cabelo já começa prateando” – da música Hora do adeus (1967), parceria de Gonzaga com Onildo Almeida lançada há 55 anos pelo Rei do Baião. Gonzaga também é citado no cantado verso final – “É a festa da volta do rei” – da segunda parte da letra da composição de Zeca.
O single O sopro do fole apresenta, claro, a letra já acrescida dessa inédita segunda parte. “O sopro do fole é sobre o sertanejo na cidade grande. Eu acho que a maior inspiração para essa música foi minha tia Bethânia, as canções sertanejas e caipiras que ela canta. Para minha alegria, ela gravou antes de mim, antes de eu conseguir fazer uma segunda parte da letra, que eu já queria (fazer), mas não achava que era possível. Consegui, finalmente, e foi a primeira faixa do meu disco a ser gravada”, relata Zeca Veloso.
De contrato assinado com a gravadora Sony Music, Zeca Veloso se prepara para lançar o primeiro álbum cinco anos após ter sobressaído no show Ofertório (2017) – no qual o cantor dividiu o palco com o pai Caetano Veloso e os irmãos Moreno Veloso e Tom Veloso – ao dar voz em falsete à canção autoral Todo homem (2017).
De lá para cá, o cantor já lançou um primeiro single solo em janeiro, A rota do indivíduo (Ferrugem), com gravação da canção de Djavan e Orlando Morais lançada em 1991 e revisitada por Zeca em 2022 com produção musical orquestrada pelo artista com as colaborações de Antonio Pedro Ferraz, Pepe Monnerat e Thiago Amud.
Contudo, a canção A rota do indivíduo desde sempre ficou fora do repertório do álbum de Zeca Veloso até por se desviar do trilho autoral do artista.
Eis a letra de O sopro do fole já com a segunda parte adicionada por Zeca Veloso após a gravação por Maria Bethânia:
O sopro do fole
(Zeca Veloso)
“Moço, esse vento que ali
Tirou meu chapeu, balançou meu cordão
É o sopro do fole de festa que aqui
Chegou do sertão
É nota tão clara bem na minha mão
Apertando os baixo do meu coração
É tudo que eu deixo pra trás sem mais não
No seco do chão
Eu
Sou passarinho sem casa
Mexendo a asa
Eu vivo no mundo mas não sou daqui
Pinga um pouco de água
Quando não consigo mais voar
Passa o trabaio e a boiada
É pousar na viola e tocar um modão
Não me diga que não gosta não
Moço, esse vento que aqui
Beijou meu cavalo na beira do mar
É o canto-seresta de quem já passou
E tá pra voltar
É o sopro que acende a máquina do Rio
Que vem lá do fundo do nosso Brasil
Quem viu, quem cantou, quem chorou, quem sorriu
Falou e subiu
Ê
É ferro, é fogo, é pisada
Ê, vaquejada
Ô, boa-nova, notícia-clarão
Eu já tenho em minha mão a senha, a cela e o esporão
O alazão a esperar o sertão virar mar
O mar acender em fogo então
É o fim, é o início, eu cantei
É a festa da volta do rei”
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