"Copa da Educação": Brasil seria eliminado na 1ª fase após levar "surra" da Suíça e perder da Sérvia

02/12/2022 10h30


Fonte G1

Imagem: Arte/g1Brasil ficaria de fora das oitavas de final na Brasil ficaria de fora das oitavas de final na "Copa da Educação"

Na Copa do Mundo, o Brasil garantiu, com uma rodada de antecipação, vaga nas oitavas de final. Mas, se você trocar "futebol" por "educação", a história muda (e para pior): a seleção seria eliminada ainda na primeira fase. Considerando os quatro times de Grupo G, ficaríamos atrás da Sérvia e da Suíça (neste último caso, possivelmente, com direito a um novo 7 a 1) e superaríamos somente Camarões.

Para elaborar essa tabela, o g1 levou em conta pesquisas e índices internacionais sobre remuneração de professores, desempenho dos alunos em avaliações oficiais, porcentagem de crianças e jovens matriculados em escolas e expectativa de anos de estudo.

Entenda abaixo por que o “esquema tático” brasileiro nos levaria apenas ao 3º lugar na nossa chave, na “Copa da Educação”.

Qualidade de vida dos alunos: Suíça é campeã com folga

Considerando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que mede a qualidade de vida da população a partir de taxas de alfabetização, de matrícula, de longevidade e de renda, a Suíça seria campeã sem basicamente precisar entrar em campo: ela é líder mundial nesse quesito, com 0,982 (quanto mais perto de 1, melhor o IDH).
Imagem: Arte/g1  Em Camarões, alunos estudam em média por 6,2 anos. Ideal é média por volta de 12 anos.(Imagem:Arte/g1 ) Em Camarões, alunos estudam em média por 6,2 anos. Ideal é média por volta de 12 anos.

Os camaroneses, em 151º lugar no ranking mundial, ficariam na lanterna da nossa chave, com um desempenho apontado como “trágico” por Leonardo Paz, pesquisador do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

“Fatores sociais como mortalidade infantil, saneamento básico, fome e desnutrição impedem que as crianças tenham acesso à educação. É um país rural: elas acabam indo para a lavoura”, afirma.

Paz acrescenta ainda que os camaroneses têm “uma dinâmica perversa” de exigir que os alunos do ensino primário paguem pelos livros e uniformes, mesmo na rede pública.

Já a Sérvia, embora enfrente um quadro preocupante de desigualdade (só 9% dos alunos pobres de 3 a 5 anos estão na escola, versus 82% dos ricos), parte de um ponto muito superior ao do Brasil. "Quando fazem reformas para melhorar os índices de desempenho, têm como parâmetro o padrão europeu, não o nosso”, explica Paz.

Desempenho dos alunos: Brasil leva “goleada” em matemática

Na edição mais recente (2018) do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), que avalia o desempenho escolar de alunos de 15 anos de 79 países, 68% dos brasileiros que fizeram a prova não seriam "escalados" para a "Copa da Educação": não atingiram nem o patamar básico de conhecimentos em matemática.
Imagem: Arte/g1  No Brasil, mais de 60% dos alunos de 15 anos tiveram o desempenho mínimo em matemática no Pisa.(Imagem: Arte/g1 ) No Brasil, mais de 60% dos alunos de 15 anos tiveram o desempenho mínimo em matemática no Pisa.

Na Suíça, esse índice é de 16,8%, e na Sérvia, de 39,7%.

Em Camarões, país que não participa do Pisa, não há dados recentes sobre aprendizagem. Mas, para se ter uma ideia das dificuldades enfrentadas pelo país, a Unesco mostra que, em 2022, mais de 1,5 milhão de crianças necessitavam de um suporte educacional por terem sofrido com a violência, os deslocamentos forçados, os ataques às escolas e a má administração do governo.

Além disso, na região que faz fronteira com a Nigéria, há uma influência significativa do grupo radical islâmico Boko Haram, que tenta implementar o ensino exclusivamente religioso nas escolas.

“Nossa situação é dramática aqui no Brasil, mas menos do que em Camarões. Os nossos piores índices locais são comparáveis à média geral registrada pelos camaroneses”, afirma o pesquisador da FGV.

Permanência no ensino médio: 97% na Suíça e 36% em Camarões

Durante o ensino médio, a necessidade de entrar precocemente no mercado de trabalho, as dificuldades financeiras e a falta de perspectiva levam jovens a uma "eliminação precoce" da "Copa da Educação".

Segundo os dados mais recentes do Banco Mundial, de 2019 (de antes da pandemia, portanto), o Brasil vinha conseguindo reduzir a evasão nessa etapa. Apesar disso, os números ainda são preocupantes: apenas 60% dos estudantes que começam esta etapa conseguem concluí-la.

Nesse mesmo balanço, na Suíça, 97% chegam ao final, e na Sérvia, 92%.

Em Camarões, o levantamento mais recente é de 2010, quando 36% terminaram os estudos.
Imagem: Arte/g1  Dados refletem realidade pré-pandemia, de 2019.(Imagem:Arte/g1 ) Dados refletem realidade pré-pandemia, de 2019.

Remuneração dos professores: suíços ganham mais de R$ 400 mil por ano

Esqueça a realidade da seleção brasileira na Copa do Mundo, com salários altos como o do atacante Neymar. Na educação, os números são bem diferentes: o renomado relatório internacional "Education at a Glance" de 2022 mostra que, no Brasil, um professor do ensino médio ganha por ano, em média, R$ 75.374,37.

Na Suíça, para a mesma etapa, o valor é significativamente superior: cerca de R$ 400 mil, fazendo a conversão para o real.
Imagem: Arte/g1  Camarões e Sérvia não entraram no gráfico, porque divulgam estatísticas sob outros critérios.(Imagem: Arte/g1 ) Camarões e Sérvia não entraram no gráfico, porque divulgam estatísticas sob outros critérios.

Como esse balanço não inclui os outros dois adversários do Brasil, a comparação entre os quatro fica mais imprecisa. Veja abaixo os números disponíveis de ambos:
  • Camarões, segundo a mídia local noticiou durante uma greve neste ano, paga cerca de R$ 27.600 por ano aos professores.
  • Na Sérvia, a Comissão Europeia informa que docentes em início do carreira, em escolas públicas, ganham R$ 35.983,18 por ano - bem abaixo da média da União Europeia para esse mesmo contexto (R$ 135.700,00).

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Tópicos: brasil, escolas, desempenho