Ex-aluno de escola pública aprovado em 1º lugar para medicina da USP conta que não gostava de estuda

04/04/2021 08h51


Fonte G1

Imagem: ReproduçãoClique para ampliar?Eu estudava muito e não descansava nunca. Não tirei férias, não fiz exercício físico, só estudei. Quando chegaram as provas, eu estava exausto?, diz. ?Acabei tendo um resultado pi(Imagem:Reprodução)
 Wallyd Atallah, de 20 anos, conquistou o 1º lugar no vestibular de medicina da Universidade de São Paulo entre as vagas disputadas por ex-alunos da rede pública.

Pensa que, na escola, ele era aquele aluno considerado “nerd”, que estudava todos os dias em casa? Que nada. Ele conta que não tinha muito interesse em aprender, não. “Eu até ia bem nas notas, fazia as tarefas e os trabalhos, mas não me dedicava, deixava tudo para a última hora”, diz.

Sua conduta mudou depois de concluir o ensino médio. Ele decidiu que seria aprovado na Fuvest para cursar medicina na USP.

A dificuldade maior seria compensar toda a defasagem deixada pela escola pública - no ensino fundamental, o jovem chegou a ficar sem professor de matemática fixo por dois anos.

Preparo para os vestibulares
Filho de uma cabeleireira e de um mecânico, ele não teria como pagar um cursinho pré-vestibular. Por isso, passou 2019 se preparando sozinho, em casa.

“Eu estudava muito e não descansava nunca. Não tirei férias, não fiz exercício físico, só estudei. Quando chegaram as provas, eu estava exausto”, diz. “Acabei tendo um resultado pior do que imaginava.”

Naquele ano, Wallyd não passou na USP, mas foi aprovado em medicina na Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). O problema é que ele não teria como se mudar para o interior de São Paulo, onde fica a instituição.

Sua nova estratégia foi tentar uma bolsa de estudos em um cursinho pago. “Eu fiz a prova de seleção, enviei meus documentos e consegui uma vaga no Poliedro (SP). Já estava cansado de estudar sozinho”, relata Wallyd.

Ele não imaginava que, um mês depois, viria a pandemia - e as atividades presenciais seriam suspensas.

“Fiquei desanimado, porque já tinha passado um ano em casa, sem sair. Mas, no fim, teve uma vantagem: foi menos cansativo do que acordar às 4h30 para ir para o cursinho todo dia. E as aulas virtuais foram no mesmo nível das presenciais.”

No fim de 2020, veio a maratona de vestibulares, e em 2021, os resultados excelentes. Além de passar em 1º lugar na Fuvest, Wallyd também foi aprovado na Unicamp e teve um ótimo desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (tirou 980 na redação, quase a nota máxima).

A escolhida foi a USP. “Estou animado para o começo das aulas. Antes, fazer medicina lá era só coisa de rico. Agora, com cotas, o perfil já mudou muito. É um jeito de nivelar [os candidatos] e dar oportunidade para todo mundo", diz.

"Sou o primeiro da minha família a entrar em uma universidade pública.”


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Tópicos: ensino, medicina, aprovado