Problemas financeiros fazem estudantes desistirem de fazer o Enem: "Perde as esperanças"
18/07/2021 16h44Fonte G1
Imagem: ReproduçãoProblemas financeiros fizeram estudantes desistirem de fazer o Enem
Estudantes que se preparavam para fazer o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que possibilita a entrada em universidades do país, desistiram de fazer a prova devido a problemas financeiros causados pela pandemia de Covid-19. Moradores de Praia Grande, Santos e São Vicente, no litoral paulista, relataram ao G1 a desistência da inscrição por conta do cenário de dificuldades, além do medo de contágio e falta de preparo.
"Foi muito difícil, teve um impacto muito grande, porque eu realmente estava com esperanças de poder ter uma oportunidade na vida. Veio a pandemia, e foi bem difícil, porque, querendo ou não, a gente perde as esperanças", descreve a estudante Estefany Cristina Tavares Ferreira, de 19 anos.
Assim como a jovem, muitas pessoas desistiram de fazer o exame. Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), até esta quinta-feira (15), o Enem de 2021 teve 4.004.764 pessoas inscritas, menor número desde o Enem 2007, quando 3,57 milhões se inscreveram.
Além disso, o número final de candidatos habilitados a realizarem o exame pode cair, porque a taxa de inscrição que permite que o estudante faça a prova é de R$ 85, e pode ser paga apenas até segunda-feira (19). Em rápida entrevista ao G1, o ministro Milton Ribeiro disse que o exame de 2020 teve 50% de faltas por causa de problemas com a imprensa.
A questão financeira foi um dos motivos pelos quais Estefany não se inscreveu. Ela mora no bairro Tupiry, em Praia Grande, terminou o Ensino Médio em 2020 e sonha em ser engenheira civil, mas não conseguiria fazer a prova por conta das dificuldades.
"No começo, eu tinha esperanças, porque estava realmente querendo me inscrever, estava tentando, estudando muito, a semana inteira. Veio a pandemia e complicou tudo", desabafa.
Desde a conclusão dos estudos, ela busca um lugar no mercado de trabalho, mas não conseguiu até o momento, por conta da escassez de vagas. Estefany relata que o impacto é grande, já que havia um planejamento e o sonho de ter uma carreira. Mesmo assim, ela continua fazendo cursos online e diz que ainda pretende fazer o Enem e uma faculdade. "Meu objetivo é crescer, ser alguém na vida", finaliza.
Busca por emprego
A moradora de Santos Gabrielly Barbosa Silva, de 18 anos, não vai prestar o Enem pelo segundo ano seguido. Ela desistiu de cursar Antropologia, sua primeira opção, e focará na área portuária, para tentar entrar no mercado de trabalho. Já matriculada em alguns cursos, ela tenta conseguir a oportunidade do primeiro emprego em meio à pandemia.
Gabrielly mora com a mãe, que chegou a ficar desempregada no início da pandemia, mas teve a chance de voltar ao mercado de trabalho em seguida.
"Mesmo com esse emprego, lidar com duas pessoas só com um salário mínimo não é fácil. Continuo com o objetivo de conseguir trabalhar, mas achar uma oportunidade de primeiro emprego na pandemia é difícil. As coisas estão mais caras, para comprar alimentos, e o emprego ajudaria muito nesse sentido", declara.
A esperança da jovem também é de conseguir a vacina. Ela acredita que, com a melhora no quadro da pandemia, novas oportunidades devem aparecer. "Estou enviando currículos de maneira online, evitando sair. Mesmo assim, é complicado, são poucas entrevistas. Ainda tenho dificuldades, mas com a vacina as coisas devem começar a se estabilizar", finaliza Gabrielly.
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