Projeto incentiva crianças e adolescentes a criar propostas de polÃticas públicas para a cidade
16/05/2021 08h54Fonte G1
Imagem: ReproduçãoClique para ampliar
Aos 11 anos, Kimi Vitorino observou que as árvores em uma praça perto de casa estavam precisando de poda. Arthur Barbosa, da mesma idade, se preocupou com os amigos que não têm computadores, tablets ou internet de qualidade para assistir às aulas virtuais. Marcos Bianchini, 15 anos, abriu os olhos para a moradia e coleta de lixo.O olhar crítico foi resultado de um projeto do qual eles e outros estudantes de 16 escolas de São Paulo (7 públicas, 8 privadas e uma ONG) participaram ao longo de 2020. Mas a proposta não parou na "descoberta" de problemas. Eles também pensaram em soluções que poderiam ser aplicadas para resolver os casos e apresentaram, nesta semana, à Prefeitura de São Paulo, em uma reunião virtual com o secretário municipal de Educação, Fernando Padula.
A iniciativa faz parte do projeto E aí, Prefeitura, feita pelo Jornal Joca, que traz matérias sobre o Brasil e o mundo em linguagem acessível para crianças e adolescentes. Os leitores mirins foram incentivados por professores a pensar sobre 10 temas principais em aulas que envolviam debates, leitura de textos informativos, busca por dados. Entre eles, estavam saúde, educação, meio ambiente, tecnologia, entre outros.
"Desde pequenos a gente acredita que é muito importante eles entenderem o que se passa no Brasil e no mundo e se sentirem parte da sociedade", afirma Stephanie Habrich, fundadora do Jornal Joca. "Não era simplesmente dizer: olha, tem que tapar mais buracos. Era um processo em que jovens e crianças tinham que pensar: o que a gente faz, quais as prioridades neste tema e como a gente pode solucionar", explica.
Kimi Vitorino, aluna da do Colégio Soka, conta que, durante as aulas remotas do ano passado, a professora trazia temas, apresentava slides, e estimulava o questionamento.
Na escola municipal Arthur Alvim, a professora Jane Peixoto conta que foram seis encontros para debater os temas. "Eles trouxeram vídeos, fizeram entrevistas com pais, avós, chamaram algumas pessoas pelo WhatsApp para saber opinião", relembra. "Foi um trabalho construído por eles. Eu como professora fui a mediadora deste processo. Claro que a gente fala: olha, vocês pensaram sobre isso, falaram sobre isso? Mas a construção do documento partiu deles", afirma.
"Acredito que estamos formando cidadãos críticos e que a gente espera que tragam propostas positivas para um país melhor", afirma a professora Jane Peixoto.
Ela é professora do Arthur, apresentado no início do texto. O menino de 11 anos conta que, durante as aulas, aprendeu a pesquisar informações, diferenciar fatos de mentiras, e se sensibilizou com a desigualdade de acesso à tecnologia.
Para Arthur, são duas as prioridade entre as propostas apresentadas: "A melhora da internet, e também os tablets", conta, referindo-se à necessidade de fornecer equipamentos para os estudantes. "Eu me sinto um adulto. Acho que sou importante, cada vez mais", comemora.
O impacto já pode ser percebido nos jovens, como o Marcos Bianchini, que hoje está em uma escola técnica do ensino médio, mas participou do projeto quando era aluno do 9º ano do ensino fundamental na Escola Estadual Raul Cortez.