Uespi tem maior número de docentes negros e pardos entre as universidades do Brasil
26/11/2022 08h48Fonte ClubeNews
Imagem: Reprodução/Coleção AfrofuturismoHomenagem à Esperança Garcia por Luna Bastos.
Dados do Censo da Educação Superior, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), apontam a Universidade Estadual do Piauí (Uespi) como a instituição de ensino com maior representatividade de negros e pardos no país. O primeiro docente negro da universidade a conseguir um doutorado, professor Élio Ferreira, fala sobre a importância desta estatística.
Élio Ferreira é um pesquisador com experiência na cultura afro descendente, já possui pós-doutorado e esteve em diversas instituições de renome pelo mundo. Ele já passou pelo Peru, Portugal e Estados Unidos, por exemplo.
O professor Élio já palestrou nas universidades da Califórnia e de Harvard sobre Esperança Garcia, um símbolo da luta dos negros no Brasil. Autor de vários livros, apresenta pesquisas relevantes para a mudança do cenário social entre raças no Piauí.
“Identidade e Solidariedade da literatura do negro brasileiro. Foi minha dissertação de mestrado em 2021 na UFC. Foi meu primeiro trabalho sobre literatura, crítica literária, tratando das obras de autores negros no Brasil como Padre Antônio Vieira, Domingos Caldas Barbosa, Gonçalves Dias e Luiz de Gama. Sempre faço essa conexão na literatura; vou lá para a África, volto para o Brasil e vou para o Piauí. No meu doutorado é do mesmo jeito”, comenta Élio Ferreira.
Imagem: Arquivo/ClubeNewsProfessor Élio Ferreira
RACISMO ESTRUTURAL
Apesar da forte presença da pauta nas pesquisas do professor negro, a posição social da raça na sociedade em diversos cargos na sociedade – que ainda apresenta tendências racistas – já aponta a possibilidade de mudança no cenário.
A estudante negra Samara Camila explica que a presença de professores negros no comando das salas de aula também é de grande importância para a representatividade aos alunos. “Ter a referência de professores e professoras negras é de suma necessidade porque eu vou criar de certa forma um elo”, afirma.
O sociólogo Kaire Aguiar também fala sobre a relevância do combate ao racismo estrutural a partir das posições alcançadas pelos negros.
“A gente precisa colocar em prática, que somos uma sociedade antiracista, ou seja, pessoas pretas precisam estar em espaços estratégicos como professores, médicos, em pleitos eleitorais. É preciso que haja a representatividade para que os interesses da população negra em geral possam ser atendidas e chegarmos em uma posição de equidade”, disse o sociólogo.
Imagem: Redes sociaisKaire Aguiar e seu alunos.
*Com dados do Inep