À espera do Brasileirão, Crislan crê em salto com ajuda de mãe empresária

16/04/2015 11h39

Fonte G1 PI

O aviso logo na entrada da casa em uma folha de papel - “Por favor! Não sente no braço do sofá” - é o suficiente para simplificar a exigência, mas com o toque de carinho, de dona Antônia Maria. Ex-auxiliar de produção de uma empresa em Teresina, ela largou o trabalho para se dedicar exclusivamente a Crislan, atacante do Penapolense, artilheiro da fase de grupos do Campeonato Paulista. Nove gols – um deles, golaço por cobertura contra o Corinthians (veja no vídeo acima) – que trouxeram ao jogador de 23 anos a possibilidade de dar um salto na carreira após receber sondagens de grandes times do país. A meta é estar no Campeonato Brasileiro. O bom momento da carreira, claro, era esperado por dona Antônia desde quando o filho tinha nove 9 anos de idade. Se hoje Crislan comemora a boa fase e aguarda ansiosamente a definição do próximo clube, isso se deve à "empresária", consultora e administradora dona Antônia, responsável pelos cuidados ao atleta.

Com as fotos do ainda franzino Crislan no tempo em que começou nos clubes do Piauí, dona Antônia curte a folga do jogador em Teresina, guarda em sigilo o destino de Crislan, dividindo a expectativa do futuro time, e recorda da época das fugas da escola do filho para jogar futebol. Segundo ela, até hoje tem professor que reclama das travessuras do menino para poder correr atrás da bola.


- Escola? (risos) Isso que foi difícil. Ele é tranquilo, um amor e bem família. Mas quando o assunto é estudo... Às vezes, ele voltava com os pés cheios de calos porque, em vez de ir para o colégio, passava o dia jogando bola. Por ter ficado de recuperação, disse a ele que não jogaria em uma final de um campeonato de bairro. Tinha 14 anos. Ele chorou, chorou... O treinador veio aqui em casa pedir para ele ir. Implorou, tive que aceitar. Bom que ele fez gol e trouxe o troféu – conta.

Histórias como essa servem de exemplo para explicar por que o futebol sempre esteve presente em Crislan, apoiado pela mãe que faz questão de entender e ficar por dentro de toda a negociação sobre os contratos do jogador. Antes de despontar no Paulistão pelo Penapolense, Crislan - que pelos gols bonitos ganhou o apelido de "Neymar do Piauí" - atuou pelo Comercial-PI, River-PI, Salgueiro, Boa Esporte-MG, Atlético-PR e Náutico. Histórico que enche de orgulho dona Antônia, que lembra lá do passado: quando o garoto foi pedreiro e capinava com o pai Mateus Lima, à época em que estava sem clube, para ganhar o dinheiro do lanche.

- Desde pequeno percebi que o futebol seria a profissão do meu filho. Em um campeonato escolar, quando ele foi artilheiro, me disse que queria ser jogador de futebol. Tinha seus lá 9 anos. E respondi: então, você vai ser. A partir desse momento, começamos a sonhar juntos. Muitas vezes o acompanhamos a escolinha e jogos. Às vezes, o pai levava, em outros momentos, deixava a lanchonete onde trabalhava e ia. Sempre focamos porque era o sonho dele. Larguei o meu trabalho porque sabia que seria assim, ele crescendo no futebol e precisando de mim. Apostamos. Caímos algumas vezes e choramos, mas levantamos com ele. Vendo a sua realização no Campeonato Paulista, a procura dos times grandes por ele, é algo que não tem preço, muito valoroso. Eu o acompanho – completa dona Antônia, aos 44 anos, figura presente nos estádios para assistir ao filho.

Conselheira nos momentos de baixa do jogador e de mão cheia na cozinha, a mãe de Crislan até se mudou de Teresina para Penápolis, interior paulista, na última temporada. Mais do que ficar perto, para dar um tempero na vida do atacante. E não é no preparo da lasanha ou da panelada, pratos favoritos do atacante. Mas sim o velho e necessário apoio incondicional presente desde os tempos de criança na carreira de Crislan, que está prestes a dar um salto.

- Estou vivendo o melhor momento da minha vida. Recusei a proposta de ir para a Coreia para disputar o Paulistão, justamente por ser essa vitrine. Você se destacar em um campeonato como esse é um passo para melhorar. A importância da minha mãe comigo é grande. O projeto agora é dar um salto grande na carreira, tive uma grande oportunidade no Paulistão, projetei ser artilheiro, mesmo fora, estou brigando pela artilharia hoje, ao lado do Ricardo Oliveira (do Santos). Recebi propostas de times grandes de São Paulo, não posso revelar qual. Mas projeto disputar um Brasileirão, ter uma ascensão para ter um reconhecimento nacional - comemora Crislan.

Com uma "empresária" assim como dona Antônia, o destino de Crislan está em boas mãos.

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