Amuletos do Piauà Rugby tem 'barba de Noé', mister simpatia e tatuados
07/06/2014 12h54Fonte G1 PI
Nada de ferradura, trevo de quatro folhas e pé de coelho. A receita do time do Piauí Rugby para atrair boa sorte para a decisão da Liga Nordeste foge ainda mais do nada convencional mundo das superstições. A lista de amuletos da equipe contempla desde tatuagens, voto de silêncio e “barba da sorte”. Em meio aos treinos finais para a final, a equipe revela, com bom humor, seus auspiciosos segredos.
Nem mesmo o técnico escapou de servir como talismã para a equipe. Depois de uma brincadeira feita no início do ano, André Magalhães prometeu aparar sua barba apenas quando o time conquistar a Liga Nordeste de Rugby. Alguns meses depois, o treinador exibe no rosto o resultado de suas palavras.
- Essa (barba) está aqui por causa de uma brincadeira que fiz no primeiro treino do ano. Falei que só tiraria quando vencêssemos a Liga. Falei na inocência mesmo, mas os meninos levaram a sério e cobraram de mim. Agora só aparo quando formos campeões – conta o técnico.
Afirmando a própria campanha no torneio, bem sucedida até o momento, o treinador deixa no ar a influência da promessa, uma vez que o resultado de estarem numa fina fala por si só. Entrando na onda da brincadeira, André conta que se a promessa render os frutos prometidos, em 2015 ele não será o único com o visual diferente.
- Se isso aqui vingar, eu garanto que faço pelo menos dois dos meninos deixarem a barba crescer junto comigo no ano que vem – comenta, com bom humor, o treinador do Piauí Rugby.
Imagem: Josiel MartinsClique para ampliarBarba, cabelo e bigode? André Magalhães faz promessa para título na Liga.
Não basta repetir, tem que gravar para não esquecer. Foi dessa forma que o zagueiro do time, Francisco Soares, mais conhecido como Chicão, resolveu homenagear o seu estado e a sua equipe. Tatuados em seu ombro esquerdo estão vários símbolos que remetem à cultura local. E em posição de destaque, a célebre frase do hino piauiense e também lema do clube: “... o primeiro que luta, é o Piauí”. É com essa mensagem que Chicão se inspira em todos os treinos e partidas. Segundo o atleta, tem sido um grande reforço não apenas para ele.
- Esse aqui é o nosso talismã. Isso me inspira e a todos do grupo. Carrego essa tatuagem com todo orgulho. Depois que a fiz, sei que trouxe muita sorte para o time – brinca o zagueiro.
Quem também optou por eternizar no próprio corpo seu sentimento pelo time foi o atleta da primeira linha Gustavo Carvalho. Ele tatuou o símbolo da equipe em seu ombro. O jogador garante que isso tem ajudado nas apresentações.
- Eu também quis mostrar que amo o meu time. Além disso, essa tatuagem tem trazido boas vibrações para nosso elenco. 2014 tem sido um ótimo ano – completa Gustavo.
Mister simpatia
Para quem já está acostumado a observar jogadores de braços abertos fazendo pedidos aos céus, conversando com bolas, beijando traves ou cravando o pé direito bem firme ao entrar em campo vai se surpreender com a mania adotada pelo zagueiro-estrela do Piauí Rugby.
Nos dias das partidas da equipe, o jogador simplesmente não faz uso da voz. Isso mesmo: ao acordar, Chicão não dá bom dia, não elogia o café da manhã feito por sua mãe, não conversa e não sorri. Isso até soar o apito inicial da partida.
Imagem: Daniel CunhaClique para ampliarApós vice em 2013, time sela compromisso para comemorar vitória em 2014.
A simpatia (nada simpática) do atleta parece funcionar. Trocadilhos não tão engraçados à parte, a estratégia de Chicão se baseia num estado completo de concentração em que o jogador mentaliza as jogadas e esquemas táticos elaborados com seu treinador. Segundo ele, ficar calado auxilia neste processo, mantendo seu foco e evitando distrações. A “carranca” tem lhe garantido fama de "marrento" entre os adversários, já que na abertura dos jogos não existem cumprimentos e muito menos sorrisos.
- Eu acabei ganhando até mesmo fama de marrento, mas isso não é por mal. É a minha maneira de jogar. Se isso me faz bem e faz bem ao time, vou continuar fazendo por mais estranho que seja – revela Chicão.
Pelo visto, não são apenas os adversários que estranham o comportamento do jogador. O próprio irmão da figura e também zagueiro na equipe, Alessandro Soares, garante que não vê a hora de Francisco parar com a mania.
- É chato demais! – conta o irmão, em meio a gargalhadas de todo o grupo.
Como diria nossa avó, superstição e canja de galinha não faz mal a ninguém.
Imagem: Josiel MartinsEquipe piauiense enfrenta Paulista na decisão da Liga Nordeste.