Bom Senso expõe diferenças e cobra: "Deputados: atletas ou cartolas?"

04/11/2014 18h07


Fonte Globoesporte.com

A relação entre o Bom Senso FC e os clubes estremeceu de vez. Nesta terça-feira, o grupo que representa os jogadores divulgou um texto no qual evidencia todas as diferenças entre suas propostas para a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte e a dos dirigentes.

No manifesto, direcionado aos deputados, o Bom Senso expõe nove pontos divergentes com o texto elaborado pelos cartolas. As duas partes já entregaram suas propostas ao Ministério do Esporte, que as integrariam ao texto original aprovado na comissão especial da Câmara elaborada para discutir o assunto. O projeto agora irá para votação na Casa.

Na última quarta-feira, representantes do Bom Senso se reuniram com o ministro Aldo Rebelo e o secretário nacional do Futebol, Toninho Nascimento. O grupo entregou seu texto e expôs as divergências com as propostas dos clubes. Os jogadores alegam que os dirigentes descumpriram com os acordos feitos nas reuniões anteriores e voltaram atrás em alguns pontos.

Dentre as diferenças, os jogadores apontam o teto de 70% do orçamento para o futebol profissional, o prazo para que as punições comecem a ser feitas e a composição do comitê de fiscalização dos clubes. O Bom Senso ainda diz que os cartolas excluíram do projeto de lei o item que limitaria os mandatos dos dirigentes na CBF a quatro anos, e a ilegibilidade dos punidos por gestão temerária nas entidades de administração (Federações e CBF).

Ao introduzir o manifesto, o Bom Senso diz que “a experiência das últimas semanas ?— ?com a quebra explícita de um acordo entre Bom Senso FC e Clubes ?—? demonstra de forma irrefutável que o retrocesso é, na verdade, fruto deliberado de um conjunto de forças malsãs que trabalha intensa e consistentemente em favor do atraso”. Apesar do clima pouco amigável, o presidente do Coritiba e líder da comissão de clubes, Vilson de Andrade, não viu nenhum desgaste na relação com os atletas.

O projeto de lei foi aprovado em maio. No entanto, após várias reuniões, que incluíram até a presidente Dilma Rousseff, os clubes e o Bom Senso FC propuseram mudanças ao texto. A Câmara dos Deputados vai votar e decidir quais mudanças incluirá no projeto.

Confira o manifesto divulgado pelo Bom Senso encaminhado à Câmara dos Deputados:

Deputados, decidam: atletas ou cartolas?

9 diferenças cruciais entre Bom Senso FC e os Cartolas sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte

Enganamo-nos quando dissemos que o estado do futebol brasileiro é consequência de mero descaso. A experiência das últimas semanas ?— ?com a quebra explícita de um acordo entre Bom Senso FC e Clubes ?—? demonstra de forma irrefutável que o retrocesso é, na verdade, fruto deliberado de um conjunto de forças malsãs que trabalha intensa e consistentemente em favor do atraso.

Muito em breve o futebol brasileiro passará por mais uma decisão. Sem grande público, mas repleto de jogadas, a Lei de Responsabilidade Fiscal do Esporte deve ir a votação na Câmara dos Deputados. Vossas Excelências serão os responsáveis pela escolha, e nosso papel será de deixar claro o que está em jogo.

1. Os atletas defendem o teto salarial, com a inclusão do custo futebol limitado a 70%;
Os cartolas são contrários.

2. Os atletas defendem que dirigentes da CBF tenham mandatos de apenas quatro anos com limite a uma recondução, com o enquadramento no art. 18-A da Lei 9615/98;
Os cartolas excluíram esse artigo do projeto de lei.

3. Os atletas querem ter poder de voto nas entidades de administração (Federações e CBF);
Os cartolas retiram essa possibilidade do projeto de lei.

4. Os atletas defendem a ilegibilidade por 10 anos de dirigentes punidos por gestão temerária nas entidades de administração (Federações e CBF);
Os cartolas não preveem qualquer tipo de punição a dirigentes de Federação e CBF.

5. Os atletas defendem a fiscalização do cumprimento do direito de imagem;
Os cartolas, não.

6. Os atletas defendem que os clubes inadimplentes sejam punidos já em 2016;
Os cartolas querem que as punições só valham a partir de 2019.

7. Os atletas defendem que o Órgão Fiscalizador seja composto por Treinadores, Executivos, Árbitros, Atletas, Patrocinadores, CBF e Clubes;
Os cartolas defendem apenas representantes da CBF (na função predeterminada de presidente), Clubes, CFC, OAB e Atletas.

8. Os atletas defendem o prazo de 90 dias para criação do Órgão Fiscalizador;
Os cartolas retiram esse prazo do projeto de lei.

9. Os atletas definem o ato de gestão temerária;
Os cartolas incluem ressalva ampla ao conceito.

Com a esperança e a convicção de que Vossas Excelências votarão com bom senso, colocamo-nos à disposição para quaisquer esclarecimentos sobre a nossa proposta de emendas ao projeto de lei.

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