Campeão do vôlei segue intuição e deseja criar 'mini-Saquarema' no PI
22/07/2013 12h39Fonte G1 PI
Depois de atuar como jogador de vôlei durante 20 anos de carreira, período que viveu altos e baixos ao lado dos melhores jogadores do país e da Europa e também conhecendo o fundo do poço, o líbero Marquinho Oliveira decidiu voltar ao Brasil para sua aposentadoria. Desconhecido em sua terra natal, o jogador diz seguir intuição para retornar ao Piauí para mudar todo o cenário do voleibol local.Louco, sonhador ou visionário. Nenhum desses adjetivos se sabe ao certo qual se aplica aos anseios do jogador. Com um projeto ousado, Marquinho Oliveira deseja trazer ao Piauí uma estrutura para a prática do esporte queridinho do país, até então nunca imaginada na região. Dentre os principais desejos, está a reforma do Ginásio ‘Verdão’, onde, segundo ele, seria possível a realização de eventos com clubes de todo o país e da Europa.
No projeto, ele compara os núcleos que quer criar em Teresina com uma ‘mini Saquarema’, o centro de treinamento das seleções principais e de base do Brasil, localizado no Rio de Janeiro (RJ).
- Quero criar oportunidade do Piauí, montar uma miniestrutura de Saquarema e dar as melhores condições aos atletas, além de ajudar os outros esportes como a dança e a capoeira. Quero criar núcleos na cidade usando as quadras das escolas da cidade, onde faremos o mesmo trabalho em cada uma delas e ter o centro de treinamento para concentrar os atletas que se destacarem em cada um deles – explica Marquinho Oliveira.
O jogador, que no início da temporada 2013 foi campeão do playoff da Liga B Francesa atuando pelo Lyon, retornou ao Brasil na última semana. De volta ao Piauí depois de mais de 30 anos distante, Marquinho também insere preocupações sociais ao seu projeto. Segundo conta, o ‘mini Saquarema’ de Teresina tem um intuito maior de formar cidadãos.
- É com minha experiência que quero ajudar pessoas a se tornarem ‘ser humano’ e não atleta, pois atleta mesmo poucos vão virar – completa o jogador.
História de campeão
A experiência a qual o jogador se refere conta com as oscilações naturais da vida de qualquer atleta. A diferença mesmo está no começo da carreira. O piauiense só tomou o primeiro contato com o voleibol apenas aos 18 anos. Um ano depois do primeiro treino, segundo ele, decidiu que queria ser jogador profissional.
Imagem: Reprodução/ FacebookMarquinho Oliveira encerrou a carreira internacional no primeiro semestre.
No Brasil, conseguiu espaço depois de atuar pelo Suzano (94-96) e sagrar-se duas vezes vice-campeão da Superliga. O clube, que à época era um dos maiores do país, serviu de vitrine para o jogador. Na crescente carreira, Marquinho teve a oportunidade de atuar ao lado de ídolos nacionais como Marcelo Negrão, Ricardinho, Marcelinho, Giovanni, Vissoto, Bruninho, Wallace. Como treinadores que o ajudaram lapidar a técnica de seu voleibol que não teve base, nada menos do que Navajas, Jorge Schimidt, Weber, que é o atual comandante da seleção Argentina; Rubinho, que auxilia o maior campeão de todos os tempos, Bernadinho, entre outros.
A carreira de Marquinhos foi bem até o ano 2000, que para ele foi o “fundo do poço”. Naquele ano, o jogador conta que havia fechado um contrato de dois anos com um clube gaúcho, que só o pagou cinco meses. Com dificuldades financeiras e lidando com uma hepatite, o jogador temeu o esquecimento.
As dificuldades começaram a ser superadas quando o piauiense fechou com o clube português Marítimos, onde fez primeiro contato com o exterior. Mas a experiência durou pouco e, um depois, voltou ao Brasil. No retorno, atuou na primeira edição da Super Liga B pelo São Caetano, onde jogou por duas temporadas até 2006.
Depois disso, o piauiense recheou o seu passaporte jogando por toda Europa. Nos últimos anos, o líbero defendeu, na França, o Montpellier, Paris, Beauvais. Na Romênia, atuou pelo Constanta. O fim da carreira europeia foi defendendo o Lyon.
Mudança de cenário
Com seu conhecimento adquirido nas quadras, o piauiense quer utilizar na formações de craques no Piauí. No desejo do jogador, o Estado pode construir um voleibol de alto nível e assim estar inserido no cenário regional e nacional, através de um treinamento sistematizado voltado, segundo conta, para a massificação de alto rendimento no voleibol.
- No mundo, o voleibol é um negócio e, no Piauí, não pode ser diferente. O dinheiro existe- diz o jogador se referindo à Lei de Incentivo Fiscal que, para ele, deve ser melhor aproveitada no Estado.
Em seu projeto, o centro de treinamento de alto rendimento de voleibol no Piauí contará com capacidade para 2.500 pessoas, quadra poliesportiva com dimensões oficiais, com piso ‘taraflex’, que não existe no Estado. O local ainda contaria com academia, sala de ginástica, refeitório, vestiários, alojamento, sala de aula, fisioterapia e salas para outas atividades.
- O Piauí não tem essa infraestrutura.Por isso, estou trazendo o meu conhecimento e a minha vontade de mudança. O que falta para dar certo só é a vontade política e o aporte financeiro. Se esses dois lados se unissem pelo bem de todos, não tem como não dar certo. Se não tiver isso, realmente o projeto vai ser só sonho, só vislumbre – analisa Marquinhos Oliveira.
Aos 40 anos, Marquinho Oliveira encerrará a sua carreira pelo Caxias do Sul, por onde jogará a Super Liga B, no mês de setembro. O jogador permanece no Piauí até o domingo (28), prazo que tentará encontrar meios de viabilizar a implantação de seu projeto.
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