Elizeu nega panelinhas e atesta: troca de treinadores trouxe "aflição interna"

29/06/2016 09h32


Fonte globoesporte.com/pi

Imagem: Josiel MartinsClique para ampliarElizeu Aguiar acompanha treino do River-PI.(Imagem:Josiel Martins)Elizeu Aguiar ao lado de Evaldo Carvalho, supervisor do River-PI. Dirigente acompanha sentado treino do time.

Cena fora do habitual no CT do Galo. Elizeu Aguiar, presidente do River-PI, pega uma cadeira, senta à beira do gramado e acompanha o treino do time comandado por Vica. A imagem é bastante simbólica. Lanterna da Série C, com apenas dois dos 18 pontos disputados e um rendimento aquém do promissor River-PI do ano passado, o clube vive um pesadelo no Brasileiro. Para pôr fim ao sono e acordar antes de ser rebaixado, o dirigente revelou ter tido uma conversa franca com o grupo de jogadores na terça-feira.

Quis entender o motivo do que considerou “decréscimo de atitude” comparando a Copa do Nordeste com as primeiras rodadas da Terceirona. Reconheceu que as trocas de técnico – Vica é o terceiro no ano – atingiu em cheio o dia a dia dos atletas, atestando “uma aflição interna” e “momentos confusos” no ambiente após as mudanças de comando. Negou a existência de panelinhas no River-PI. Relatou problemas no pagamento das folhas – uma está aberta e deve ser paga apenas na próxima semana –, mas não atribui o fracasso no começo da Série C ao atraso dos salários. E reforçou que acredita nesse atual elenco por uma virada.

- Não temos formação de panelinhas. Nas transições (de técnico), existem atletas que se motivam, correm para cima e brigam pela posição. Tem jogador que se abate, pensa que vai sair do time. Isso cria um abalo psicológico. Esse problema é que precisamos corrigir. O Vica não é bicho papão, assim como o Flávio (Araújo) não era, o Zé Teodoro também não era e nem o Capitão. (...) Temos uma estrutura. Seria até irresponsável desmontá-la, algo que criamos ao longo dos anos, porque achamos que está tudo errado. Não está tudo errado. É botar a cabeça no lugar, o jogador focar e direcionar que precisamos de vitórias, unindo o grupo em um só objetivo. Temos que parar de pensar quem sai, quem fica. Somos um grupo, o sucesso será dele. O insucesso, também – analisou o presidente.

Elizeu antecipou que o time deve, possivelmente, ganhar duas peças durante a Série C. Um primeiro-volante, Amarildo é o único da posição, e mais um meia – com a saída de Esquerdinha, não houve reposição. Há busca por esses nomes, mas nada fechado. O presidente descartou também a existência de uma lista de dispensa de jogadores.

- Jogo muito claro com os atletas e a comissão. Você vai me perguntar se tem lista de dispensa. Respondo: não tem. O que há na realidade são problemas pontuais. Você pega o Amarildo, só temos ele na posição. (...) Precisamos com tranquilidade fazer as correções. Não temos tempo, mas também não temos estrutura para avançar tanto. O que disse aos atletas é que a responsabilidade é nossa - defendeu Elizeu.
Imagem: Kleiton MartinsElizeu Aguiar(Imagem:Kleiton Martins)Elizeu Aguiar

“DECRÉSCIMO DE ATITUDE”
Na verdade, estamos buscando explicação. Tivemos uma longa conversa com os atletas porque temos um longo distanciamento do time do ano passado e desse ano, que fez jogos importantes de igual para igual com o Sport, time da Série A do Brasileiro. Houve um decréscimo de atitude, e nós cobramos isso dos nossos atletas. Creio que quem pode mudar essa realidade são os atletas que aí estão, não tem cordão mágico que vá mudar essa realidade que não seja trabalho. Os jogadores estão conscientes disso, acredito que temos condições de reverter essa situação. Gostaríamos de estar mais confortável, mas se tem dificuldade será na dificuldade que vamos buscar os resultados que nos interessa.

“NÃO HÁ CONFORMISMO”
Temos um bom elenco. Acredito que há algo psicológico, alguma coisa interferiu no grupo que desestabilizou. Alguma coisa houve, e agora estamos trabalhando para tentar descobrir e sanar essa situação, pois não podemos nos conformar. Foi difícil sair de uma Série D, que era o fundo do poço. Encontramos a mola, que é a Série C. Voltar para onde estávamos, não queremos. Foi isso colocado para nossos atletas e estamos acreditando que as atitudes irão mudar no clube. No primeiro momento que começarmos a vencer, vamos tirar o peso, ficar mais leve e vai dar certo.

ATRASO NOS SALÁRIOS
Uma folha está em atraso, e vamos quitar. Não estamos deixando acumular como no ano passado (chegou a dois meses e meio, e o elenco ameaçou greve). Pagamos com muita dificuldade porque no momento que passamos acabamos perdendo receitas. A renda dos jogos foi menor, não tínhamos um grande público e ainda assim diminuiu. A torcida tem que entender que precisamos dela. Não é só das críticas, mas sim do apoio.

O ATRASO INFLUENCIA O DESEMPENHO?
Estamos administrando. Atrasa, paga. Vamos trabalhar para pagar uma folha na próxima semana. A ideia é essa. O problema, porém, não está nos salários. Há um problema na questão interna que na transição de mudança (dos técnicos) não foi, acredito, bem recebida ou de que forma representou para cada atleta. Estamos buscando que cada atleta faça seu papel em campo, estamos buscando e exigindo para desenvolver seu trabalho. Estamos dando condição e, nesse momento, são poucos clubes que conseguem dar. Percebemos a confiança deles na diretoria, e há a confiança da diretoria no grupo. Vamos reverter isso com trabalho.

SAÍDA DE FLÁVIO ARAÚJO PESOU?
O time tinha uma forma de jogar com o Flávio. Aí quebramos essa situação porque não conseguimos manter o Flávio. Trouxemos o Zé Teodoro que teve uma passagem rápida, teve aí outra quebra. Aí trouxemos o Capitão para fazer uma função e depois resolvemos efetivar. De repente, a gente demorou muito, talvez, em tomar a atitude de mexer – não que o Capitão teve feito um trabalho ruim. Pelo contrário. Depois, trazemos o Vica. Aí fica confuso. Até encaixarmos esse time, esse vai ser o trabalho do Vica.

NOVAS CONTRATAÇÕES
Jogo muito claro com os atletas e a comissão. Você vai me perguntar se tem lista de dispensa. Respondo: não tem. O que há na realidade são problemas pontuais. Você pega o Amarildo, só temos ele na posição. Ele não joga contra o ABC, então vamos entrar com um segundo-volante na posição porque não temos um primeiro-volante. Temos a necessidade de um meia para substituir Esquerdinha, que saiu. A condição financeira não está fácil, você fica administrando uma situação difícil. Temos problemas pontuais não de hoje, mas de outrora. Precisamos com tranquilidade fazer as correções. Não temos tempo, mas também não temos estrutura para avançar tanto. O que disse aos atletas é que a responsabilidade é nossa. Não existe grupo de atletas, grupo da diretoria, mas sim o River-PI, a instituição. Acredito que esse time tem potencial para jogar muito mais.

CONTRATAÇÕES ERRADAS NO ANO
Trouxemos algumas peças no início do ano que não renderam. Tivemos que mudar. No grupo da Série C, estamos em uma faixa etária dos clubes de menor investimento. Se pegar Fortaleza, Remo e Botafogo-PB, logicamente temos dificuldade. O que temos não é ruim. O grupo que fechou ano passado jogou bem contra o Sport. Não vejo equívoco (em contratações), fizemos o possível dentro da realidade que tínhamos. Alguma coisa se perdeu nesse caminho de lá para cá que não deu liga. Com o Capitão, chegamos a um patamar, mas não evoluímos. Chegou o Vica e vem pressionado por vencer. Tudo isso contribui para uma aflição interna, angústia de dirigente, angústia de jogador, torcedor, imprensa... Prefiro acreditar que o grupo que temos é de qualidade.

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