Primeira árbitra a apitar no Nordestão vê barreira no futebol: "Meio machista"

25/03/2017 13h00


Fonte Globoesporte.com

A partida entre Altos e Moto Club, disputada pela última rodada da fase de classificação da Copa do Nordeste, podia não ter mais um grande valor para a competição. Contudo, foi um marco importante. As duas equipes não tinham mais chances de avançar de fase no torneio, porém o jogo ficou marcado por ter sido apitado por Déborah Cecília Correia, a primeira mulher a apitar um jogo da competição.

Imagem: Wenner TitoClique para ampliarCopa do Nordeste teve a primeira árbitra após 60 jogos.(Imagem:Wenner Tito)Copa do Nordeste teve a primeira árbitra após 60 jogos.

Nos 60 jogos disputados na Copa do Nordeste na primeira fase, três tiveram participação de mulheres, mas sempre no papel de auxiliares. Em outros dois jogos, a própria Déborah esteve presente, porém na função de quarto árbitro.

No jogo disputado em Teresina, entre Altos e Moto, Déborah foi escalada. Para ela, um sinal de que o machismo no futebol ainda existe, mas está caindo aos poucos.

- É bastante difícil. É um meio preconceituoso, machista e que não aceita as mulheres, mas aos pouquinhos a gente vai vencendo as barreiras – conta Déborah, que apita há 10 anos, oito deles como profissional.

Dentro e fora de campo é possível ver as dificuldades do trabalho de Déborah. As gracinhas ocorrem com alguma frequência, uma cantada disfarçada de elogio, um comentário mais explícito sobre o seu corpo. No campo, é preciso lidar com os atletas, ainda não muito acostumados com árbitras. Mas Débora garante que, com o tempo, eles se adaptam com a situação.

- Eu nem ligo mais. Estou focada aqui dentro, o que importa é dentro do campo. Nos 10 primeiros minutos de jogo, os atletas vêm testar para ver se eu vou mesmo apitar, marcar, fazer acontecer. Depois dos 15, eles já respeitam, não vêm mais para brincar – conta a árbitra, federada pelo estado de Pernambuco.

Aílton José, auxiliar de Déborah na partida entre Altos e Moto Club, fez elogio ao trabalho da árbitra pernambucana. Segundo ele, entre os colegas de arbitragem, é nítida a ideia de que as mulheres podem ocupar este meio. Pouco a pouco, o esporte mais popular do mundo vai tornando-se mais igualitário, embora ainda haja um longo percurso pela frente.

- A gente que conhece a Débora sabe da capacidade dela. Nós não temos preconceito nenhum e trabalhamos focados do mesmo jeito. Ela é muito acima da média e se qualifica muito – resume Aílton José.


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Tópicos: mulheres, jogo, campo