Sinal de alerta para Sarah Menezes
29/03/2015 09h00Fonte Cidadeverde.com
O Grand Prix de Samsun, na Turquia, foi ruim e bom para Sarah Menezes.Ruim porque ontem (27) Sarah ficou em quinto lugar em uma competição na qual sua reserva na seleção brasileira, Nathália Brígida, foi prata, e sua antiga rival na disputa de titular do Brasil, Taciana Lima (hoje defendendo Guiné-Bissau), faturou o bronze.
Ficar sem medalha é ruim. Mas, na minha avaliação, o quinto lugar também foi mal negócio porque ficar atrás das brasileiras é algo que repercute mal para a atual campeã olímpica, que tem um nome dourado no quimono para zelar.
Mas a derrota é boa, se na forma descrita pela técnica Rosicleia Campos em entrevista: é precisso corrigir os erros e persistir na busca pelo acerto.
E foi nos erros da Sarah Menezes que eu me debrucei há algumas semanas, antes mesmo dela perder duas lutas na Turquia em razão de punições sofridas a mais em relação as suas adversárias.
Imagem: IJF Media by Zahonyi
Depois da Olimpíada de 2012, as regras do judô mudaram para favorecer o ataque e inibir quem abusa da defesa. Com isso, a marcação de punições ficou mais rigorosa. Casos de falta de combatividade, o chamado "falso ataque", não são mais tolerados. Quem tenta "enrolar" a luta, pega cartão amarelo. E se a luta terminar empatada, vence quem tiver menos cartões.
Os casos de derrotas da Sarah Menezes por conta dos cartões amarelos sofridos começaram a chamar minha atenção. Separei alguns só para citar como exemplo:
- Em julho de 2013, em Tyumen, na Rússia, a piauiense perdeu a final do World Masters. Depois de vencer três lutas por Ippon, Sarah Menezes sofreu uma punição na decisão com a japonesa Hiromi Endo, que terminou em 0 a 0.
- Em abril de 2014, a derrota foi na final do Pan do Equador. Maria Celia Laborde, de Cuba, sofreu uma punição, mas Sarah Menezes levou duas punições e perdeu a luta.
- No Grand Prix de Havana, em Cuba, Sarah Menezes foi derrotada na mesma situação. Na semifinal contra Dayares Mestre, nem a brasileira e nem a cubana pontuaram. O critério das punições foi adotado e a piauiense teve de ir para a disputa do bronze, por ela conquistado. Foi em junho do ano passado.
- Em dezembro de 2014, no Grand Slam de Tóquio, no Japão, Sarah Menezes sofreu uma punição e a sul-coreana Kyeong Jeong Bo ficou com a medalha de bronze.
- Em fevereiro deste ano, Sarah Menezes foi eliminada no Grand Prix de Dusseldorf, na Alemanha, pela israelense Shira Rishony. Nenhuma atleta pontuou, mas a brasileira sofreu uma punição.
Isso sem contar as duas derrotas na Turquia na última sexta-feira.
Então a culpa é da nova regra? Acho que não. Sarah não deixou de ganhar medalhas, nem títulos. Mas as derrotas para atletas menos expressivas chamam a atenção - em especial na estreia, o que não ocorreu uma única vez nos últimos meses.
Claro que isso não tem sido regra, mas também não tem se configurado exceção. E quando é uma campeã olímpica que perde a luta, os olhos do mundo se voltam para isso. Dá manchete.
A medalha olímpica pode ser até um problema. Antes pouco conhecida no mundo do judô, Sarah passou a ser mais visada, estudada. Além disso, os compromissos fora dos tatames são constantes. Contudo, é preciso encontrar tempo e soluções, treinar e identificar onde está o erro, no que melhorar.
Faltam menos de 500 dias para Rio 2016 e é preciso ligar o sinal de alerta. Certamente que Sarah Menezes será a titular do Brasil - o que ainda vejo não acontecer somente em caso de lesão (e bate na madeira três vezes pra isolar essa possibilidade). Mas não basta ir ao Rio. Sarah é campeã olímpica e todos esperam que ela vença.
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