Sotaque sertanejo, força extraterrestre e dramas: o Brasil no Mundial Escolar

20/06/2014 13h00


Fonte G1 PI

Imagem: Arquivo Pessoal / Giuliano RamosClique para ampliarTime de handebol do Caic durante embarque para Turquia.(Imagem:Arquivo Pessoal / Giuliano Ramos)Time de handebol do Caic durante embarque para Turquia.

Enquanto milhares de torcedores ficam de olho na Seleção nos jogos da Copa do Mundo, um grupo de brasileiros tem uma missão que passará de forma discreta aos olhos da torcida. Quatorze estudantes do Caic Professor Balduíno Barbosa de Deus, escola da rede pública de Teresina, Piauí, representam o país no Campeonato Mundial de Handebol Escolar, competição que começa nesta sexta-feira em Trabzon, na Turquia. Pela segunda vez consecutiva, o time participará do torneio internacional. A primeira foi em 2012, na Croácia, quando a equipe saiu com o honroso oitavo lugar. Em 2014, parece que eles beberam aqueles fortificantes. Eles cresceram, ficaram mais fortes e usarão a experiência de dois anos atrás para melhorar a colocação. E as histórias e responsabilidades de Leonardo, Euzébio e Bruno representam bem o Caic.

O primeiro é meia-esquerda. O segundo, central. E o terceiro, goleiro. Leonardo Dutra tem 18 anos. O jogador foi artilheiro do Campeonato Brasileiro Juvenil masculino com 41 gols em cinco jogos, última competição do Caic antes do Mundial. Natural de Anápolis, Goiás, Leonardo é responsável pelos gols do time brasileiro. Puxa os ataques e também os “r”. O sotaque sertanejo do interior já caiu nas graças dos companheiros.

Imagem: Josiel MartinsLeonardo: fã de músicas sertanejas e dono do sotaque Leonardo: fã de músicas sertanejas e dono do sotaque "caipira" do time brasileiro.

- Eles ficam pegando no meu pé pelo modo de falar, mas tudo é brincadeira. Já compartilho com eles nossa música e acredito que iremos conquistar uma boa campanha durante minha primeira competição internacional – fala Leonardo, que tem como destaque a envergadura dos seus 1,82m de altura.

Leonardo é um dos novatos do Caic. Chegou à escola e ao time no começo do ano. O destino no handebol foi desenhado pela mãe, a também atleta Kênia Souto. Durante os jogos de handebol, ela levava o filho aos ginásios. O gosto foi tomando conta, e Leonardo hoje segue os passos da mãe.

A família também foi fundamental para o goleiro Bruno Bonfim, de 18 anos. O Mundial da Turquia será para superar o drama da morte da avó, a dona Maria da Conceição, de 86 anos. O falecimento aconteceu há oito meses por conta de uma bactéria degenerativa, e o Mundial será de superação.

Imagem: Josiel MartinsClique para ampliarApós morte da avó, goleiro Bruno pensou em desistir, mas handebol trouxe alegrias (Foto: Josiel Martins )(Imagem:Josiel Martins)Após morte da avó, goleiro Bruno pensou em desistir, mas handebol trouxe alegrias (Foto: Josiel Martins )

- Ela era uma mãe, sempre muito preocupada. Um amor, uma das pessoas mais importantes. Pensei em até desistir do time por conta da morte dela, mas o handebol me traz felicidade, com amigos bons que me fizeram sair desta tristeza. Treinamos muito e acredito que estamos prontos – revelou Bruno Bonfim, há três anos no Caic, e que se arriscou até no gol do futsal.

Força de "Sayajin"

Uma força de super-herói move o Caic. Ela vem dos braços de Euzébio Henrique, de 17 anos. O atleta é fã do “Sayajin Gohan”, personagem extraterrestre do anime Dragon Ball. O guerreiro Euzébio passou por uma evolução e ganhou músculos, muito diferente do franzino de 2012. A ida à Turquia é mais um passo na trajetória do jogador que sonha em compor a seleção brasileira da modalidade. Euzébio começou no handebol por causa da merenda e superou uma paralisia cerebral que comprometeu os movimentos do braço esquerdo.

- Fizemos um trabalho específico de academia nos últimos anos para ganhar força e não perder tanto a velocidade. Podem esperar um Caic mais forte, técnico e com um poder ofensivo melhor, com mais fintadores – narra Euzébio, responsável por armar as jogadas da equipe brasileira.

Além de Euzébio, outros três atletas do time estavam no Mundial de 2012. Dez, contudo, serão “marinheiros de primeira viagem”, termo usado pelo treinador Giuliano Ramos. Mas a experiência dos últimos dois anos traz boa expectativa ao técnico. De lá até hoje, o Caic conquistou três títulos regionais, duas vezes vice-campeões do Brasileiro cadete, terceiro lugar no juvenil de clubes e bicampeão brasileiro escolar, taça que credenciou o time ao campeonato na Turquia.

- Pegamos uma chave com Hungria, Turquia Grécia, Eslováquia e Sérvia. A equipe está bem preparada por conta do conhecimento adquirido no Mundial passado. Estamos mais cascudos, maduros e sabemos as opções de jogo. Nacionalmente, somos bons. Agora vamos lutar com potências do handebol, esperamos sempre o melhor – conta Giuliano.

Imagem: Josiel MartinsEuzébio e seu personagem ao lado, o Gohan.(Imagem:Josiel Martins)Euzébio e seu personagem ao lado, o Gohan.

Confira as últimas notícias sobre Local: florianonews.com/esportes-local
Siga @florianonews e curta o FlorianoNews

Tópicos: time, campeonato, caic