Técnico de Sarah, Expedito Falcão acusa 'corpo mole' de atletas do PI

15/09/2013 10h54


Fonte G1 PI

Após promover evento que reuniu mais de 3.800 pessoas, em dois dias de competição, Expedito Falcão se emocionou ao falar do início de sua carreira que completa 30 anos em 2014. Observando ter chegado ao ápice como técnico, ele afasta a possibilidade de encerrar a carreira, mas se diz indignado com os atletas da nova geração por não não aproveitarem suas oportunidades de crescer no esporte.

Os resultados individuais conquistados pelos judocas do Piauí e os espaços que foram pensados para abrigar projetos para desenvolver a modalidade no estado podem ter passado a impressão de que tudo vai bem. Mas o professor Expedito Falcão, técnico da campeã olímpica Sarah Menezes, discorda do atual cenário.

- Incentivo até hoje não tem. Isso tudo é ilusão. O que nós vivemos hoje é um reflexo do que começamos na década de 80. Todos têm uma visão muito romântica do judô somente baseado nas conquistas, mas quem está aqui diariamente tem a visão realista - afirmou Expedito.

As criticas do técnico são direcionadas ao material humano do Piauí. Para o treinador, a maioria dos atletas teria condições de chegar bem na disputa de uma vaga para integrar a seleção brasileira, mas fazem "corpo mole". Ele relembra que o Bolsa Atleta, em algumas categorias, chega a ter um valor superior ao salário mínimo e critica os atletas que se apresentam desestimulados diante de uma competição.

Imagem: Emanuele Madeira/GLOBOESPORTE.COMExpedito declara que atletas do estado fazem 'corpo mole' por não aproveitarem potencial.(Imagem: Emanuele Madeira/GLOBOESPORTE.COM)Expedito declara que atletas do estado fazem 'corpo mole' por não aproveitarem potencial.

Segundo o técnico, o judô piauiense teve três boas gerações de competidores: Expedito Falcão e Queiroz Filho na década de 80; na década seguinte vieram Eduardo Castro e Benito Mussoline Neto; Sarah Menezes nos últimos anos.

Recentemente promovido ao 5º Dan da faixa preta, que vai até o décimo, o técnico de Sarah Menezes reafirma a condição de não interromper suas atividades no judô.

- Foi um reconhecimento pelo que eu já fiz pelo esporte. Eu sou um ex-atleta que quero continuar evoluindo, aprendendo e repassando o que eu souber. Nunca fui santo, mas aprendi a tirar as coisas positivas do que eu vivi para fortalecer o espírito, ainda sou novo, tenho muito a repassar - concluiu.

Carreira: 'O Judoca e o Monstro'

Expedito Falcão oscila entre dois papeis diferentes: o técnico realizado e o atleta frustrado, como se define.

- Consegui o que poucos técnicos conseguiram, cheguei ao ápice de ter uma atleta conquistando um título olímpico, formei outros professores e agora vejo os alunos deles. Mas, como atleta, faltou uma única coisa: nascer em outro estado - alegou Expedito.

Justificando suas palavras com sua trajetória, ele relembra que para viajar pela primeira vez o professor Danys Queiroz, hoje presidente da Federação Piauiense de Judô, teve de trabalhar como estivador para conseguir o dinheiro da passagem.

Lutando na categoria até 60kg, os primeiros treinamos, em 1984, eram feitos com atletas mais pesados. Danys Queiroz, com 85kg, era o parceiro de treinos e lutas que chegavam a durar uma hora. A situação se repete, hoje, com atleta Sarah Menezes. Em determinados dias, ela possui apenas Giordano Bruno para realizar seus treinamentos.

- Dói saber que você tem o mesmo nível técnico dos atletas lá de fora, mas a gente chegava para competir e perdia por punições porque o braço não dava, a mão não segurava o quimono, o pulmão não dava, não tinha volume nos treinos - recorda.

Sem dinheiro para pagar as primeiras aulas de judô, Expedito fazia a função de serviços gerais na academia para praticar o esporte. Treinando em um tatame de lona de caminhão revestido de palha de arroz, o técnico foi nove vezes campeão Norte-Nordeste e conquistou a primeira medalha internacional do Piauí.

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