Um dia que não se apaga: a crônica do vice da Série D pela torcida tricolor
16/11/2015 09h05Fonte GEPI
O cenário e a festa estavam montados. Os personagens chegavam aos milhares para dar ritmo e vibração àquela que seria a primeira conquista nacional do futebol piauiense. O sábado, 14 de novembro de 2015, não foi um dia comum em Teresina. Ao contrário das tardes pouco movimentadas de um fim de semana normal, essa foi bem diferente.A decisão do Campeonato Brasileiro da Série D, entre River-PI e Botafogo-SP, mudou a rotina da cidade e arrastou mais de 40 mil pessoas empolgadas ao Albertão. Horas antes do início da decisão, os acessos ao Gigante da Redenção já estavam abarrotados de torcedores, diga-se, de riverinos ou de piauienses que conseguiram colocar as rivalidades locais de lado e viraram riverinos.
Imagem: Magno Bonfim/Drone/TV Clube Albertão se calou? Sim. Mas a campanha na Série D, o acesso, não se apagam.
A alegria pelo momento indelével do futebol piauiense era contagiante: o que se via eram rostos alegres e confiantes no triunfo do Galo Carijó. Na chegada ao estádio, os personagens eram os mais diversos, no entanto todos levavam em comum a torcida pelo River-PI.
O tradicional rádio de pilha esteve colado ao ouvido de muitos torcedores. Eram incontáveis os que chegavam ao estádio com o aparelho. Ninguém queria perder um detalhe. Se o futebol do Piauí demorou tantos anos para viver um momento tão especial, como receber uma final de Campeonato Brasileiro, então nada podia passar despercebido.
Imagem: Abdias Bideh/GloboEsporte.comA turma do rádio no estádio Albertão.
Andando pelas arquibancadas, era comum ouvir mesmo em meio ao barulho ensurdecedor da multidão a narração contagiante dos rádios colados aos ouvidos de alguns torcedores.
A alegria era tanta que até torcedores do Flamengo-PI foram dar aquela força ao Galo. Hum... Isso soa até meio estranho, mas... O aposentado Celso Dantas, cadeirante há nove anos, não mediu esforços para ir ao estádio torcer para o rival local. E ainda foi com a camisa do Fla-PI.
Imagem: Abdias Bideh/GloboEsporte.comNo aquecimento do time, torcida do River-PI já fazia pressão.
- O River hoje é o Piauí. Temos que torcer para o futebol piauiense sempre se dar bem. A rivalidade é apenas no campeonato piauiense – disse ele, que assistiu à partida de um espaço destinado a cadeirantes. A proeza do River-PI na temporada 2015 também conseguiu levar de volta famílias ao Albertão. Era impossível contabilizar os pais que levaram os filhos para ver o jogo na maior praça esportiva do Piauí. A criançada foi, sem dúvida, uma das mais bonitas cenas que se viu no estádio. Percorrendo os setores das arquibancadas, sempre se avistava pais com os filhos pequenos nos ombros, algo que evidencia o surgimento de uma nova geração de torcedores de um futebol que viveu momentos difíceis nos últimos anos.
No meio das arquibancadas lotadas, andar não era uma tarefa fácil. Dar um passo em algumas partes do estádio era tão difícil quanto tirar a alegria dos 40 mil riverinos que foram assistir ao jogo. Isso, apenas o Botafogo-SP foi conseguindo... Batucadas, hino cantado, provocação ao Bota-SP, selfies aos montes. Tudo isso, aos poucos, foi se transformando em aflição quando o jogo passava da segunda metade do segundo tempo, e o 0 a 0 dava o título ao time paulista.
Daí em diante, viu-se uma multidão que mesclava um misto de apoio ao time e uma apreensão impossível de não ser percebida. Gente roendo unhas, olhos arregalados e cobranças para que o técnico Flávio Araújo mexesse na equipe. Pena que ele demorou. Quanto mais se aproximava o fim da partida, o clima de apreensão crescia e pairava sobre o Albertão. Aguerrida, a torcida tentava não desanimar e ainda soltava o grito de eu acredito. O 0 a 0 consagrava o Bota-SP como campeão. Era preciso, então, apoiar os soldados riverinos que batalhavam no gramado do Albertão e ao longo da Série D.
Imagem: Abdias Bideh/GloboEsporte.comFinal resgata ânimo do torcedor
Quando o jogo passava dos 40 minutos, alguns começavam a enxergar a possibilidade da festa piauiense não acontecer no Albertão após o apito final. Mesmo mantendo as esperanças de um gol salvador do tricolor – quase Eduardo fez aos 49 – alguns torcedores comentavam entre si e reconheciam que o Botafogo-SP não tinha chegado ali por mera sorte. Aflitos com o placar desfavorável, eles deram o braço a torcer.
Alguns cantaram, aplaudiram, choraram... Outros foram embora antes do derradeiro vice-campeonato. Albertanazo? Sim, pela taça escapando pelos dedos dentro de uma casa com 40 mil pessoas. Albertanazo? Não, pelo momento histórico vivido.
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