Uso de laser em estádio no Piauà é omitido por arbitragem e Federação
11/02/2013 20h09Fonte G1 PI
No encerramento da segunda rodada do Campeonato Piauiense, o River-PI recebeu o Barras no Estádio Lindolfo Monteiro, em Teresina, e conquistou sua primeira vitória na competição. Na partida que pode ter marcado a arrancada tricolor rumo ao primeiro título estadual desde 2007, também chamou a atenção a utilização de laser do tipo verde contra profissionais que trabalhavam no local da partida. Reprovada pelo Tribunal de Justiça Desportiva do Piauí (TJD-PI), a atitude não foi repreendida pela arbitragem e sequer foi citada na súmula pelo árbitro Rogério de Oliveira Braga.Imagem: Náyra Macêdo/GLOBOESPORTE.COMTorcedores do River-PI usam laser durante jogo contra o Barras.
Encontrado no Lindolfo Monteiro em poder de uma criança, o laser pode ocasionar vários problemas que transcendem as quatro linhas. É o que explica o especialista Luciano Karol Carvalho, membro da Sociedade Brasileira de Retina e Vítreo.
- O maior problema do laser verde é que ele está no espectro do comprimento de onda da retina humana. Isso quer dizer que ele se torna muito mais brilhante para os nossos olhos, o que resulta em um potencial bem maior de ofuscamento. Dependendo do tempo de exposição, pode levar à queima das células receptoras da retina, o que causa um dano irreversível – explica o médico.
Segundo Luciano Karol, os danos provocados pelo laser podem ser bem grandes.
- Dez segundos são suficientes, dependendo da classificação do laser, para se perder a visão.
Para os profissionais que atuam em um jogo de futebol usando lentes, como os fotógrafos, por exemplo, os risco desta exposição é bem maior. De acordo com Luciano Karol, o conjunto de lentes das câmera acaba potencializando os feixes em raios de luz que convergem mais fortes para o olho da pessoa.
TJD reprova uso do laser
A preocupação com a utilização do laser não é apenas médica. O TJD-PI se mostra disposto a punir esse tipo de ato. Porém, como explica José do Egito, presidente da entidade, nenhum tipo de medida foi tomada, até porque nenhuma denúncia foi feita.
– Os casos que já julgamos aqui (no TJD-PI) foram do 4 de Julho e do Parnahyba, por medida indisciplinar da torcida, que jogou objetos em campo. Um caso de uso de laser aqui no Piauí nunca foi denunciado, mesmo nós sabendo que não é de agora que vem acontecendo – diz José do Egito.
Tomando conhecimento do caso apenas após ter sido procurado para a entrevista, José do Egito se mostrou inconformado com o fato de não haver registros desse tipo de atitude nos jogos.
- Não tomei conhecimento desse caso oficialmente. O que vai nos levar a apurar porque isso não está sendo registrado em súmula ou relatado pelo delegado da partida, que seria o mínimo a se fazer, já que o caso tem de estar documentado de alguma forma – explica.
Sobre este caso, José do Egito se comprometeu a dar maior atenção e cobrar dos responsáveis por esse tipo de registro. O presidente do TJD afirmou, inclusive, que deve procurar a Federação de Futebol do Piauí (FFP) para buscar esclarecimentos sobre a ausência da denúncia do uso do laser por parte da torcida no jogo entre River-PI e Barras.
FFP defende punição para torcida
A entidade máxima do futebol piauiense, através de seu presidente, Cesarino Oliveira, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, defende que a responsabilização deve ser para a torcida. Segundo o dirigente, “incômodos” individuais devem ser denunciados à Polícia.
- Quem tem que ser penalizada - antes de tudo - é a torcida, porque eu acho que o clube não é convivente com esse tipo de ato e, a princípio, não deve pagar por isso – argumenta Cesarino.
Questionado sobre a posição da entidade em relação ao uso do laser, além do episódio de racismo contra o atacante Pantico registrado no mesmo jogo, Cesarino Oliveira explica:
- Quem tem que tomar providência é a Polícia e o Ministério Público. Se o jogador acha que sofreu racismo, ele tem que denunciar. Se um torcedor foi agredido, ele também tem que denunciar. Eu não tenho poder de prender ninguém. O que eu não posso é ser conivente com o que está acontecendo. As providências que estão ao meu alcance serão tomadas – esclarece o presidente da FFP.