Depois de 48 anos, o Santos tem um novo Capitão América: Edu Dracena

24/06/2011 09h37


Fonte Globo.com

Imagem: Adilson Barros/Globoesporte.com)Clique para ampliarEdu Dracena mostra a medalha e a réplica da Taça Libertadores.(Imagem:Adilson Barros/Globoesporte.com))Edu Dracena mostra a medalha e a réplica da Taça Libertadores.

Menos de 24 horas depois de entrar para a história como o segundo jogador santista a levantar a Taça Libertadores, após vitória sobre o Peñarol, por 2 a 1, no Pacaembu, o zagueiro Edu Dracena ainda custava a acreditar que tudo aquilo estava de fato acontecendo. Até então, apenas um alvinegro havia tido o privilégio de erguer o troféu mais cobiçado do continente. O ex-volante Zito foi o capitão das conquistas de 1962 e 1963.

Na última quinta-feira à tarde, Edu recebeu o Globoesporte.com em seu prédio, no bairro do Boqueirão, em Santos, para falar sobre esse momento, que, para ele, é inédito: quatro titulos em cinco campeonatos disputados (Paulistão 2010, 2011, Copa do Brasil 2010 e agora a Libertadores). Relembrou passo a passo o caminho até o triunfo: os momentos difíceis, o sofrimento com viagens complicadas, adversários duros, uma quase eliminação na primeira fase e, por fim, a glória. Lembra de todos os detalhes, mas admite:

- Acho que só vou entender o tamanho disso tudo daqui a algum tempo...

O capitão ressaltou ainda a importância da chegada do técnico Muricy Ramalho que, segundo ele, fez os jogadores entenderem que, dentro de campo, é preciso ser solidário e ajudar uns aos outros. Por fim, projetou a disputa do Mundial Interclubes no fim do ano. Edu afirmou que não começou a pensar num possível duelo com o Barcelona, na final, pois ainda está curtindo o título continental. No entanto, garantiu que assim que os trabalhos recomeçarem, na próxima segunda-feira, o Santos vai se preparar com força para tentar a terceira estrela no fim do ano (o Alvinegro Praiano é bicampeão mundial: 1962 e 1963).

Confira a seguir os principais lances do papo com o Capitão América santista.

Globoesporte.com - Qual é a sensação de entrar para a história como o capitão do tricampeonato continental do Santos?
Edu Dracena -
Sinceramente, eu acho que a ficha ainda não caiu. Eu ainda não sei qual é a dimensão desse título. Acredito que só vai dar para perceber o tamanho disso tudo daqui a algum tempo. De qualquer forma, ficar marcado na história do time onde jogou o melhor de todos os tempos é muito bom. Até hoje, só um cara tinha levantado a Taça Libertadores pelo Santos, que é o Zito. Agora, sou eu. Então certamente é algo que vai ficar marcado. Sei que o torcedor santista jamais vai me esquecer e isso me deixa muito feliz.

O Santos foi bem nos mata-matas. Não perdeu nenhum jogo fora de casa. Mas a primeira fase foi complicada. Como você define essa conquista?
Foi a conquista da superação. Passamos por cima de adversários duros, viagens longas, maratona de jogos pelos mata-matas da Taça Libertadores e das finais do Campeonato Paulista. Isso sem contar que sofremos muito na primeira fase, quando quase fomos eliminados.

Por que você acha que o Santos sofreu tanto no início da Libertadores (não venceu nenhum dos três primeiros jogos)?
Eu acho que a equipe demorou um pouco para entender a Libertadores. Não estávamos ligados. Os adversários são duros, a arbitragem é diferente. Quando fomos perceber, já estávamos em uma situação complicada.

Qual você acha que foi o jogo mais marcante dessa campanha?
Sem dúvida foi o primeiro jogo contra o Cerro Porteño, no Paraguai, na primeira fase (o Peixe voltaria a enfrentar os paraguaios novamente nas semifinais). Nós precisávamos ganhar lá para não sermos eliminados já na primeira fase. E ainda estávamos sem vários jogadores (Elano, Neymar e Zé Eduardo, suspensos, não jogaram). Conseguimos uma vitória por 2 a 1 e encaminhamos nossa classificação. Esse foi o jogo que mudou tudo, que determinou a nossa virada.

Esse foi o primeiro jogo que o Santos disputou na Libertadores sob o comando de Muricy Ramalho. Qual é a participação dele nesse título?
O papel do Muricy é fundamental. Ele é um treinador experiente e vencedor. Aliás, é impressionante. Ele está aqui no Santos há três meses e já tem dois títulos (além da Libertadores, o Paulistão). Sua maneira de ser e sua presença mudaram o comportamento dos jogadores. O Muricy faz o simples, não complica. E o simples é bonito. Ele colocou na cabeça de todo mundo que é preciso marcar. Hoje em dia, é difícil alguém fazer um gol no Santos. Os jogadores se ajudam, atuam mais perto uns dos outros. O Muricy reorganizou o time.

Você chegou ao Santos no segundo semestre de 2009 ainda se recuperando de uma lesão no joelho direito. Só foi jogar para valer em 2010. Em um ano e meio, quatro títulos. Dos cinco últimos campeonatos que disputou com o Santos, venceu quatro. Você ao menos sonhava com isso?
Cara, eu acho que nem o mais otimista dos santistas poderia imaginar isso. Na virada de 2009 para 2010, o clube passou por mudanças na direção (Luis Alvaro Ribeiro venceu as eleições e assumiu a presidência substituindo Marcelo Teixeira), mudanças no elenco. De repente, o time encaixou, começou a jogar bem, foi dando liga. Os meninos apareceram muito bem também. Nós tínhamos confiança no nosso potencial. Sabíamos que nosso elenco contava com bons jogadores. Mas, muitas vezes, não adianta só juntar bom jogador. O grupo deu liga.

Em dezembro tem o Mundial Interclubes. Já está pensando em como vai parar o Messi?
Rapaz, é difícil, hein? O Barcelona é o melhor time do mundo. Tem provado isso com títulos. Além de jogar bem e bonito, eles vencem campeonatos. Agora, se conseguirmos vencê-los, poderemos nos equiparar a eles. Mas, na verdade, eu nem comecei a pensar muito nisso ainda. Estou curtindo primeiro a Libertadores. Depois, vamos pensar no Mundial. Além do mais, antes do Barcelona, vamos enfrentar um outro campeão continental e não podemos dar bobeira. Ano passado, todo mundo falava que o Internacional iria disputar a final com o Inter de Milão. Ninguém imaginava que eles fossem perder para o Mazembe. É uma lição. Vamos encarar o Mundial com muita seriedade.

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