'Papai', Neymar chama jogo e brilha mais uma vez na decisão do Paulista
15/05/2011 18h33Fonte G1
Cercado por crianças na entrada para o gramado, antes do clássico com o Corinthians, Neymar não era mais “apenas o menino brincando com a sua bola”, como costuma dizer no comercial da televisão. Depois de assumir na última semana que será papai até o fim deste ano, o atleta de 19 anos cuidava para que os pequenos santistas não se machucassem no alvoroço. Mas a preocupação do atacante terminou por aí.Na decisão do Paulistão, na tarde deste domingo, na Vila Belmiro, Neymar já não lembrava mais aquele menino que há dois anos sentiu pela primeira vez o gosto amargo da perda de um título como profissional, exatamente contra o Corinthians. Em campo, ele não era espectador ou fã, mas sim um objeto de observação do ex-atacante Ronaldo, que acompanhou a final de um dos camarotes do estádio santista. Em 2009, eles estavam em lados opostos, e foi o Fenômeno quem brilhou.
Mais maduro e com dois títulos no currículo – foi campeão do Paulista e da Copa do Brasil de 2010 -, ele ditou o ritmo do Santos contra o Timão. Sem o amigo Paulo Henrique Ganso, machucado, Neymar virou armador, virou maestro. Ousou como no lindo passe para Alan Patrick, aos 39 do primeiro tempo, ou nos dribles em Chicão e companhia. Mas ainda não é perfeito, como gostariam os torcedores do Peixe. Aos 42, perdeu um gol incrível, cara a cara com Júlio César – tentou ludibriar o arqueiro corintiano com um chute no vácuo, mas, na hora da conclusão, o rival acabou afastando o perigo com o pé direito.
- Estou muito feliz por ter vencido, não importa de quem é o gol.. Eu tentei marcar no primeiro tempo, tive chance, mas a bola não entrou. No segundo, dei mais sorte. Espero que ninguém nos segure. Vamos agora trabalhar pela Libertadores - disse Neymar, lembrando que na quarta-feira o time encara o Once Caldas-COL, no Pacaembu, precisando de um empate para avançar às semifinais.
Com Muricy Ramalho no comando, as suas funções mudaram um pouco. Ele não tem só que ajudar o ataque, mas também começar a defender, ao lado de Zé Eduardo. E não foram raras as vezes em que ele grudava no zagueiro ou ajudava na marcação no meio-campo. As reponsabilidades do dono da camisa 11 de cabelo que é mania entre as crianças são maiores agora.
Mas, mesmo com mais tarefas, ele ainda encontrava brechas para dar esperança ao torcedor de ver um placar elástico - Arouca abriu o placar no primeiro tempo. Aos 13, Neymar avançou pela esquerda em velocidade, bem ao seu estilo. Livrou-se de três marcadores e rolou para Elano. Mas o artilheiro do Peixe acabou mandando para fora.
Agoniado com a pressão que o Corinthians fazia na segunda etapa, ele erguia os braços pedindo bola. Mesmo sem seu “brinquedo” por perto, andava de um lado para o outro, sem parar, na tentativa de se desgarrar de Leandro Castan, seu principal marcador desde o 0 a 0 da semana passada.
De tanto insistir pedindo a bola, acabou discutindo em gestos com Zé Eduardo. Recebeu um presente do amigo depois disso. Na área, ele avançou e chutou rasteiro contra Júlio César, que não quis saber do “brinquedo” do santista. Acabou largando a bola e ela entrou mansinha no seu gol, aos 38 minutos da etapa final.
Aí já não dava mais para ser tão responsável assim. Alucinado, Neymar voltou a ser menino. Sem ligar para a chuva que apertou no fim da partida, ele tirou a camisa e saiu correndo para comemorar. Levou amarelo. E viu o Santos ser punido no minuto seguinte, com o gol de Morais, que diminuiu a conta para 2 a 1.
Com poucos minutos para o fim da decisão, Neymar chamava a torcida santista, assustada com o gol corintiano, para jogar com o time. Aos companheiros, pedia menos pressa com as mãos. No apito final, um abraço em Ralf e lá se foi ele, correndo como um menino novamente, sem camisa, para comemorar.
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