Teve Isso! Frango, furada, escorregão e um cardápio variado de lambanças
28/07/2014 13h13Fonte G1 PI
Não só de glórias vive uma rodada do Campeonato Brasileiro. Enquanto o Cruzeiro passeia na liderança da Série A e o Ceará repete a dose na B, tem muita gente fazendo lambança pelos estádios do país. O sábado e o domingo viram vitórias dos dois líderes, mas ninguém ficou livre de um vasto repertório de trapalhadas Brasil afora. Teve frango, teve furada, teve até árbitro escorregando. Teve deboche com máscaras, teve quebra-quebra de cadeiras, teve até time inteiro protestando contra atraso nos pagamentos. Teve isso tudo. É hora de abrir alas para o desfile semanal de episódios inusitados do futebol nacional.Comemoração inchada
Um desagradável "ovo" na mão esquerda. Foi esse o prêmio que Magno Alves recebeu ao marcar o segundo gol do Ceará na vitória por 3 a 2 sobre o Santa Cruz. O artilheiro do líder da Série B se machucou logo após empurrar a bola para as redes, aproveitando cruzamento preciso de Vicente. Com a mão bastante inchada e muitas dores, o Magnata nem pôde comemorar o gol, que interrompeu uma sequência de três partidas sem marcar. Mas pelo menos respirou aliviado com a vitória suada fora de casa e com o resultado da radiografia. Nas redes sociais, tratou logo de tranquilizar os torcedores: nada de fratura, muito gelo e bola para frente.
O chute de Wellington Silva saiu lá do meio da rua, de pé esquerdo, meio despretensioso, na linha "vamos ver no que dá". E deu. Marcelo Lomba posicionou o corpo, levantou os braços... e engoliu o frango da rodada. Antes mesmo de a bola morrer mansa na rede do Bahia, a expressão do goleiro já denunciava o desespero, como é possível ver no replay por trás do gol. E olha que a falha acabou custando caro: foi o gol solitário que definiu a vitória magra do Internacional na Fonte Nova.
De lavada
Se existe um time sem motivos para lamentar nesta segunda-feira, é o Cruzeiro. O líder isoladíssimo da Série A passou por cima do Figueirense e goleou por 5 a 0. Mas foi preciso superar um primeiro tempo pegado, com o gramado do Mineirão parecendo uma piscina. A chuva que castigou Belo Horizonte na sexta e no sábado criou cenas de polo aquático durante o jogo. Na segunda etapa, saiu a chuva, entraram os gols, e a Raposa tratou de aniquilar o adversário. Como de hábito.
Não é toda hora, né...
Parece que Neto Baiano gostou desse negócio de fazer gol do meio de campo. Duas rodadas após assinar uma pintura contra o Botafogo, bateu aquela saudade no jogador do Sport. No domingo, contra o Atlético-MG, ele tentou três vezes acertar o gol de Victor lá do meio da rua. A diferença é que, desta vez, a bola mal chegou perto da meta rival. Primeiro, ele ganhou uma disputa com Tardelli e soltou o chute sem força. Aberto na lateral, tentou de novo, mas o goleiro saiu para defender. Por fim, arriscou quando Victor subiu ao ataque, mas falhou. Fica para a próxima.
Cofres vazios
Não está fácil para ninguém. Mas para o Botafogo está ainda mais difícil. Além da derrota para o Flamengo no clássico de domingo, o Alvinegro amarga problemas financeiros que os jogadores fazem questão de não esconder. Antes da partida, o time entrou no gramado do Maracanã carregando uma faixa onde se lia “Estamos aqui porque somos profissionais e por vocês, torcedores”. O protesto ainda detalhava o que estava atrasado: cinco meses de direitos de imagens, três meses na carteira de trabalho e o FGTS.
Cheiro estranho no ar
Na primeira visita à nova casa do arquirrival, a torcida do Palmeiras levou um presente extra: a provocação. Cerca de 1.500 palmeirenses foram à Arena Corinthians de trem para assistir ao clássico deste domingo e vestiram máscaras hospitalares na entrada do estádio. Tudo para dizer que o local seria “nocivo à saúde”. A Polícia Militar não coibiu a brincadeira, mas tampouco permitiu que os torcedores entrassem assim no estádio. Resultado: um mar de máscaras no chão do lado de fora. E o pior: derrota dentro de campo para o Timão.
Que papelão
Dentro da Arena Corinthians, a atuação de alguns torcedores do Palmeiras foi bem além da brincadeira e descambou para a falta de educação. O setor do estádio destinado aos visitantes teve várias cadeiras quebradas. E ainda teve espertinho se gabando nas redes sociais pelo estrago feito. Agora o clube é que terá de colocar a mão no bolso. Antes do clássico, o Corinthians já tinha deixado claro o acordo: qualquer dano seria ressarcido pela diretoria alviverde. Os vândalos palmeirenses pareciam não se importar muito e ainda diziam em voz alta: “Coloca na conta do Paulo Nobre”, referindo-se ao presidente do clube.
Cadê o revisor?
Não foi só fora de campo que a 12ª rodada viu erros. Alguns, é bem verdade, inofensivos. Foi o caso de Dellatorre. De volta ao Atlético-PR após ser emprestado ao Queens Park Rangers, da Inglaterra, o atacante reestreou no domingo, na derrota para o Fluminense por 3 a 0. E pelo visto o período de ausência fez o clube paranaense esquecer a grafia do seu nome. O jogador entrou aos 16 minutos do segundo tempo com o nome Delatorre na camisa, com um L a menos.
Pernas trocadas
O jogo na Arena da Baixada não teve lambança apenas de revisão das camisas. Até o time vencedor teve seu momento de constrangimento. Se o Fluminense ficou plenamente satisfeito com a vitória tranquila, não dá para dizer o mesmo de um lance curioso do lateral-esquerdo Carlinhos. Logo no início do segundo tempo, ele foi à linha de fundo e, na hora do cruzamento, trocou as pernas. Todo enrolado, furou e jogou a bola pela linha de fundo. Para sorte dele, não havia torcida para vaiar, já que a partida foi disputada com portão fechados.
Já vai, seu juiz?
Jogador perdendo a passada, o torcedor vê toda hora. Com o árbitro, é mais raro, mas também acontece. E aconteceu no clássico carioca. Na parte final de Flamengo x Botafogo, Cáceres fez falta por trás em Emerson Sheik. Lance para o segundo cartão amarelo e a consequente expulsão do jogador rubro-negro. O juiz Wilton Pereira Sampaio não pensou duas vezes, mas no ímpeto para tirar o cartão do bolso foi traído pela grama molhada do Maracanã. Escorregou, manteve a classe, levantou-se e mandou o paraguaio para o chuveiro mais cedo.
Ariano gigante
Marcada por lances esquisitos, a rodada teve também um momento de bela homenagem. Pela segunda vez desde a morte de Ariano Suassuna, na última quarta-feira, o Sport lembrou o escritor. No domingo, contra o Atlético-MG, a família de Ariano entrou em campo ao lado de um boneco gigante usado no carnaval. O tributo continuou no uniforme dos jogadores, que levaram nas costas nomes de personagens do escritor. E Durval, representando o cangaceiro Severino de Aracaju, de “O Auto da Compadecida”, fez o segundo gol na vitória por 2 a 1 sobre o Galo.
Cajá cheio de moral
Para ganhar homenagem, nem é preciso ser um ícone da cultura brasileira como Ariano Suassuna. Renato Cajá, contratado para vestir a camisa 10 da Ponte Preta, tirou onda no fim de semana. No intervalo da partida contra o Vasco, o meia entrou no gramado Moisés Lucarelli em um carro do programa sócio-torcedor da Macaca. Ao descer do veículo, foi ovacionado pela torcida, andou até o círculo central e depois distribuiu camisas personalizadas no alambrado. Só não deu para calçar as chuteiras, suar a camisa e evitar o empate em 0 a 0.