Análise: insaciável, Cruzeiro utiliza repertório para construir goleada e lavar a alma na Série B
27/08/2022 08h57Fonte Globoesporte.com
Imagem: Alessandra Torres/AGIFJogadores do Cruzeiro comemoram gol de Eduardo Brock diante do Náutico.
A fome do Cruzeiro, nesta Série B, parece não ter fim. O time goleou o Náutico por 4 a 0, querendo mais gols até o último minuto. Placar merecido, construído com repertório e vontade do primeiro classificado à elite de 2023. Só não é matemático, ainda.
O Cruzeiro, de Paulo Pezzolano, se mostrou diferente desde o primeiro jogo, exatos sete meses atrás. Enfrentou desconfiança no início da Série B, mas foi remontado para ser confiável. Construía vitórias seguras, mas tinha futebol e fome, em vários momentos, para ter também placares seguros. A torcida clamava por uma goleada. E ela chegou.
Desde o primeiro minuto de partida, o Cruzeiro deixou clara a diferença entre o líder e o lanterna da competição. O Náutico se defendia com todos em seu campo, montando duas linhas de quatro, com apenas Kieza e Jean Carlos à frente. Nem tão à frente assim, na verdade. Apenas adiante das demais.
Mas o time celeste mostrou repertório para vencer a retranca. Com Wesley Gasolina pela direita, o Cruzeiro não ficou “torto”. Seguiu usando bastante Bidu, mas também variando os lados das jogadas. O meio estava congestionado? Sim, mas não foi invalidado. O Cruzeiro conseguia infiltrar por ali no primeiro tempo, mas sem inspiração de Luvannor.
Chegou a abrir o placar com Lucas Oliveira, mas o gol foi anulado por impedimento. Pouco depois, o grito foi, de fato, desentalado, mais uma vez graças ao repertório de jogo. Zé Ivaldo avançou quase como um meia pela direita e colocou na cabeça de Edu, que deu fim ao jejum de dois meses sem marcar.
Zé Ivaldo e Eduardo Brock são fundamentais nessas jogadas, principalmente contra adversários fechados. Ganham campo, passam a ser opções ofensivas, confundem o sistema de marcação e, além de tudo, têm qualidade para o passe final, seja por baixo ou em cruzamentos.
Lá atrás, no Mineiro, contra o Democrata GV, o próprio Edu desafogou o Cruzeiro, no fim, graças a uma bola parecida com a da noite passada, mas partindo de Brock, na esquerda.
Imagem: Cruzeiro/Divulgação Lincoln comemora o primeiro gol pelo Cruzeiro.
A reta final do primeiro tempo foi desconfortável para o Cruzeiro. O Náutico esteve, sim, perto de empatar. Ganhou moral e voltou para o segundo tempo buscando o jogo um pouco mais. Ímpeto findado com o gol de Eduardo Brock, aos 22 minutos.
Ali, com o Independência indo abaixo e o psicológico do Cruzeiro fazendo o caminho inverso ao do Náutico, afundado em crise, o time mineiro foi mais dono do que nunca da partida. Voltou a fazer o jogo acontecer apenas em metade do campo e, sem piedade nenhuma, construiu a goleada.
Detalhe: quando o jogo estava 3 a 0, e o Cruzeiro ainda tinha um jogador a mais em campo, Varini simplesmente tirou Eduardo Brock para colocar Jajá. Mais um exemplo de um time insaciável. E foi do atacante a pintura que fechou o placar no Independência.
O torcedor do Cruzeiro terá mais um final de semana feliz. Já comemorou atuações corajosas contra rivais mais poderosos, venceu gigantes, construiu placares no apagar das luzes. Agora, também pode dizer que goleou, fazendo prevalecer sua qualidade coletiva na Série B 2022. Lave a alma, cruzeirense!