Análise: seja com reservas ou titulares, Flamengo de Filipe Luís se destaca pelo DNA ofensivo

06/02/2025 09h11

Fonte ge

Filipe Luís usou times diferentes nos seus primeiros quatro jogos na temporada. Revezando titulares e reservas, nem sempre com o nível mais alto de entrosamento, o treinador deixa o padrão de jogo do Flamengo mais claro a cada partida: o de um time com posse de bola agressiva. Foi assim na goleada por 5 a 0 sobre a Portuguesa, na quarta-feira, em Uberlândia.

O treinador poupou os titulares que conquistaram a Supercopa do Brasil, no domingo passado, e aproveitou o jogo do Carioca para dar minutagem aos reforços Danilo e Juninho e a jogadores que estão voltando de lesão, casos de Arrascaeta, Luiz Araújo e Everton Cebolinha.

Não dá para dizer que uma equipe com esses nomes é reserva, mas é este o cenário do Flamengo. Há muita qualidade para escolher apenas 11 titulares. "Que eles falem no campo e quem quebra a cabeça sou eu", resumiu Filipe Luís.

O clichê da boa dor de cabeça para o técnico nunca foi tão real.

Início travado

O Flamengo teve dificuldades de encaixar o jogo no início e sofreu com a transição defensiva na primeira metade do primeiro tempo, mas em nenhum momento abriu mão de ter a bola no ataque, empurrando a Portuguesa para o seu campo. Comportamento comum do time de Filipe.

Parte da dificuldade do Flamengo foi mérito da Portuguesa, que se preparou para impedir a ação do time rubro-negro por dentro. Essa construção demorou a encaixar também porque Evertton Araújo e Allan bateram cabeça em alguns minutos e lhes faltou mobilidade na frente.

Nesses momentos, a Portuguesa aproveitou os contra-ataques e criou as primeiras melhores chances do jogo. Foram quatro em sequência: duas vezes com Romarinho, uma com Willian e outra com Marcus Vinícius. O Flamengo deu mole na defesa, mas não demorou muito a corrigir o posicionamento e começar a mandar no jogo.

O caminho foram as laterais. Na primeira boa chance, aos 17 minutos, Daniel Sales cruzou na cabeça de Juninho, que finalizou no canto e obrigou Douglas Borges a boa defesa. O jogo pelo lado fez o Flamengo abrir o placar no Parque do Sabiá: Luiz Araújo cruzou para a área, a bola sobrou para Arrascaeta, que soltou uma bomba. O goleiro da Portuguesa espalmou no travessão e, no rebote, Juninho cabeceou para o gol.

Luiz Araújo criou outra grande chance, em chute colocado para boa defesa de Douglas Borges no seu canto direito. O camisa 7 foi o grande destaque do primeiro tempo. Mostrou repertório na construção de jogadas e na movimentação, às vezes atuando como um meia atrás dos atacantes, às vezes mais aberto e aparecendo em ambos os lados.

O Flamengo foi para o intervalo longe de ser brilhante, mas foi mais eficiente do que a Portuguesa. Ainda que com mais volume de jogo do que o adversário, o time rubro-negro bateu cabeça na defesa, com Daniel Sales e Ayrton Lucas comprometendo em disputas com Romarinho.


Show de Arrascaeta e chances para os garotos

O planejamento do Flamengo está surtindo efeito, e Filipe Luís vê dois dos principais jogadores do elenco perto de atingirem o nível físico dos demais. Luiz Araújo e Arrascaeta são as grandes notícias da goleada. O camisa 10 "brincou" no segundo tempo.

O Fla mudou o posicionamento dos volantes, com Allan se aproximando mais dos zagueiros para fazer a saída de bola e fechar os espaços que a Portuguesa teve. A única chance do adversário saiu de erro individual de Daniel Sales, que perdeu a bola na linha de fundo e foi salvo por corte providencial de Evertton Araújo na pequena área. Isso foi aos 7 minutos.

Depois o Flamengo se lançou ao ataque e por lá ficou. Em grupo e rodando as peças criativas. Saiu de Allan o cruzamento para Ayrton Lucas cabecear aos 11 minutos. Douglas Borges espalmou para o lado oposto, onde estava Luiz Araújo muito bem posicionado para fazer 2 a 0.

Nos 13 minutos seguintes, o Flamengo fez o inferno na defesa da Portuguesa. Aos 12, Daniel Sales entrou livre na área e foi derrubado. Arrascaeta converteu de cavadinha, por cima do goleiro. Frio e calculista, como foi no passe para Matheus Gonçalves, aos 24. O meia-atacante, que tinha feito fila na direita, recebeu linda bola levantada pelo camisa 10 e finalizou na saída do goleiro.

Na parte final do segundo tempo, o Flamengo já estava bem mudado. Além de Matheus Gonçalves, entraram Pablo Lucio, Guilherme, Wallace Yan e Shola - todos da base. Dos pés da garotada saiu o quinto gol. Guilherme colocou na frente para Wallace, que entrou na área e chutou cruzado na saída do goleiro. O atacante de 19 anos chegou ao seu quarto gol em cinco jogos do Carioca.

- Os meninos que eu coloquei hoje trabalharam comigo na base no sub-17 e no sub-20, sabem como eu trabalho. Já treinaram e trabalharam comigo. Sabem quando tem que atacar espaço, quando tem que ir no pé... Eles beberam da água do conteúdo... É o grande sonho que tinha quando estava na base, que todas as categorias jogassem ao modo Flamengo, esse modelo que a torcida exige.

O sonho do treinador está sendo realizado. O modelo que começou a implementar na base é perpetuado agora no profissional. Seja com o sub-20, o time reserva ou os titulares, o que o torcedor pode esperar de Filipe Luís é um Flamengo que não abre mão das suas convicções e que usa o elenco técnico e habilidoso para potencializar o DNA ofensivo inerente ao clube.