Após largar futebol, kitesurfista lança projeto social e comemora: "Futuro"

16/09/2015 16h45


Fonte G1 PI

Estefânia Rosa mora na praia do Cumbuco, no Ceará. Ela era atleta de futebol, quase chegou a integrar o time profissional do Caucaia, mas em um dos seus aniversários ganhou um kite de presente e mudou de vida. Em três meses, a aposta do inglês David Shields evoluiu. E com um ano veio o título de campeã cearense da modalidade. Mas nenhum título é mais importante do que os projetos que ela desenvolve na praia cearense, que reúne grande parte das crianças para ocupar o tempo delas e dar outras oportunidades.

"Eu era uma criança que não tinha muita perspectiva e que ganhou uma oportunidade, então acho que tem muita criança ociosa, e o Cumbuco é um lugar muito pequeno. Meu futuro poderia ser como o de outras crianças e ser bugueira, recepcionista, garçonete. Eu me senti um pouco responsável porque eu estava evoluindo, mas não tinha ninguém evoluindo junto comigo"
, explicou.

Imagem: Emanuele MadeiraEstefânia Rosa treina crianças e adolescentes para a prática do kitesurfe. (Imagem:Emanuele Madeira)Estefânia Rosa treina crianças e adolescentes para a prática do kitesurfe.

Então, mãos à obra. Após os primeiros títulos, vieram os patrocinadores. O futebol, a primeira paixão, ganhou a companhia da capoeira e do kitesurfe para ajudar essas crianças a ocuparem o tempo que passam longe da escola. Crianças e adolescentes treinam para ser uma nova geração vitoriosa no kitesurfe graças ao trabalho de Estefânia.

O Ceará dominou do Campeonato Brasileiro de Kite, que aconteceu em Luís Correia, litoral do Piauí, com Set Teixeira, Carlos Mário, Erick Anderson, Alex Neto e Kalu de Sousa. Esse domínio é o que Estefânia quer ver futuramente, mas também nas competições femininas.

De maneira bem tímida, as famílias começam a participar cada vez mais da evolução dos pequenos do Cumbuco. E o retorno sempre vem em pequenas grandes doses de esperança para quem se vê em cada criança que chega para fazer parte do projeto.

"A gente acaba participando muito da vida deles e da família, então acabamos recebendo um retorno que é vê-los velejando conosco, ter respeito, indo bem na escola. Isso é muito gratificante de ver", conta.

Imagem: Emanuele MadeiraDo futebol para o kite: mar e manobras radicais viraram paixão de Estefânia. (Imagem:Emanuele Madeira)Do futebol para o kite: mar e manobras radicais viraram paixão de Estefânia.

No primeiro grupo montado, Estefânia conseguiu reunir oito meninas. Entre elas, a Juju que chegou sem saber nadar, um pouco desajeitada, e com paciência de sobra para aprender no ritmo dela. Hoje ela é a única menina daquele primeiro grupo que ainda persiste velejando com seu próprio kite.

"As outras meninas achavam que eram tão boas que nunca deram continuidade no que aprenderam, mas essa que sempre era a última não tinha muita esperança, mas com muita motivação ela conseguiu. Isso é superação", contou a terceira colocada no Brasileiro de 2015.

Um desejo para o futuro é que as crianças possam evoluir e voltar para repassar o conhecimento e fazer o caminho de volta de ensinar aqueles que virão. Para as competições, ainda não foi dessa vez que o material deu para todo mundo.

Imagem: Emanuele MadeiraEstefânia Rosa manda bem no mar com manobras radicais e mantém projeto social.(Imagem:Emanuele Madeira)Estefânia Rosa manda bem no mar com manobras radicais e mantém projeto social.

Figurando no pódio ao lado da campeã mundial Bruna kajiya e Dioneia Vieira, a sua certeza é que sua presença possa incentivar elas a buscarem o pódio também no esporte, na vida, na escola. Uma superação de cada vez que a batalha é árdua para cuidar de um projeto social com tantos sonhos, e as possibilidades são de mudança com bons ventos a favor.

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