Campeã defende boxeadoras envolvidas em polêmica nas OlimpÃadas: "Nasceram mulheres"
03/08/2024 09h54Fonte ge
Imagem: Montagem/Reprodução/InstagramLin Yu-ting (esq.) e Imane Khelif, boxeadoras liberadas para participar do torneio feminino dos Jogos Olímpicos de Paris 2024.
A australiana Skye Nicolson, atual campeã mundial do peso-pena no boxe, saiu em defesa das lutadoras envolvidas em polêmica de gênero nas Olimpíadas de Paris. Nicolson, que lutou tanto contra Imane Khelif quanto Li Yu-Ting, afirmou que elas nasceram mulheres e sempre competiram como tal.
- Eu lutei e treinei com as duas. Elas nasceram mulheres. Nasceram com um cromossomo XY, que é o cromossomo masculino, mas nasceram com corpos femininos. Elas têm os atributos físicos de uma mulher - disse Nicolson.
Khelif e Li Yu-Ting foram liberadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para disputar as Olimpíadas de Paris, apesar de terem sido reprovadas em testes de testosterona pela IBA (Associação Internacional de Boxe) em 2023.
- Elas cresceram como meninas, como mulheres. Sempre competiram como mulheres. Elas não são homens que decidiram se chamar mulheres ou se identificar como mulheres para lutar contra mulheres nas Olimpíadas - completou Nicolson.
Imagem: Getty ImagesAngela Carini em luta contra Imane Khelif.
Khelif venceu a italiana Angela Carini após 46 segundos de luta, quando a oponente desistiu. Carini depois pediu desculpas à argelina.
Yu-Ting também estreou nos Jogos com vitória. Ela derrotou Sitora Turdibekova, do Uzbequistão, por pontos.
Entenda o caso
É importante ressaltar que este não se trata de um caso de atleta transexual. Imane Khelif "nasceu mulher, foi registrada como mulher, vive sua vida como mulher, luta boxe como mulher. Não se trata de um caso de transexualidade", como reforçou o porta-voz do COI, Mark Adams, nesta sexta-feira.
Khelif tornou-se centro do debate nas disputas de boxe nos Jogos de Paris por ter sido liberada pelo COI para competir, após a eliminação no Mundial de 2023 por reprovar nos "critérios de elegibilidade" da Associação Internacional de Boxe (IBA).
Imagem: Getty ImagesAngela Carini em luta contra Imane Khelif.
A IBA mantém em sigilo o caráter desses critérios de elegibilidade, enquanto o presidente da entidade, Kremlev, chegou a dizer no ano passado que o motivo teria sido a "presença de cromossomos XY" nas atletas - Khelif e Yu-Ting. Esses exames nunca foram publicados.
Segundo relatório do COI, Khelif foi retirada do Mundial por exceder o limite dos níveis de testosterona no corpo. A IBA nega essa informação.
Para as Olimpíadas, porém, elas foram liberadas pelo COI. A entidade usa regras diferentes da IBA, que perdeu a condição de órgão responsável por organizar a competição nos Jogos - destituída por falta de transparência financeira.
A Paris Boxing Unit que está responsável e confirmou que elas cumprem os critérios médicos necessários. As regras se baseiam nas usadas na Rio 2016 e Tóquio 2020.