Fifa e Ricardo Guimarães: Sette Câmara explica dívidas que Atlético-MG abate e tenta liquidar

28/03/2020 09h47


Fonte g1

Imagem: Guilherme FrossardClique para ampliarRicardo Guimarães, conselheiro e ex-presidente do Atlético-MG(Imagem:Guilherme Frossard)Ricardo Guimarães, conselheiro e ex-presidente do Atlético-MG
 A palavra de ordem da gestão de Sérgio Sette Câmara no Atlético, e que já foi usada como rótulo, é "austeridade". Em abril, teoricamente, o conselho deliberativo do clube irá votar e avaliar mais um balanço financeiro anual (2019) do Galo. Será a vez de saber como andam as contas do clube. Nos dois últimos anos, o presidente alvinegro não teve bons resultados em campo, mas conseguiu saldar algumas dívidas. Ainda há outras pelo caminho, como as discutidas na Fifa e com o ex-presidente Ricardo Guimarães.

Em entrevista ao GloboEsporte.com, o mandatário do Atlético explicou como andam as duas situações. Em 2018, no último balanço publicado, o Galo ficou no prejuízo de R$ 21 milhões (número menor que o saldo vermelho de 2017, é verdade). Mas houve aumento da dívida e há a preocupação com os juros que correm todo ano diante de empréstimos adquiridos, principalmente com instituições financeiras. É o caso de Ricardo Guimarães, ainda que os juros praticados da dívida sejam "amigáveis".

- Uma dívida que começou desde quando ele era presidente, de muitos e muitos anos. Mas é o juros mais barato que tem. Nós não temos nenhuma negociação, nenhum centavo no Atlético que o juros é mais barato que o dele. É, basicamente, a (taxa) Selic. O valor só é corrigido por ela.

Em 2010, o GloboEsporte.com já explorava o assunto: a dívida com Ricardo Guimarães era quase na casa dos R$ 100 milhões. E, curiosamente, foi feito um acordo entre ele e Alexandre Kalil (hoje, novamente, desafetos). No aperto de mãos, ficou decidido que a dívida seria congelada (moratória) até julho de 2012. Depois, seria corrigida pela Selic. O Atlético pagaria R$ 200 mil por mês ao banqueiro (sem correções, a dívida seria paga integralmente no prazo de 39 anos). Entretanto, para acelerar a amortização, ficou acordado que o Galo repassaria 15% de cada venda de atletas ao ex-presidente.

Entretanto, ao longo dos anos, os pagamentos nunca foram cumpridos à rigor durante as gestões que se passaram. Sette Câmara e Ricardo Guimarães têm boa relação. O atual presidente foi vice de Ricardo Guimarães, ocupando a pasta patrimonial do clube. Sérgio explica a situação da dívida.

- O que existe, e o contrato não é do meu tempo: há uma amortização mensal normal, todo mês pagamos um valor. E um acerto de que, quando o Atlético faz uma venda, um percentual dessa venda, uma parte pequena seja destinada a amortizar a dívida. Como ele já tinha renegociado a dívida diminuindo o valor, e os juros praticamente não tem, eles colocaram isso no contrato. Que eu entendo ser inclusive bem vantajoso para o Atlético. Mas, na verdade, nenhum presidente cumpriu à risca isso com ele. Esses 15%, dificilmente ele recebeu esse valor. Ainda assim ele aceitou. A gente tem tido uma certa condescendência por parte dele. Ele sabe que a situação é complicada. Então, ele é o melhor credor que temos, com juros mais baixos. Quem dera se trocássemos todas as dívidas que temos pelas taxas e acordos dessa dívida (com Ricardo Guimarães).

Sérgio Sette Câmara cita a dívida com a família Guimarães, com o próprio Ricardo e com instituições pertencentes ao banqueiro - Banco BMG e Daycoval. No balanço de 2018 (publicado em abril de 2019) são sinalizados empréstimos contraídos das duas instituições financeiras: R$ 60,7 milhões com o BMG e outros R$ 9,7 milhões com o Daycoval, totalizando 70,4 milhões.

Tópicos: clube, valor, juros