Flamengo repete erros e precisa corrigir problema crônico para não colocar temporada em xeque
10/04/2025 08h46Fonte ge
Quase um déjà vu. A derrota do Flamengo para o Central Córdoba, por 2 a 1, nesta quarta-feira, no Maracanã, pela Libertadores, lembra muito a última aparição do time no estádio pela competição: a derrota para o Peñarol, que custou a eliminação no ano passado. Em 2024, o time perdeu a invencibilidade de cinco anos como mandante. Em 2025, Filipe Luís perdeu a invencibilidade de 27 jogos.O adeus à invencibilidade ficará em segundo plano nesta análise. Falaremos de um roteiro repetido e de um problema crônico evidenciado. Os jogos ao longo de 2025 são semelhantes: muitas oportunidades criadas e poucos gols marcados.
No geral, o número de gols não corresponde ao volume ofensivo do time. Nesta noite não foi diferente. A falta de eficácia no ataque coloca em risco o resultado com qualquer acidente de percurso. No Maracanã, o desempenho muito abaixo do sistema defensivo foi crucial para a derrota.
Imagem: André Durão
Bruno Henrique Flamengo Córdoba

Um pênalti cometido por Léo Pereira e uma falha geral no segundo gol do Central Córdoba custaram um preço ainda mais alto quando o ataque, mesmo tendo oportunidades de sobra, não conseguiu compensar. A (única) boa notícia é o retorno do artilheiro Pedro, que volta com a pressão de acabar com o problema.
Se a prioridade do ano é o Campeonato Brasileiro, jogos e pontos perdidos como o desta noite, pela Libertadores, no Maracanã só aumentam a pressão em torno dos resultados e obrigam - mesmo que a contragosto - usar força máxima em todas as competições. As vaias ouvidas no fim do primeiro tempo e depois do apito final evidenciam a sede do torcedor por um melhor desempenho e pela valorização de todas as competições.
Falhas defensivas e gols perdidos
Entre muitas chances criadas e alguns sustos, o Flamengo sentiu o peso de não marcar gols mesmo diante de um rival considerado mais frágil. Afinal, nem o rubro-negro mais pessimista ou um rival mais otimista acharia que o Central Córdoba iria para o intervalo vencendo por 2 a 0 no Maracanã.
A tônica do primeiro tempo resume bem o que tem sido o ano de 2025 do Flamengo: um time que cria muitas chances, controla a maioria dos jogos, mas que não consegue traduzir isso em partidas confortáveis.
Imagem: André Durão/ge
Filipe Luís dá instruções em jogo do Flamengo contra o Central Córdoba.

Nos últimos dois jogos, aliás, as vitórias magras evidenciaram o quanto o ajuste fino buscado por Filipe Luís passa por um melhor aproveitamento ofensivo. Diferentemente do que aconteceu nas partidas citadas, dessa vez os erros defensivos também assombraram o treinador.
> O Flamengo entrou em campo com Rossi; Varela, Léo Ortiz, Léo Pereira e Alex Sandro; Evertton Araújo, De la Cruz e Arrascaeta; Plata, Bruno Henrique e Juninho.
O Flamengo teve ao menos quatro boas oportunidades de abrir o placar. Juninho (duas vezes), Bruno Henrique, Arrascaeta e Ortiz desperdiçaram boas chances antes de Léo Pereira tocar a bola com a mão dentro da área e dar ao rival a oportunidade de ficar à frente: Hederia converteu o pênalti e abriu o placar.
Com a vantagem, o Central Córdoba atraiu o Flamengo para dentro da sua área. Mas a falta de pontaria trouxe à tona o problema crônico. Arrascaeta teve outras duas oportunidades e Plata mais uma. As chances claras e os 79% de posse de bola de nada valeram: Florentin aproveitou cobrança de falta e uma pane defensiva da defesa rubro-negra para ampliar a vantagem.
De volta ao jogo, mas tarde demais...
Filipe Luís volta para o segundo tempo com os três jogadores poupados: Wesley, Pulgar e Gerson entraram nos lugares de Varela, Evertton Araújo e Juninho, respectivamente. As mudanças logo no início fizeram o Flamengo ser mais presente e intenso no ataque - com duas finalizações de Plata e uma bola no travessão de Wesley -, mas ainda sofrendo com os contra-ataques rápidos do Central Córdoba.
Apesar da tentativa, o Flamengo parecia que não encaixava na segunda etapa. Ficar atrás no placar desestabilizou um time que está acostumado a vencer e que não havia sofrido dois gols em nenhuma partida com Filipe Luís no ano. Mas... se com a bola rolando as coisas pareciam difíceis, a bola parada ajudou. Aos 15 minutos, De la Cruz cobrou falta e viu a bola tocar no travessão antes de balançar as redes.
A pressão inicial motivada pelas mudanças foi perdendo força aos poucos, evidenciando o cansaço físico e a dificuldade de se manter a intensidade em busca da virada no placar. Pedro, que entrou aos 28 minutos após quase sete meses fora dos gramados, sequer teve uma chance clara.
Imagem: André Durão
De la Cruz foi o autor do gol do Flamengo no Central Córdoba pela Libertadores 2025.

A verdade é que o Flamengo venceu alguns jogos com uma pequena dose de sorte. O time conseguiu vitórias magras em que corria risco nos minutos finais de praticamente todas elas. Mas, desta vez, a sorte não apareceu no Maracanã. A cabeçada de Bruno Henrique na trave aos 51 minutos é uma prova disso.
O Flamengo deixa o Maracanã com o diagnóstico antigo e mais uma vez reforçado: a falta de eficiência e a dificuldade em converter oportunidades em gol pode custar o resultado. Se não acertar, pode custar uma temporada. A derrota de desta quarta-feira já liga o alerta na Libertadores para a busca do primeiro lugar do Grupo C.