Fluminense x Botafogo: um clássico Vovô de ex-colegas de classe e de campo

08/10/2023 09h17


Fonte O Globo

Imagem: Editoria de ArteFernando Diniz e Lucio Flavio serão os técnicos de Fluminense e Botafogo no Clássico Vovô de hoje.(Imagem:Editoria de Arte)Fernando Diniz e Lucio Flavio serão os técnicos de Fluminense e Botafogo no Clássico Vovô de hoje.

O clássico de hoje entre Fluminense e Botafogo, pelo Brasileirão, colocará frente a frente Fernando Diniz e Lucio Flavio. De gerações próximas de treinadores, ambos se conhecem de longa data: foram companheiros de Paraná e ainda fizeram o curso da Licença A da CBF, em 2019. Eles se enfrentarão nesta tarde em estágios completamente diferentes, nas carreiras e nas situações dentro de seus clubes.

Novidade à beira do campo, Lucio fará, no Maracanã, seu primeiro jogo como técnico interino do alvinegro em 2023. Após integrar as comissões de Cláudio Caçapa e Bruno Lage, o ex-jogador ganhou a oportunidade de comandar o time nesta reta final de um Brasileirão que pode ser histórico para o clube.

Apesar da aprovação dos líderes do elenco, Lucio ainda não tem carreira vasta o suficiente para passar 100% de segurança no cargo. Ele nunca foi contratado como técnico efetivo e só trabalhou em clubes onde teve passagens marcantes como jogador. Não à toa, sua permanência no alvinegro até o fim da competição será avaliada de acordo com os métodos nos treinamentos e, claro, os resultados.

Após pendurar as chuteiras, em 2017, o ex-meia passou um tempo sem trabalhar no futebol, priorizando seus estudos para virar treinador. No fim de 2018, aceitou proposta para ser auxiliar do Paraná, onde também marcou época como atleta. Dois anos depois, desligou-se do clube paranaense para se tornar auxiliar permanente do Botafogo.

Desde então, assumiu o posto de técnico interino duas vezes, sem grandes feitos, e depois foi eleito treinador do time sub-23, onde também não teve muito sucesso. Foi na chegada de Caçapa que Lucio Flavio teve mais reconhecimento. Embora apenas auxiliar, foi visto internamente como peça fundamental para o sucesso do treinador no alvinegro — a dupla alcançou 100% de aproveitamento, com quatro vitórias em quatro jogos, oito gols marcados e nenhum sofrido.

Apesar de não ter uma vasta e experiente carreira como treinador, colegas de profissão que o conhecem desde o início da trajetória garantem que sempre deu indícios de que seria capacitado para esse momento.

— Se já tem essa aprovação do elenco, com certeza, tem todo o conhecimento do que tem na mão para utilizar. Principalmente, nessa reta final. Existe uma pressão pelo título, mas ele é um cara sereno, inteligente, que vai conseguir conquistar os bons resultados, e colocar o Botafogo nos trilhos — afirmou Rodrigo Santana, técnico com boa passagem pelo Atlético-MG e hoje no Vaca Díez (Bolívia), que esteve naquele curso da CBF e lembra histórias de ambos.

Melhor ano da carreira

Pelo lado tricolor, Diniz nunca esteve tão prestigiado como em 2023. Cinco anos mais velho que o adversário (49 contra 44), teve menos destaque nas quatro linhas, mesmo vestindo camisas de peso, como a do próprio Fluminense. Enquanto Lucio parou aos 38 anos, ele pendurou as chuteiras aos 34.

Logo seguiu a carreira de treinador, a qual se lançou em 2009, primeiro ano de aposentadoria. Rodou por uma variedade de equipes do interior paulista, até colocar seu nome no cenário nacional, ao levar o modesto Audax ao vice-campeonato paulista de 2016.

Adepto de ideias sofisticadas nos elencos mais limitados tecnicamente — como a estigmatizada “saidinha” —, Diniz cresceu na hierarquia do futebol brasileiro, ganhando entusiastas e críticos. Após treinar o Athletico-PR, teve a primeira passagem no Flu, justamente em 2019. O curso na CBF foi feito logo após sua saída.

— O Diniz era sempre muito pertinente nas colocações. Quando falava, todo mundo prestava atenção, porque queria absorver as ideias dele. Tinha treinador que falava nas atividades: “Caramba, queria cair no grupo do Diniz para entender o que ele passa para a molecada, ter essa confiança de sair jogando, não rifar a bola” — lembra Santana.

Porém, seu sucesso atual veio a duras penas. As experiências em São Paulo, Santos e Vasco o fizeram ser apontado como um profissional que não entregava conquistas. O título brasileiro não vencido em 2020, com o tricolor paulista, foi um duro golpe.

De volta ao Flu em 2022, ergueu uma equipe que não estava bem. A boa campanha no Brasileirão deu a vaga na Libertadores deste ano, em que finalmente ganhou seus primeiros títulos em um grande clube: Estadual e Taça Guanabara.

Diniz pisará hoje no Maracanã respaldado pela vaga na final do torneio continental, que pode ser o primeiro do Fluminense, e até por isso, pode poupar Felipe Melo, Marcelo e Ganso, jogadores que mais se desgastaram na semifinal, quarta, contra o Inter. O Botafogo, buscando voltar a vencer após cinco rodadas, vem completo.

Treinador interino da seleção brasileira, viu suas convicções o levarem a um lugar que é provisório, por enquanto, mas um reconhecimento da CBF por anos de escalada.

O clássico Vovô será um embate particular de ex-colegas de campo e de sala de aula, que traçaram caminhos diferentes, mas estão prestes a tentar guiar seus clubes para os dois maiores títulos da temporada.

 

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