Infrações ao protocolo de Covid-19 rendem R$ 1,1 milhão em multas; valor vai para projetos sociais

22/06/2021 14h31

Fonte Globoesporte.com

O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) fechou recentemente o balanço da última temporada no que diz respeito ao protocolo de combate e prevenção ao coronavírus. E o que se viu foi um festival de infrações que rendeu aos clubes um total de R$ 1.131.000 em multas - todo esse valor está sendo repassado a instituições de caridade espalhadas pelo Brasil.

As primeiras notícias de infração da CBF foram encaminhadas à Procuradoria do tribunal por volta de setembro do ano passado. Foram ao todo 190 denúncias, que por sua vez geraram 234 processos disciplinares. O ranking com os principais motivos ficou assim:

1. Troca de camisas
2. Não utilização ou uso indevido de máscaras
3. Desrespeito ao distanciamento entre jogadores reservas ou membros da comissão técnica
4. Atividades no gramado
5. Número de pessoas na delegação maior do que o permitido

- O tribunal realmente ficou bastante surpreso com o número elevado de notícias de infrações relacionadas ao Covid. E o que mais surpreendeu ainda é que, mesmo depois das transações e também das punições, houver várias reincidências. Isso realmente preocupa o tribunal porque a ideia é que, com a primeira transação disciplinar, com a primeira reincidência que seja, que isso iniba os atletas a reincidirem. E realmente tivemos inúmeros e vários casos de reincidência, o que não é bom para o futebol e não é bom para a saúde dos atletas - disse o procurador-geral do STJD, Ronaldo Botelho Piacente.

Todos os clubes que disputaram a última edição da Série A do Brasileirão foram denunciados e precisaram pagar multas. Já entre os da Série B, foram 18 dos 20 os que sofreram sanções por infrações ao protocolo - as exceções foram CSA e Sampaio Corrêa.

São Paulo e Internacional foram os campeõs de violações: ambos responderam a 15 processos disciplinares desde que as regras entraram em vigor. A dupla Flamengo e Vasco (com 12 cada) fecha o top-4 do ranking. Confira:

A Procuradoria ofereceu transação disciplinar a todos os clubes denunciados. Na transação, o acordo foi de pagamento de multa de R$ 2,5 mil, sendo que esse valor dobraria em caso de reincidência, podendo chegar a até R$ 20 mil em uma única partida. É por isso que o São Paulo, embora lidere ao lado do Inter em número de processos, não encabeça o ranking de maiores valores pagos. Confira abaixo:

Além disso, as equipes realizaram campanhas de vídeo com atletas de seu elenco principal transmitindo a mensagem das práticas de prevenção à Covid-19 e se comprometeram a orientar e fiscalizar atletas e membros da delegação.

Ajuda a quem precisa

Direcionados pelo STJD, os clubes estão depositando os valores das multas direto nas contas de instituições de caridade espalhadas por todo país. Cerca de 60 entidades já foram contempladas, dentre as quais hospitais, orfanatos, asilos e organizações não-governamentais que tratam de crianças, idosos, pessoas carentes e doentes.

O projeto "SOS Manaus - Parceiros Brilhantes", por exemplo, já recebeu R$ 60 mil de repasses do tribunal. Com esse dinheiro, pôde dar sequência a distribuição de cestas básicas a famílias da capital amazonense e, sobretudo, ajudar com tanques de oxigênio e suprimentos para hospitais da região durante a pandemia.

- Essa doação, por mais que tenha sido de penalidades, ela conseguiu direcionar algo muito lindo, que é ajudar o próximo, fazer o bem. Achei inusitado tudo isso, foi inesperado quando entraram em contato com a gente - admite Mayara Brilhante, diretora da entidade.

"Mas eu acho que também serve como lição. Todo castigo de uma certa forma, toda indisciplina serve como uma lição para você. Então ver que isso ajudou pessoas talvez seja a melhor forma de você pagar por um ato de indisciplina", completa ela.

Nossa equipe também acompanhou a entrega de doações ao projeto "Corrente pelo Bem", no bairro de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias. A instituição de caridade, que já recebeu R$ 37 mil em valores oriundos das multas pagas pelos clubes, leva água para moradores carentes da região, como Dona Maria das Dores Silva: "Toda vez que cai uma água aí nessa caixa, dá um alívio".

- Agora vou encher as garrafas, botar na geladeira, botar numa panela de feijão, que está secando, e fazer um arroz - conclui ela.

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