Janela de transferências reabre com milhões investidos no topo e briga por camisa 10
04/07/2023 08h42Fonte O Globo
Quase três meses após o fechamento da primeira janela de transferências no Brasil, os clubes puderam voltar a registrar jogadores desde ontem. Na janela do segundo semestre, popularmente tratada como um período de correção de rotas, os maiores investimentos iniciais vieram da parte de cima da tabela do Brasileirão, principalmente com o Flamengo, que já oficializou as chegadas de Luiz Araújo, Allan e Rossi. Na parte inferior, o ataque ao mercado para se salvar vem de Vasco e Corinthians.
Imagem: Editoria de Arte Algumas das contratações da janela.
O clube paulista venceu uma das maiores disputas dos bastidores nestes últimos meses: o meia Matías Rojas. Pretendido por Botafogo, Boca Juniors, Santos e pelo Al-Rayyan, do Catar, o paraguaio de 27 anos fez o Timão abrir os cofres. O presidente Duílio Monteiro Alves confirmou que pagou US$ 1,8 milhão (R$ 8,6 milhões, na cotação atual) em luvas e comissão de empresários para vencer a disputa. Ainda precisou se aproximar de uma altíssima oferta salarial dos catari pelo jogador, que ficou livre após fim de contrato com o Racing-ARG.
Na 16ª colocação, a um ponto da zona de rebaixamento, o time paulista tem apenas 11 gols — ao lado de Vasco, Coritiba, Goiás e Santos — e agrega ao seu elenco um meia que tem como forte os chutes de fora da área, que só renderam ao Corinthians de Vanderlei Luxemburgo um gol até o momento.
Imagem: Divulgação/Racing Club Matías Rojas foi alvo de disputa.
— Foi analisado. Quando nós contratamos, conversei com ele. É um jogador que joga por fora e por dentro. Vai ajudar — afirmou o técnico.
Busca por um camisa 10
A figura de camisa 10, um meia organizador mais completo, é rara no futebol brasileiro e explica a disputa por Rojas. Também na parte de baixo da tabela, o Vasco busca abertamente um jogador para a posição. O cruz-maltino já anunciou o atacante Serginho, o zagueiro Maicon e acertou com o volante veterano Gary Medel, da seleção chilena. Para preencher a lacuna do tão sonhado meia, negocia com o argentino Lanzini, o uruguaio Rodrigo Zalazar e conversa com Léo Cittadini, do Athletico.
Para o cruz-maltino, o grande desafio é qualificar um elenco recém-montado, que semana a semana perde confiança — são nove pontos após 13 rodadas e a 18ª colocação. Com isso, busca atletas experientes, mas tenta equilibrar com um nível técnico e perfil de contratações ideal para a gestão de seu futebol. A janela marca também a despedida de Andrey Santos, que estava emprestado pelo Chelsea. Uma perda significativa na qualidade da saída de bola do time.
Imagem: Daniel Ramalho/Vasco Andrey se despede do Vasco.
Na parte de cima, milhões investidos
Quem está na parte de cima da tabela — e disputa paralelamente outras competições — aproveita a janela para engordar seus elencos com opções que briguem pela vaga com seus titulares. O líder Botafogo pagou US$ 2,5 milhões (R$ 12 milhões) ao Montevideo Wanderers por Diego Hernández, ponta uruguaio recentemente convocado para a seleção do país. Uma das contratações mais caras da história do clube.
O jovem de 23 anos chega para agregar a um núcleo que tem Júnior Santos, Victor Sá e Luis Henrique, numa posição sempre muito acionada pelo esquema de jogo do alvinegro, que além de manter sete pontos de vantagem na liderança, disputará os playoffs da Copa Sul-Americana contra o Patronato, da Argentina.
Imagem: Vitor Silva/Botafogo Diego Hernández com a camisa do Botafogo.
O alvinegro, entretanto, não deve contratar ninguém de grande impacto. O objetivo principal do clube é brigar contras as investidas em seus principais jogadores no Campeonato Brasileiro, como por exemplo o goleiro Lucas Perri, o zagueiro Adryelson e o atacante Tiquinho Soares.
O rival Flamengo, hoje terceiro colocado, abriu os cofres. Tirou o atacante Luiz Araújo do Atlanta United (R$ 48 milhões), o volante Allan do Atlético-MG (R$ 47 milhões) e finalmente pôde anunciar o goleiro Rossi, com quem tinha pré-contrato desde janeiro. Ainda mira Claudinho.
Investimentos altos, mas coerentes com a realidade financeira do clube e a ambição do técnico Jorge Sampaoli, que administra um elenco que sofre com lesões em meio à disputa de Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil e Libertadores.
— Minha qualidade é que sou muito veloz, finalizo bem, tenho um bom um contra um. Vou ajudar, jogar pelo lado direito, mais aberto no campo e tenho muito a agregar nesse elenco — afirmou Luiz Araújo em sua apresentação ontem.
Ao mesmo tempo em que vai ao mercado, o rubro-negro é visado. O vice de futebol Marcos Braz admitiu a chance de saídas.
SAF na lanterna
Entre chegadas e saídas relevantes da janela, o Internacional trouxe o equatoriano Enner Valencia, destaque da sua seleção na Copa do Mundo no Catar, no fim do ano passado, enquanto o rival Grêmio apostou no ex-prodígio paraguaio Iturbe. O Fluminense, que já anunciou o lateral-esquerdo Diogo Barbosa, prepara um pacotão com os retornos do meia Danielzinho e do atacante Yony González, além da chegada do meia-atacante uruguaio Léo Fernández, ex-Toluca, do México.
Mas uma situação interessante será a do lanterna Coritiba — ontem derrotou o Goiás por 2 a 1, a sua primeira vitória na competição —, que oficializou a transformação e venda da sua SAF, agora o sétimo clube-empresa da Série A. E já foi ao mercado para tentar virar a situação: trouxe Fransérgio , ex-Bordeaux, e pagou R$ 600 mil pelo centroavante Edu, destaque do Cruzeiro na última Série B do Brasileiro.
Imagem: Gustavo Aleixo/Cruzeiro Coritiba acertou compra de Edu, do Cruzeiro.