Mancini fala sobre Luan no Corinthians: "Precisa entender que futebol não é mais romântico"

13/11/2020 15h46


Fonte Globoesporte.com

O técnico do Corinthians, Vagner Mancini, concedeu uma longa entrevista coletiva no CT Joaquim Grava nesta sexta-feira. Entre as perguntas respondidas pelo treinador, chamou a atenção a fala sobre o meia Luan. O camisa 7 vive mau momento.

Mancini foi questionado sobre a necessidade de uma conversa para melhorar o desempenho do meia. Para Mancini, trata-se de uma questão de encaixe e paciência, e não de algo psicológico.

– Existem dois pontos. A partir do momento em que você ataca a mente de um jogador, tem uma grande possibilidade de fazer com que ele se toque, que mude a performance, que passe a fazer algo diferente, que é o que todos nós desejamos. Agora, se isso fosse o ponto fundamental, teríamos de encaminhar alguns atletas para terapeutas para que isso existisse de uma forma efetiva. Não é o caso do Luan – disse o treinador.

– Todos assistimos a jogos belíssimos dele no Grêmio, sabemos que é um atleta capacitado. Se não está desempenhando, alguma coisa tem. Às vezes, a confiança leva tempo. Talvez o tempo tenha se excedido, e por isso o aborrecimento das pessoas. E também é do Luan. Já conversamos, ele está tranquilo. O fundamental é entender que ele não vai reverter tudo em 90 minutos.
Imagem: Rodrigo Coca/Ag.CorinthiansVagner Mancini em entrevista coletiva no Corinthians.(Imagem:Rodrigo Coca/Ag.Corinthians)Vagner Mancini em entrevista coletiva no Corinthians.

Segundo Mancini, Luan precisa entender que o futebol não é "mais tão romântico".

– Ele vai refazendo aos poucos a imagem que tinha, isso leva tempo, não é só num jogo. É um atleta técnico, que joga com a bola nos pés e que precisa entender que o futebol mudou um pouco, não é tão romântico, é mais tático. A bola no pé te expõe ao erro num jogo de cada dia menos erros. Quando você começa a entender o jogo, começa a mudar sua maneira de atuar, e isso é fundamental para ele. Tem que equilibrar.

– Falei que o Cantillo tem muita bola e precisa melhorar na marcação para ter mais equilíbrio. O Luan precisa mostrar que a sede que ele tem pela bola, ele tem para recuperá-la. É um processo lento, mas vai acontecer. Fiz um mês de Corinthians e pude ver uma melhora do Luan. Estou confiante que será gradativa e que a cada jogo vai mostrar algo diferente. Estamos ajudando o Luan a reconquistar a torcida do Corinthians – completou.

Luan foi titular no último jogo, mas ainda não se firmou no time principal de Mancini. O camisa 7 tem 35 jogos com a camisa do Corinthians e seis gols marcados.

– Na Copa do Brasil, não fiquei nem um pouco satisfeito. Tenho de expressar minha chateação com a desclassificação. No Brasileirão, cheguei, o time estava em 17º, agora está em décimo. É importante subir na tabela e mudar de bloco. O Brasileirão define alguns blocos: o da frente, até oito, o intermediário e os que brigam para fugir do Z-4. Quero que esteja no bloco de cima. Estamos em transição. Estamos no intermediário. Se vamos chegar ou não, depende de uma série de fatores. Essa ascensão se deu pelo entendimento dos atletas de que deveríamos mudar a postura nos jogos. Em alguns, houve imposição boa; em outros, não. No Brasileiro, tivemos só uma derrota para o Flamengo, que quero entender que foi um acidente de percurso. Nos outros jogos, tivemos postura de uma equipe que poderia vencer, mesmo contra o Flamengo, em que a gente em determinado momento fez um bom jogo, e contra o Atlético-GO, que empatamos em Goiânia, que tivemos oportunidades de vencer.

Formação do meio-campo

– O Xavier infelizmente está suspenso para essa partida. Ao longo da semana, fizemos algumas formações, existe a possibilidade da entrada do Cantillo, assim como de outro jogador do setor. Temos que buscar equilíbrio, vi o meio-campo com dificuldade na armação das jogadas, e o nome do Cantillo fica forte, porque tem saída de jogo e passe de qualidade. A partir do momento que temos de ter mais marcação, podemos usar outros atletas. Enfim, vale dizer que foi uma semana em que testei várias formações, e amanhã vamos escolher aqueles que deram o equilíbrio que espero da equipe em campo.

Retorno de Jô ao time

– Ele nos ajuda muito pela liderança forte, é um cara que quando abre a boca, as pessoas param para ouvir. Mesmo quando estava no departamento médico, ele ajudava. Sabe da sua importância num momento de recuperação da equipe. O Jô voltou a treinar nesta semana, teve evolução satisfatória nos treinos, aguardo hoje para saber como reagiu de ontem para hoje, que ontem tivemos um treino mais forte, para saber se conto com ele ou não. Mas é uma peça fundamental quando estiver apto.

Encontro com Jorge Sampaoli

– Encaro como um jogo normal, de peso, pois Corinthians x Atlético-MG sempre será grande, envolve muita coisa. Do outro lado, um técnico que faz um bom trabalho, já tinha feito no Santos, importante que a gente no Brasil se cobre cada dia mais. Técnico não tem nacionalidade, tem competência. Não cabem comparações assim. Acho importante que haja uma excelente preparação, os times dele são intensos, e um piscar de olhos é diferente para desarrumar um sistema ou ser desarrumado. Todos estão atentos a tudo. Acho importante um bom resultado, mas não dirigiria o foco para mim. Faço parte de uma engrenagem.

Jogo contra o Inter é espelho?

– São estilos diferentes. O Inter tem o jogo mais apoiado, e o Atlético mais intensidade. Temos de neutralizar os pontos fortes. O esquema do Sampaoli é velocidade para a bola chegar nos dois extremos, e o Inter era diferente. Mas a tônica é a mesma, tem de se superar em alguma coisa, na vontade, parte tática ou organização para tecnicamente a equipe render. Já vimos que pode render. Buscar o melhor de cada atleta é nossa tarefa número 1. Se entra concentrado, a chance de boa performance melhora muito. Estávamos numa situação bem mais difícil, mas ela ainda não é fácil, permanece. Queremos fazer parte de outro bloco e precisamos fazer bons jogos para ter confiança.

Planos futuros

– É arrumar a equipe para desenvolver um segundo turno de uma forma mais uniforme. Falar de uma equipe em que você teve pouco tempo de treinamento é difícil. Chegar numa semana e já ir para o terceiro jogo. Agora, com semanas abertas, o rendimento e o entendimento vão se ajustando. Espero que o Corinthians suba na tabela.

Queda de treinadores

– Nosso sistema é rígido para treinadores. Cada técnico tem sua parcela natural, ele é o cara que comanda, que dá treino, que escala, mas vai até certo ponto. No Brasil, não é dada chance para o treinador desenvolver o trabalho. Você não é obrigado a ficar com um treinador que você vê que não desenvolve um bom trabalho. Mas se você percebe que há uma melhora e que há longo prazo vai ter resultado... A troca não garante que vai ter resultado. Há uma pesquisa que mostra que a mudança gera desgaste e prejuízo financeiro. Acho importante que a gente aprove um projeto que está no Congresso há seis anos que vai nortear o mercado. O projeto diz que o técnico pode sair, mas tem de pagar multa. Se for mandado embora, que receba até o término do contrato, mas que não possa ir para outro clube. As coisas precisam ser revistas. Brigamos para que seja regulamentado.
 

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Tópicos: jogos, corinthians, luan