Morre no Rio o jornalista Léo Batista, aos 92 anos
19/01/2025 16h44Fonte Globo.com
Morreu neste domingo (19), o jornalista Léo Batista, de 92 anos. Ele estava internado desde o dia 6 de janeiro, no Hospital Hospital Rios D’Or, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde, segundo boletim médico, deu entrada com um quadro de desidratação e dor abdominal e foi diagnosticado com um câncer no pâncreas.Léo Batista deixa sua marca na história do jornalismo esportivo brasileiro em uma carreira de mais de 70 anos de trajetória, e atuação como jornalista, apresentador e locutor.
Foi ele que deu voz a notícias como a morte de Getúlio Vargas e participou de quase todos os telejornais da TV Globo, onde trabalhou por 55 anos – até pouco antes de ser internado.
Imagem: Divulgação/TV GloboLéo Batista
Início
Léo Batista, nascido João Baptista Belinaso Neto em 22 de julho de 1932, em Cordeirópolis, interior de São Paulo, começou a carreira nos anos 1940. Incentivado por um primo, participou e foi aprovado em um concurso para locutor do serviço de alto-falante de Cordeirópolis. "Serviços de alto-falantes América, transmitindo da Praça João Pessoa!”, dizia.
Filho de imigrantes italianos, Léo Batista deixou o colégio interno aos 14 anos para ajudar a família. Mudou-se para Campinas para completar os estudos e trabalhou como garçom e faz-tudo na pensão do pai antes de se dedicar ao rádio.
Começou na Rádio Birigui e passou por várias rádios do interior paulista, onde narrava jogos de futebol e elaborava noticiários.
“Em Cordeirópolis, de mansinho, eu ia treinando com uma lata de massa de tomate na beira do campo: ‘Bola para fulano… Bateu na trave… Gol!’ Treinei bastante. Meu sonho era transmitir um jogo”, contou Léo, em entrevista ao Memória Globo.
Em 1952, mudou-se para o Rio de Janeiro e foi contratado pela Rádio Globo, onde trabalhou como locutor e redator de notícias. Seu primeiro trabalho na rádio, ainda como Belinaso Neto, foi no programa "O Globo no Ar". Dois anos depois, passou a integrar a equipe esportiva da rádio.
Léo Batista estreou na locução esportiva na Rádio Globo ao narrar a partida entre São Cristóvão e Bonsucesso, no Maracanã.
Antes do jogo, ele ainda era conhecido como Belinaso Neto. Mas o então chefe Luiz Mendes (1924 - 2011) achava seu nome original pouco sonoro e disse que teria que mudar. Para escolher como seria chamado, o "paulistinha" – como o chamava Mendes – escreveu algumas opções em um papel e seus colegas votaram, por unanimidade, em "Léo Batista".
“O curioso é que a família, minha irmã, minha mãe, ninguém mais me chamou pelo outro nome. Para todos, passei a ser Léo”, revelou ao Memória Globo.
Imagem: ReproduçãoLeo Batista
Desde 1970 na TV Globo
Em 1955, Léo Batista trocou o rádio pela televisão, sendo contratado pela TV Rio. Lá, organizou e participou do Jornal Pirelli e de outros programas. Em 1968, deixou a TV Rio e passou pela TV Excelsior antes de começar na Globo, em 1970.
O início da emissora onde trabalhou por mais de 50 anos foi durante a Copa do Mundo em que o Brasil conquistou o tricampeonato mundial.
Primeiro, narrou às pressas o jogo entre Peru e Bulgária após um problema técnico com a equipe que faria a transmissão direto do México, sede da competição.
Pouco depois, foi chamado para substituir Cid Moreira em uma edição extraordinária do Jornal Nacional.
Seu desempenho no JN garantiu sua contratação definitiva pela Globo, onde apresentou as edições de sábado do jornal por muitos anos.
“Cid Moreira e Hilton Gomes, o saudoso Papinha, eram os locutores do Jornal Nacional. Em determinada tarde, quem estava de plantão era o Cid. Como as coisas pareciam tranquilas, ele pediu para ser dispensado. Mal saiu, ocorreu o sequestro do presidente Pedro Eugenio Aramburu, da Argentina, além de um terremoto assustador, o maior da história da Nicarágua, que destruiu Manágua”, contou ao Memória Globo.
Imagem: ReproduçãoLeo Batista
Reconhecimento e legado
Léo Batista foi homenageado com o quadro "Histórias do Léo" no Globo Esporte em 2011, onde compartilhou lembranças de sua carreira.
Em 2017, Léo Batista lançou o "Canal do Seu Léo" no Globo Esporte, onde revela bastidores e curiosidades da cobertura esportiva.
Até pouco tempo antes de ser internado, ele seguia ativo, apresentando gols no Globo Esporte e participando de programas especiais, como o mais antigo apresentador da Globo em atividade.
Figurinha fácil nos corredores da Globo ou na padaria da esquina, Seu Léo gostava de bater papo com os funcionários, sempre contando histórias, claro, com sua voz marcante. Léo Batista era viúvo e deixa três filhos e netos. Ainda não há Informações sobre o velório e sepultamento do comunicador .
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