NBA: árbitro brasileiro conhecido por "mini Daronco" estreia na Summer League

13/07/2024 12h38


Fonte ge

Pela primeira vez um árbitro brasileiro, que atua no Brasil, apitará um jogo da Summer League, competição que antecede e serve de preparação para a NBA. O gaúcho Ramiro Inchauspe, de 34 anos, é o responsável pelo feito. Reconhecido não só pelo pioneirismo, mas também pelo físico atlético, ele recebeu o apelido de "Daronco do basquete", em alusão ao árbitro de futebol Anderson Daronco, que também é famoso pelo porte.

- Eu me espelho no Daronco pela postura dele no campo e levo isso para o basquete. Ele é um cara que se impõe, se coloca com o físico, algo que eu tentei usar também. Justamente porque quando eu iniciei, além de ser muito mais baixo que os jogadores, eu era muito fraquinho, muito magricelo. Treinar foi uma forma de me desenvolver e ganhar respeito. Então quando brincam e nos comparam, me chamam de mini Daronco, eu acho um elogio. Temos que nos espelhar em pessoas que são exemplos - explicou o árbitro que mede 1,76cm de altura.
Imagem: Arquivo PessoalRamiro é árbitro de basquete e fará sua estreia na Summer League.(Imagem:Arquivo Pessoal)Ramiro é árbitro de basquete e fará sua estreia na Summer League.

Além de Ramiro, o brasileiro Italo Araújo, que não atua no Brasil, também foi convidado para a clínica de árbitros internacionais. Participam ainda representantes da Polônia, Letônia, México, entre outras nacionalidades. Serão sete dias de conteúdo teórico, sobre regras do jogo, filosofia da liga, além das avaliações práticas - os jogos.

A estreia do gaúcho pode acontecer em um dos oito jogos da rodada deste domingo, em Las Vegas - programação é definida apenas de véspera. Apaixonado por basquete desde os dez anos, quando conheceu a modalidade na escola, ele aguarda ansioso pela oportunidade de entrar em quadra.
Imagem: Arquivo PessoalRamiro é árbitro de basquete e fará sua estreia na Summer League.(Imagem:Arquivo Pessoal)Ramiro é árbitro de basquete e fará sua estreia na Summer League.

- Eu tenho vontade de apitar dois jogos, um do Chicago Bulls, por toda a história da minha infância, o Michael Jordan é meu ídolo máximo no basquete. E eu acho que seria especial também apitar um jogo do filho do LeBron, que é uma das promessas da liga. Seria incrível se o LeBron estivesse na arquibancada para acompanhar - disse.

Em outro esporte, no handebol, Ramiro se destacou e chegou a alcançar a seleção brasileira sub-16 em 2006, quando acabou cortado do Mundial na última convocação. Pelo talento na modalidade, recebeu uma bolsa de estudos para cursar Fisioterapia na Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul. Em um curso de horas complementares da faculdade iniciou sua carreira como árbitro de basquete.
Imagem: Arquivo PessoalRamiro ao lado do famoso árbitro americano Joey Crawford.(Imagem:Arquivo Pessoal)Ramiro ao lado do famoso árbitro americano Joey Crawford.

- Sempre consegui conciliar a minha carreira de árbitro com os estudos. Dentro disso desenvolvi um projeto junta à Confederação Brasileira de Basquetebol, que me levou a trabalhar na Fiba (Federação Internacional de Basquetebol). De 2017 a 2020, eu trabalhei como treinador de aptidão física dos árbitros das américas, fazia toda preparação, treinamentos, avaliações. E isso me proporcionou conhecer todos os continentes do mundo, participar de grandes eventos - explicou.

Quando já havia alcançado o auge nos bastidores, Ramiro sentiu a necessidade de trilhar o mesmo sucesso dentro de quadra como árbitro internacional - ele nunca deixou de apitar o NBB desde 2012, quando fez sua estreia no campeonato brasileiro. A nível mundial, Ramiro retornou em 2021, tendo participado dos jogos da Basketball Champions League Americas, a Libertadores do basquete. Até surgir o convite da Summer League.
Imagem: Arquivo PessoalRamiro é árbitro de basquete e fará sua estreia na Summer League.(Imagem:Arquivo Pessoal)Ramiro é árbitro de basquete e fará sua estreia na Summer League.

- Quando eu comecei, eu sonhava com o topo, que na época eram as Olimpíadas para os brasileiros. A NBA antes não era palpável para nós. Historicamente sempre trabalharam só americanos. Porém, recentemente, eles abriram para outras nacionalidades. A NBA está de olhos em novos mercados, atletas já têm surgido de vários de outros países, e agora também na parte da arbitragem - explicou.

O caminho de entrada para a NBA, após participação na Summer League, é alcançar a G-League. Uma vez bem sucedido na "segunda divisão da liga", as portas se abrem para arbitrar aquele que é reconhecidamente o melhor basquete do mundo.
Imagem: Arquivo PessoalRamiro aguarda para estrear na Summer League.(Imagem:Arquivo Pessoal)Ramiro aguarda para estrear na Summer League.

- Chegar neste nível sempre foi um sonho, era distante, mas eu tinha um objetivo e fui atrás dele. Acho que quando a gente consegue alcançar degrau a degrau, só estimula mais. Essa conquista é muito grande para mim, por ser o primeiro árbitro que atua no Brasil a estar aqui. É indescritível estar entre os melhores. E eu não quero parar por aqui, eu quero mais, quero Olimpíadas, quero a NBA - projetou.

Até novas conquistas se concretizarem, Ramiro irá manter a rotina estabelecida em Porto Alegre, onde mora. Formado em Fisioterapia e Educação Física, ele é sócio de uma clínica multiprofissional e de um box de crossfit, além de ser professor e coordenador de pós-graduações voltadas para a área da saúde e do esporte.

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