Ousado dentro e fora de campo, Miguel começa a virar realidade no Fluminense: "Melhor noite da vida"

24/01/2020 09h40


Fonte Globoesporte.com

Imagem: Mailson SantanaJoia assinou primeiro contrato profissional no fim da gestão Pedro Abad(Imagem:Mailson Santana)Joia assinou primeiro contrato profissional no fim da gestão Pedro Abad

Considerada uma das grandes joias recentes de Xerém, Miguel já começa a dar frutos para o Fluminense com apenas 16 anos. Jogador mais jovem a vestir a camisa do clube profissionalmente, o meia-atacante foi o grande destaque da vitória por 2 a 0 sobre a Portuguesa na última quinta-feira, no Maracanã.

Miguel entrou no intervalo da partida, no lugar de Felippe Cardoso, e arrumou um salseiro: deu chapéu, assistência e por pouco não fez gol também, mas errou a conclusão. Mesmo sem ter desencantado, o garoto não vai esquecer tão cedo da noite vivida no Maracanã:

– Profissionalmente, é a melhor noite da minha vida. Vai demorar um pouquinho para assimilar tudo isso. Sei que com o tempo eu posso fazer mais, mas vai demorar um pouco para assimilar isso tudo. Poder entrar, ajudar a equipe, ir bem... Sem dúvidas, vai ser uma noite para ficar guardada – vibrou o jovem, que ainda entortou Muniz no segundo gol:

– Mano a mano tem que ir para cima, não tem outra escolha. Ali era eu e o marcador, eu ou ele. Tinha que partir pra cima, poderia sair coisa boa.

Para se tornar o jogador mais jovem da história do Fluminense a jogar profissionalmente, Miguel abriu mão de muita coisa, entre elas o lazer. Enquanto a maioria de seus amigos aproveitam a adolescência para sair, o meia-atacante recusa convites para não prejudicar sua rotina de atleta:

– Até difícil de imaginar, porque sou o primeiro. Chego em casa, meus amigos todos falam: "Vamos para onde hoje?" Mas eles estão de férias, né? Eu não estou ainda. Mas é muito bom estar vivendo isso tudo tão cedo, é um sonho. Sei que todos sonham passar por isso e eu só tenho que agradecer.

"Neto" de Nenê, "filho" de Gilberto...

E o menino não é só abusado dentro de campo. Fora das quatro linhas, Miguel chamou Nenê de "avô", Gilberto de "paizão"... Cobrado pelo lateral para pagar o jantar pelo gol, falou que ele que tem que bancar para retribuir a assistência. O ala, aliás, divide quarto com a joia tricolor:

– Meu irmaozão, cara. Meu companheiro de quarto. O cara que eu mais tenho afinidade no grupo. A gente sempre falava que meu primeiro gol ia vir dele ou o primeiro gol dele tinha que vir de mim. Graças a Deus, foi o meu que veio da assistência dele. Tem tudo para ser um grande jogador esse ano e estou torcendo muito por ele.

Ascensão relâmpago e passaporte europeu

A promessa vem em ascensão relâmpago desde as categorias de base, onde pulou etapas. Com 15 anos, já estava no sub-17. Aos 16, subiu para o profissional e fez quatro jogos no ano passado sob o comando de Fernando Diniz, que apostava alto no menino.

Até nas seleções de base foi assim, e ele já vinha sendo convocado para o sub-17. Ao lado de Reinier, na época no Flamengo, e Talles Magno, do Vasco, ele era um dos grandes nomes da geração e estava cotado para disputar o Mundial da categoria no ano passado. Porém, junto com o Fluminense, pediu dispensa por estar sendo aproveitado no profissional.

Ao mesmo tempo, o jogador deu entrada em dois passaportes europeus, um português e outro italiano. Documentos que o permitem defender as seleções desses países, caso seja convidado. Os dois processos já estão em fase final e ficarão prontos nos próximos dias.

Miguel assinou em 2019 o seu primeiro contrato profissional, com duração até junho de 2022 e multa de 35 milhões de euros (R$ 161 milhões). Porém, não foi uma negociação fácil. O potencial da promessa despertou o interesse de empresários e rendeu sondagens de clubes europeus, o que dificultou a vida da diretoria tricolor. Sua renovação foi um dos "últimos atos" da gestão Pedro Abad.

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