Pressão e crÃticas não têm eco no Ninho, e futebol do Flamengo segue sem mudanças
09/01/2021 17h19Fonte Globo.com
Imagem: Alexandre Vidal/FlamengoPressão e críticas não têm eco no Ninho, e futebol do Flamengo segue sem mudanças
O Flamengo estava há seis jogos invicto no Brasileiro, mas a derrota no Fla-Flu, com requintes de crueldade, frustrou o time, a torcida, e reativou questionamentos sobre os rumos do futebol rubro-negro. No Ninho do Urubu, no entanto, as críticas sobre o comando - ou a falta dele - não tiveram muito eco.
Ainda no vestiário do Maracanã, o vice de futebol Marcos Braz tomou a palavra e fez um discurso. Disse que a disputa pelo título ainda está aberta e pediu empenho e motivação para o elenco na sequência da competição.
Foram dias longos para integrantes do departamento de futebol, como Marcos Braz, o diretor Bruno Spindel e o supervisor Gabriel Skinner, que fizeram expediente de 12h. Os questionamentos externos sobre uma perda de rumo, inclusive vindos da Gávea, não foram ratificados no Ninho. Se a torcida mostra insatisfação com o trabalho de Rogério Ceni, inclusive com ida de líderes de organizadas na porta do CT neste sábado, no elenco a percepção é diferente. Em entrevista coletiva na sexta, Bruno Henrique afirmou.
- Todos estão empenhados e cobrança nunca faltou. Agora é cobrança é até maior porque esse ano não mostramos o futebol de 2019 - disse o atacante.
Desde que chegou ao Flamengo, Ceni tomou algumas decisões mais rígidas, o que, dentro do clube, é encarado como uma forma de comando. Por exemplo: após a saída de Jorge Jesus, os horários começaram a ficar mais flexíveis com Dome, mas Ceni determinou que 30 minutos antes do treino, todos já precisam estar prontos na academia.
O treinador mudou também o regime de concentração antes das partidas no Rio. Em 2019, o time só dormia no CT quando os jogos eram à tarde. Nos jogos noturnos, a apresentação era de manhã no Ninho. Com Ceni, independente do horário, os atletas pernoitam. Com Dome não havia concentração.
Há também a convicção que não foi por falta de trabalho que o desempenho não foi o esperado. O time treinou nos dias 24 e 25, e só teve folgas nos dias 31 de dezembro e 1 de janeiro, enquanto outros clubes deram mais tempo de descanso aos seus jogadores.
Conversa com Filipe Luís e Rodrigo Caio; presença de Juan
Na entrevista após a derrota no Fla-Flu, Ceni apontou os erros "grotescos" como determinantes para o resultado, e o tom gerou a apreensão de como seria digerido pelos atletas. Quem vive o dia a dia do Ninho, acredita que a cobrança foi recebida com naturalidade.
Uma cena após a atividade de quinta-feira serviu como exemplo. O técnico, Filipe Luís (que falhou no segundo gol do Flu), Rodrigo Caio, o auxiliar Charles Hembert e Juan permaneceram no campo quase uma hora em uma conversa amistosa. A presença do ex-zagueiro, inclusive, tem sido importante na relação de Ceni com o elenco e na aproximação das lideranças. Os dois são amigos de longa data e já disputaram até Copa do Mundo juntos.
Quem não conhecia Rogério Ceni até se surpreendeu com a postura humilde no trato com os jogadores. Após as atividades, não é raro ver o técnico em momentos de descontração com o elenco, inclusive jogando basquete em uma cesta instalada na área interna do CT.
Apesar da boa avaliação interna, todos sabem que a temperatura no Flamengo é medida de acordo com os resultados. O jogo contra o Ceará, neste domingo, no Maracanã, ganhou uma carga dramática ainda maior. Outro tropeço em casa seria um golpe duro demais na pretensão de se manter na briga pelo título e teria efeitos imprevisíveis no clube, mas a possibilidade de mudança de comando, no entanto, ainda não entrou em pauta.
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