Grupo Velho Monge faz relatório sobre expedição no Rio Parnaíba

18/03/2017 10h35

Após participar da expedição náutica no Rio Parnaíba, realizada no dia 10 de dezembro 2016 entre Floriano e o povoado Manga-MA, na zona rural de Barão de Grajaú, o Grupo Velho Monge fez um relatório sobre a ocasião.

Segundo o documento divulgado na última sexta-feira (17), foram percorridos 29 km. Os participantes da expedição foram o professor Moisés Miranda, Erlon Barros, o Botânico Alisson Almeida, Márcia Sousa, Ezequias, e o idealista do projeto, Breno Alisson Ramalho. Exatamente nos primeiros instantes da expedição catalogamos diversas galerias de esgoto do lado piauiense, que despejam dejetos in natura diretamente no Rio Parnaíba, do lado maranhense existe dois canais de esgoto, que riachos intermitentes são usados como dreno. Presenciamos grandes extensões de APP desmatada, e margens cheias de lixo.


Durante a expedição vimos margens desbarrancando, o processo erosivo em um nível muito acelerado, margens servindo de pasto. Até eucaliptos são plantados nas margens do Parnaíba, árvores que não é nativa e causa graves danos ao ecossistema.

Essa é a atual situação do Rio Parnaíba, o maior rio genuinamente nordestino. No povoado Manga presenciamos muito lixo nas escadarias que descem para o rio, quando chove todo aquele lixo é carregado para dentro do leito do Parnaíba. Lugares onde antes tinham metros de profundidade hoje épossível passar a pé, em poucos anos drásticas mudanças ocorreram, e se providências urgentes não forem tomadas quanto ao Rio Parnaíba, as previsões não são nada animadoras.

Além de estar sendo cada vez mais água exigida do Rio Parnaíba por conta do aumento da população de ambos estados, toda essa água é devolvida ao rio sem nenhuma espécie de tratamento, tanto esgoto doméstico, como industrial e hospitalar. É um dos rios com grau de assoreamento mais agravados do Brasil. Além desses fatos, observamos que muitos afluentes que contribuíam com a vazão do Rio Parnaíba, estão completamente secos, exemplos de afluentes são os riacho dos Porcos, riacho Grande, Riacho do Muquém, do lado do Maranhão.


No Piauí tenho que citar sobre o rio Gurgueia, que apesar de não termos passado pela foz dele sabemos que um dos fatores que contribuíram para a redução significante da vazão do Parnaíba, foi a seca do rio Gurgueia. Além do severo período de estiagem que enfrentamos, as queimadas e o desmatamento causaram a morte desses afluentes. Floriano possui 66 km de margem do Rio Parnaíba, Barão de Grajaú 92 km de margem. Constatamos que o rio precisa de reflorestamento das margens, recuperação de nascentes de afluentes, e estações de tratamento de esgoto. Elaboraremos um projeto de recuperação das margens.

O intuito do grupo Velho Monge é recuperar as APPS do Rio Parnaíba tanto em Barão de Grajaú, como Floriano, depois será expandido para outros municípios e objetivos para com o rio. Mais a única coisa que realmente irá salvar nosso rio será a conscientização tanto da população como a das autoridades públicas, que unidos podem garantir a existência do Rio Parnaíba para as presentes e futuras gerações.