Mensagem ao povo de Deus da Diocese de Floriano fala sobre a vida de fé em tempo de pandemia

06/06/2020 07h38


Fonte Assessoria de Comunicação

Imagem: DivulgaçãoDom Edivalter Andrade(Imagem:Divulgação)Dom Edivalter Andrade, Bispo Diocesano.

“Santificai em vossos corações o Senhor Jesus Cristo, e estai sempre prontos a dar razão da vossa esperança a todo aquele que vo-la pedir”.
(1 Pd 3,15)

Com este trecho da Palavra de Deus, extraído da Primeira Carta do Apóstolo Pedro que nos é oferecida pelo Apóstolo Pedro e refletido recentemente na liturgia do Tempo Pascal, dirijo-me a todos e todas com esta mensagem sobre a nossa fé e nossa vida eclesial em tempo de pandemia. As palavras de esperança e de fé que foram endereçadas aos cristãos das primeiras comunidades, com suas vidas marcadas pelo sofrimento em seus diversos aspectos, são, agora, oportunas para o fortalecimento da nossa fé e para nos encorajar neste tempo de tantas incertezas e de profunda tristeza pelo sofrimento de tantos irmãos e irmãs brasileiros e de outras partes do mundo infectados nesta pandemia do novo Coronavírus.

Temos acompanhado todos os dias o noticiário sobre o drama de pessoas e famílias que se angustiam por não poderem se aproximar de seus doentes, por causa do alto risco de contaminação. Mais dramática ainda a situação daqueles que choram a perda dos seus entes queridos, os quais, em muitos lugares estão sendo sepultados “de maneira que fere a alma”.

Causa-nos indignação a falta de agilidade do governo brasileiro no combate à pandemia, como também a frieza da autoridade maior do país diante de um quadro estatístico que se agrava e que registra mais de 500 mil infectados e mais de 30 mil mortos, além de banalizar as instruções de distanciamento social, uso correto da máscara, contribuindo assim, para a elevação diária da curva de contágio. O drama do povo brasileiro é tratado como uma fatalidade quando, na verdade, muitas vidas podem ser poupadas. É sempre necessário que a vida esteja em primeiro lugar.

Há uma crescente controvérsia a respeito da eficácia das medidas de distanciamento social para a redução do número de infectados e mortos e a diminuição da sobrecarga dos hospitais. A falta de consenso entre as opiniões das autoridades responsáveis favorece um clima de confusão e o desacato às medidas mais sensatas. Por isso, parte significativa da população vai se cansando do isolamento social e se adaptando ao risco oferecido pela Covid-19, manifestando, claramente, o desejo de retomar o estilo de vida anterior.

Verifica-se, todavia, um compreensível fator de pressão, junto às autoridades civis e religiosas, por medidas de abrandamento do isolamento social . Contudo, os especialistas são, praticamente, unânimes no reconhecimento de que essas medidas são eficazes, sim, mas necessitam ser acompanhadas de testagem em massa ou rastreamento de infectados e, sobretudo, da adesão popular às medidas sanitárias.

Quanto à desejada flexibilização do isolamento, defendida pelo governo federal, parte dos governos estaduais e de cidadãos, os cientistas apontam que a adoção dessa medida deve acontecer somente após a superação do pico de casos e com todos os cuidados necessários para evitar novas ondas de contágio. Devemos acompanhar com atenção o debate e assumir nossa responsabilidade cidadã para o bem de cada um e de toda a coletividade.

Nessa linha da flexibilização do distanciamento social, têm ocorrido também iniciativas não só da parte do governo federal bem como de governos de alguns estados com decretos que inserem as atividades religiosas no grupo das atividades essenciais. Entretanto, nós devemos considerar a necessidade de cooperarmos, eficazmente, no sentido de se evitar a aglomeração que favorece o aumento do contágio. Nesse sentido, continuaremos atentos às orientações do Governo do Estado e dos governos municipais de nossa circunscrição diocesana no que se refere às medidas de combate à pandemia. Devemos acompanhar com atenção o debate e assumir nossa responsabilidade cristã e cidadã para o bem de cada um e da coletividade
É nesse contexto que somos chamados a nutrir nossa fé em Jesus Cristo para dar conta da nossa esperança a quem nos pedir. Devemos seguir em frente, com coragem, na convicção de que “nada nos poderá separar do amor de Deus, manifestado em Jesus Cristo, nosso Senhor” (cf Rm 8,39).

Exorto-vos, portanto, irmãs e irmãos, para que assumamos, juntos, como Igreja Diocesana de Floriano:

1. Que todos os membros desta parcela do Povo de Deus continuem invocando a Misericórdia do Senhor pelo fim da pandemia da COVID-19. A obrigatoriedade de estar em casa, assumindo um confinamento heroico pela saúde de todos, é também um bom momento para rezarmos com aqueles que conosco estão em família. Também precisamos considerar que, neste tempo de uma “inédita impossibilidade de celebrar em assembleia a Eucaristia – fonte e cume da vida cristã” (cf. SC 10), não estamos impedidos de entrar em comunhão com o Senhor e o seu mistério de Salvação. Nossa comunhão com o Senhor também se dá na escuta da Sua Palavra. O Senhor que prepara para o seu povo a mesa do Pão da Vida prepara também a Mesa da Palavra. “Cristo está presente na sua Palavra, sendo Ele que fala quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura” (SC 7). Além disso, Ele, assumindo a natureza humana, uniu a si toda a humanidade. Por isso, continuemos valorizando os encontros de família em torno da Palavra de Deus e da reza do terço. Vamos assumir esta prática, inclusive na preparação das festas de nossos padroeiros, em sintonia com as orientações dos respectivos párocos com seus Conselhos Pastorais.

2. Lembremos o que nos falou o Papa Francisco em 17 de abril, em sua missa diária na Casa de Santa Marta. O Papa afirmou que celebrar a missa sem a presença dos fiéis "é um perigo" e que a medida deve ser adotada neste momento apenas "para sair do túnel" da atual situação mundial. Disse o Papa: "É verdade que neste momento é preciso [celebrar assim] para sair do túnel, para não permanecer assim. Essa não é a Igreja, é uma Igreja em uma situação difícil". Segundo Francisco, realizar as missas "com os meios de comunicação", fazendo uma "comunhão espiritual", não pode ser considerada uma modalidade normal para viver a fé. "Estamos juntos, mas não estamos juntos. Só a comunidade é Igreja. A Igreja é com o povo, com os sacramentos. [...] A Igreja é familiaridade completa com os sacramentos e o povo fiel de Deus".

3. Continuemos pedindo a Deus que dê inteligência aos cientistas e sustente todos aqueles que estão a serviço dos necessitados: voluntários, enfermeiros, médicos, cuidadores de idosos e doentes e todos que estão com a responsabilidade de coordenar as ações de combate à pandemia. Nesta súplica, que deve ser diária, estejamos sempre unidos: bispos, padres, religiosos e religiosas de todas as ordens e congregações presentes na Diocese, seminaristas, cristãos leigos e leigas e todo povo. Com o Papa Francisco supliquemos todos juntos: “Detém ó Pai, com tua mão esta pandemia”.

Anexo a esta mensagem, encaminho a todos e todas um novo Decreto Diocesano para nos orientar no exercício da comunhão e da prática litúrgica e pastoral neste tempo de pandemia.
Que a Bem-Aventurada Virgem Maria, Mãe da Igreja, de quem a memória celebramos no primeiro dia deste mês e que bem conhece as necessidades do seu povo, esteja presente em nossas vidas neste tempo de pandemia e tudo providencie “para que, como em Caná da Galileia, possa voltar a alegria e a festa depois desta provação”.
“Com a ternura de Cristo”, o meu abraço a todos e a certeza da minha prece diária pela cura dos enfermos, pelo descanso eterno de nossos parentes e amigos falecidos em decorrência da pandemia e de outras enfermidades, e pelo conforto das famílias enlutadas.

Memória de São Carlos Lwanga e Companheiros Mártires

Dom Edivalter Andrade
Bispo Diocesano

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Tópicos: deus, social, nossa, povo, pandemia