24 de junho Dia de São João - Padroeiro da Maçonaria
24/06/2011 12h32Se formos buscar na história, encontraremos desde os tempos medievais o culto aos santos entre as corporações de ofício (Em relação às bandeiras dos ofícios, foi estabelecida para os ofícios de pedreiros, carpinteiros e marceneiros a proteção da irmandade de São José; para os ferreiros e serralheiros, latoeiros, funileiros, seleiros e outros, a irmandade de São Jorge; para os alfaiates, a irmandade do Senhor Bom Homem; para os ourives de ouro e prata, a irmandade de Santo Elói; para os sapateiros, a irmandade de São Crispim e São Crispiniano, aos mercadores (São Francisco de Assis; São Nicolau de Mira), aos militares (São Jorge e Santo Antonio).
Tal prática tinha como objetivo a obtenção de benesses por parte dos donos do poder, que na época eram tutelados pela igreja, para poderem obter os fundos necessários para a manutenção de suas obras assistenciais e ao socorro das viúvas e órfãos.
Como herdeira das tradições medievais, também a maçonaria passou a adotar um santo como seu padroeiro, daí a denominação de “Lojas de São João”, mesmo não tendo suas ligações com outras sociedades profanas. A escolha de “São João Batista” como padroeiro da Maçonaria não foi um ato de mero acaso.
Com o advento do Cristianismo os calendários foram sendo adaptados e a data de 24 de junho foi estabelecida para que se comemorasse o dia de São João Batista, bem como no dia 27 de dezembro se comemorasse o Dia de São João Evangelista, datas que coincidem com os Solstícios. Que vem a ser um Solstício? Os Solstícios determinam a passagem das duas grandes fases em que a natureza oferece para as grandes transformações, onde os contrastes mais notáveis e opostos ocorrem, onde todos os cultos e religiões sob várias formas e alegorias são cultuados.
Os Solstícios são pontos da Enclítica onde o Sol está em sua distancia máxima tanto no norte como no sul do equador de modo que ele dá a impressão de estar parado no Universo – os Solstícios produzem os dias e as noites mais longas do ano noites.
No Hemisfério Norte o Solstício de Verão ocorre quando o Sol está a 0º do signo de Câncer, o que acontece por volta do dia 21 de junho e o Solstício de inverno acontece quando o Sol está a 0º de Capricórnio. Já no hemisfério sul, o fenômeno é simétrico: o solstício de verão ocorre em dezembro e o solstício de inverno ocorre em junho.
Em várias culturas ancestrais à volta do globo, o solstício de inverno era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes hoje relacionados com o Natal da religião cristã. No solstício de inverno, onde acontece o menor dia do ano, a partir de quando a duração do dia começa a crescer, simbolizava o início da vitória da luz sobre a escuridão.
Festas pagãs das mitologias persas e hindus referenciavam as divindades de Mitra como um símbolo do "Sol Vencedor", marcada pelo solstício de inverno.
A cultura do império romano incorporou a comemoração dessa divindade através do Sol Invictus. Com o fortalecimento da religião cristã, a data em que se comemoravam as festas pagãs do "Sol Vencedor" passou referenciar o Natal, numa apropriação destinada a incorporar as festividades de inúmeras comunidades recém-convertidas
Como podemos ver, os Solstícios ocorrem mais ou menos quatro dias antes das datas consagradas pelos cristãos para os seus padroeiros, tal fato ocorre em virtude da precessão dos Equinócios – pontos da órbita onde os raios solares incidem perpendicularmente à linha do equador, resultando nessa ocasião serem o dia e a noite de extensão igual em todas as regiões da Terra. O Equinócio Vernal acontece quando o Sol entra no signo de Áries em 21 de março – dia em que as sociedades místicas comemoram a entrada do ano novo. O Equinócio Outonal ocorre quando o Sol entra no signo de Libra a 22 de setembro. Na cultura popular se diz que é a
ocasião em que o Sol em sua trajetória fulgurante corta o equador em sua marcha do Hemisfério Sul para o Norte instalando a Primavera e quando de seu regresso do norte para o sul no Outono.
No estudo do simbolismo estes dias solsticiais e equinociais, se revestem de grande importância pela tradição importada da antiguidade onde as lendas e mitos criados pelas religiões, pelas seitas e pela maçonaria fundamentam sua filosofia. A Escolha de São João Batista como um dos padroeiros da Ordem Maçônica prende-se ao fato de que o precursor do cristianismo em sua pregação no período neo-testamentario, firmemente reprovava os vícios, a promiscuidade e incentivava o arrependimento pelas faltas cometidas e exaltava a prática das virtudes, bem apropriados pela FILOSOFIA DA Ordem.
O outro São João, o Evangelista, teve seu nome ligado à Ordem em razão da admoestação de suas epístolas dedicadas à prática do amor fraternal e também pelas suas visões apocalípticas que revelaram ser ele um adepto perfeito. Os graus de São João foram consagrados aos três graus primitivos da Maçonaria Simbólica – Aprendiz, Companheiro e Mestre, onde toda a doutrina maçônica está fundamentada.
Como ambos os apóstolos, tanto o precursor como o discípulo amado pregavam a renúncia, o arrependimento e a prática das virtudes (Fé, Esperança e Caridade). Em certo sentido, a Ordem Maçônica representa nos dias atuais, o mesmo papel, fazendo com que nos lembremos do combate que os “Joãos” travaram contra os publicanos e fariseus em sua época, razão pela qual ambos foram martirizados pelos romanos.
O culto aos solstícios e equinócios, simbolicamente representam uma forma de renovação energética de nossa egrégora, nos possibilitando renovar nossos princípios, crenças e, sobretudo nossas forças para que consigamos combater os males que assolam o mundo atual representados pelos vícios capitais, pela insensatez, pela falta de amor próprio, pela incerteza e, sobretudo pela falta de tolerância para com o próximo.
Cultuar os “Joãos” nada mais é do que renovar todos os princípios filosóficos, morais, éticos e tradicionais de nossa Ordem, tal qual fizeram os Irmãos da Ordem Templária que penetraram os labirintos sagrados vencendo as adversidades para buscarem a “palavra perdida” que os levaria à descoberta da verdade e que não foi encontrada pela falta de propósito e em parte pela ambição de alguns deles...
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