Anvisa autoriza venda de remédio à base de maconha no Brasil
04/12/2019 07h38Fonte Uol
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Os diretores da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vetaram nesta terça (03), o plantio de maconha no Brasil para uso exclusivamente medicinal. A regulamentação do tema, que entra em vigor 90 dias após publicação no Diário Oficial da União, autorizou o registro e fabricação de remédios à base da erva no país e sua venda nas farmácias.
"Voto pela não aprovação e pelo arquivamento da proposta que dispõe dos requisitos técnicos para o cultivo da planta cannabis exclusivamente para fins medicinais e científicos", afirmou o relator e diretor Antônio Barra Torres —indicado ao posto pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Seu voto foi acompanhado pela diretora Alessandra Bastos e pelo diretor Fernando Mendes Garcia Neto. William Dib, diretor-presidente do órgão, concluiu: "Por maioria, votamos pelo arquivamento do item 241", sobre o plantio.
Quais foram os argumentos?
Em seu relatório, Torres citou o posicionamento contrário de alguns ministérios do governo ao plantio. Uma dessas análises desaconselha o cultivo em razão da extensão territorial brasileira, que facilitaria o desvio para fins criminais. Ele diz que, para o Ministério da Educação, o assunto se mistura à busca "apaixonada" de usuários pela legalização da "droga".
"O Congresso Nacional não tem posicionamento quanto ao tema", afirmou Torres. Segundo ele, o Ministério da Economia não realizou "estudo ou grupo de trabalho sobre a atividade econômica" envolvendo o cultivo da planta.
Ele afirmou ainda que em uma reunião anterior da Anvisa foi decidido que a atribuição para decidir sobre o assunto era exclusiva do Ministério da Saúde. "Para a Anvisa decidir sozinha, deveria haver uma determinação ministerial."
Antes do voto, Torres citou diversas atribuições da Anvisa para dizer que "na citada lei não consta autorização [da Anvisa] para regular cultivo de plantas sujeito a controle especial".
O relator disse ainda que a Anvisa não poderia regular uma atividade econômica "inexistente no país".
Remédio será vendido em farmácia
Mais cedo, os diretores aprovaram o registro e a produção em solo nacional de remédios à base de cannabis. Com a decisão, os produtos feitos com a planta precisam passar pela vigilância sanitária e poderão ser vendidos em farmácias, desde que não sejam de manipulação.
O uso do remédio, no entanto, será autorizado especialmente a quem sofre com graves enfermidades, como epilepsia grave e tumores.
Em remédios com concentrações de THC —a parte alucinógena da erva— menores de 0,2%, o medicamento deverá ser prescrito com numeração fornecida pela vigilância sanitária e exige renovação da receita em até 60 dias. Acima desse percentual, "o receituário será do tipo A, semelhante ao da morfina", diz nota da Anvisa.
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