Ataque é inédito durante campanhas presidenciais desde a redemocratização

07/09/2018 07h30


Fonte Correio Braziliense

Imagem: Correio BrazilienseClique para ampliarAtaque é inédito durante campanhas presidenciais desde a redemocratização.(Imagem:Correio Braziliense)

A facada desferida ao candidato do PSL ao Planalto, Jair Bolsonaro, entra na história como o primeiro caso de ataque a presidenciável durante campanha eleitoral. Segundo o historiador Antônio Barbosa, especialista em História Contemporânea da Universidade de Brasília (UnB), o último episódio de violência que comprometeu a integridade física de um pleiteador foi em 1954. À época, o jornalista Carlos Lacerda, voz mais ativa da oposição a Getúlio Vargas, sofreu uma tentativa de homicídio na rua da casa onde morava, em Copacabana, no Rio de Janeiro.

Em 5 de agosto, na Rua Tonelero, o escritor estava acompanhado do major da aeronáutica, Rubens Vaz, que fazia parte do grupo de seguranças voluntários que protegiam o político. O major morreu, e Lacerda recebeu um tiro de raspão no pé. Após investigação, a polícia prendeu os suspeitos, que confessaram que o ataque foi a pedido de Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal de Vargas. A pressão foi tão grande que, no dia 24 do mesmo mês, o presidente se matou.

“O que ocorreu hoje é muito ruim para a democracia sob todos os aspectos. A agressão atinge fisicamente o Bolsonaro, mas também fere as instituições democráticas do Estado brasileiro”,
lamenta o historiador. Para Barbosa, no entanto, ainda é cedo para saber como o fato vai repercutir até o pleito, marcado para 7 de outubro. “Isso de alguma forma reflete aquele clima de polarização ideológica violenta de nós contra eles, que teve origem a partir de 2014”, complementa.

Segundo o historiador, outro caso de ataque no meio político ocorreu ainda na Primeira República, no século XIX, com o primeiro presidente civil, Prudente de Morais. Ele também foi vítima de uma tentativa de assassinato no porto da capital fluminense, que, à época, era a capital do país. Ele estava recepcionando os documentos que atestavam o combate à revolta de Canudos, no interior da Bahia. Ele só não morreu, porque o ministro da Guerra da época se interpôs em frente ao presidente.

Facada durante comício

Bolsonaro recebeu uma facada na tarde desta quinta-feira (6/9) enquanto saia às ruas de Juiz de Fora, em Minas Gerais, ao lado de militantes. Ele foi atingido na região abdominal, com lesão no fígado e precisou passar por uma cirurgia. A situação do candidato, segundo o filho Flávio Bolsonaro, ele perdeu muito sangue quando chegou ao hospital da Santa Casa. O estado dele, até a última atualização desta reportagem, era estável.


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Tópicos: presidente, ataque, facada