Boletim do Comitê do Nordeste afirma do risco de efeito bumerangue nos estados
18/09/2020 18h36Fonte G1
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O Comitê Científico de Combate ao Coronavírus do Nordeste afirmou que, mesmo com a redução de casos e mortes por Covid-19 em todos os estados da região, o risco de efeito bumerangue ainda não está descartado. A informação foi divulgada no Boletim 11, disponibilizado nesta sexta-feira (18), que tem como temas a voltas às aulas, vacinas e situação da pandemia em cada estado.Com base em dados recentes, o Comitê constatou que a pandemia atingiu o pico em todos os estados do Nordeste. Embora seja um dado favorável por apontar decréscimo de infestação pelo coronavírus, o grupo afirma que há o perigo de governantes e, principalmente, da população considerarem que o risco epidêmico está sob controle e que já podem retornar às atividades como aulas, comércio e eventos, que possam resultar em aglomerações.
“A redução do número de contaminados e, principalmente, de óbitos provavelmente seja consequência do que a classe médica e hospitais tenham aprendido com o avanço da pandemia em termos de medidas preventivas, tratamentos hospitalares e disponibilidade de leitos em UTIs”, avaliam os membros do Comitê.
Os cientistas alertam para o risco do uso indevido da informação de redução de casos de infectados e mortes por parte de políticos, que querem se eleger ou se reeleger como vereadores ou prefeitos, desprezando as recomendações científicas e da Organização Mundial de Saúde (OMS).
De acordo com o grupo, a redução do número de infectados pode ser, também, porque grande parte da população assintomática tenha contraído a Covid-19 sem ter percebido. Teoricamente, seria uma quase imunidade coletiva.
O Comitê informou que estima-se que apenas 20% das pessoas infectadas precisam de tratamento médico diferenciado, ou seja, aproximadamente 80% das pessoas não apresentam sintomas e sequer sabem que foram contaminadas.
O Rio Grande do Norte é o único estado do nordeste que apresenta decréscimo do risco epidêmico R(t). Algumas cidades de Alagoas, Pernambuco e Sergipe já apresentam níveis de risco epidêmico de moderado a alto, mas isso não é garantia de que não possam retornar a valores altos.
Atualmente, só Sergipe apresentou um R(t)=1,0 em uma de suas médias calculadas por diferentes metodologias.
O Comitê Científico informou que, em função da possibilidade de uma segunda onda de infecções, as autoridades devem ter muita responsabilidade no afrouxamento de medidas de isolamento, insistir na obrigatoriedade do uso de máscaras e evitar quaisquer situações de aglomerações de pessoas.
Como medida de segurança, a recomendação do Comitê é que seja considerado o maior R(t) calculado, em todas as situações.
Quanto ao número de leitos em UTIs para tratamento de Covid-19, que no início da pandemia era insuficiente, resultando em maior número de óbitos, segundo o Comitê, agora é subutilizado em todos os estados, mesmo com a desativação de vários hospitais emergenciais.