Brasileiro gasta mais dinheiro com perfume do que com educação, aponta IBGE

22/07/2010 08h57

Da redação do FlorianoNews redacao@florianonews.com


A última Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) divulgada pelo IBGE, referente aos anos de 2008 e 2009, revelou os gastos dos brasileiros no dia-a-dia. Entre os resultados, um dado em especial chamou a atenção. De acordo com o estudo, os brasileiros gastam apenas 3% do seu orçamento com a educação.

Para educadores, há uma espécie de deslumbramento pelo consumo, se observarmos os gastos com perfumes e calçados, por exemplo. Ou seja, famílias que não investiam em educação, realmente por falta de recurso para tal, a partir do momento em que tiveram uma certa ascenção de renda, passaram a ser consumidores e não investidores no futuro da família.

Esses gastos  são os mostrados na pesquisa que comparam a parcela do orçamento da família brasileira com itens considerados supérfluos e com os investimentos em educação. O valor gasto com cursos superiores representam 0,8%, o mesmo valor dispendido com calçados. A despesa com perfumes chega a 1,8%, o dobro do que é gasto com mensalidades nos níveis médio e fundamental.

Da pesquisa anterior para esta, houve uma queda nos gastos educacionais. A POF 2002/2003 revelou que os brasileiros gastavam 4,1% do orçamento familiar com o setor em questão. Para o gerente da pesquisa, Edilson Nascimento Silva, embora tenha havido uma queda significativa, o valor não pode ser considerado baixo e lembra que a renda familiar tem total influência nos dados publicados.

"Se analisarmos e compararmos com a pesquisa anterior, veremos que houve uma queda. Mas eu não diria que o valor é pequeno. Há uma influência muito grande em função da classe de renda. As famílias com menos renda, normalmente são usuárias do serviço público. Então, quando calculamos a média nacional, o peso da educação cai, já que só nas classes mais altas, é que começa a aparecer uma relativa participação de gastos com a educação. Nas classes de renda mais
baixas, até dois salários mínimos, o grupo educação pesou 0,9% na estrutura de gasto. Mas quando chegamos à renda superior à R$6 mil, o peso já sofre um crescimento, passa de 3 a 4%. As classes de renda mais baixas têm também o crédito educativo, as vagas gratuitas, o acesso é diferente".

Quanto a uma inversão de prioridades, o fato de se gastar mais com itens supérfulos, o gerente do IBGE, afirma que esta é uma tendência dos brasileiros e acrescenta que o aumento de vagas no ensino público pode influenciar nos números da pesquisa.

"Esta é mesmo uma tendência do brasileiro. Eu não falaria em prioridades e nem em itens supérfluos. A educação oferece serviço gratuito e isso tem muita influência nesses resultados. Sabemos ainda que, nos últimos anos, em função até de preço das instituições privadas, houve uma demanda maior na linha do serviço público, das escolas municipais e estaduais, por exemplo. A classe média tem buscado muito o serviço gratuito", revela.



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